sábado, novembro 25, 2023

25 de Novembro: o corte com os excessos da esquerda e da direita (que acabou por ditar também o regresso a "velhos hábitos"...)


Só as pessoas que não têm conhecimento da nossa história recente (ou que têm outros interesses, mais obscuros, como parece ser o caso do "alcaide" de Lisboa), é que podem querer comparar o 25 de Abril de 1974 com o 25 de Novembro de 1975.

O 25 de Abril é único. É o dia da revolução que devolveu a liberdade ao povo português, após quase 48 anos de ditadura. O 25 de Novembro é um movimento militar que procurou redireccionar o rumo da revolução, acabando com os excessos da extrema-esquerda (começaram a confundir liberdade com libertinagem) e da extrema direita (tentava dividir o país em dois, com acções violentas, especialmente na Região Norte).

O 25 de Novembro nunca foi festejado porque as pessoas que comandaram este movimento tinham consciência que a única vitória que conseguiram foi travar os excessos que se faziam sentir de Norte a Sul, ao mesmo tempo que colocaram o país de novo no rumo da democracia. Foi por que Vasco Lourenço,  Ramalho Eanes ou Melo Antunes, quiseram a ser apenas "Capitães de Abril" e nunca "Capitães de Novembro".

Infelizmente este novo caminho acabou também por ser aproveitado pelos meios mais conservadores (com a complacência do PS e do PSD...), com as grandes empresas e a banca a voltar, a pouco e pouco, para o controle das mesmas famílias que dominavam o país no Estado Novo, sem que Portugal obtivesse qualquer benefício com esta mudança. Sim, estas "famílias monopolistas", nunca se preocuparam com o crescimento e a modernização do país. A sua grande preocupação foi sempre o aumento do seu património e das suas contas bancárias...

São eles os principais responsáveis - a par dos muitos políticos medíocres do bloco central -, da nossa continuidade na cauda da Europa.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


12 comentários:

  1. Numa velha entrevista, Luiz Pacheco dá José Saramago como o único vencedor do 25 de Novembro.

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    1. É uma frase demasiado simplista, Sammy.

      Até porque o desemprego quase nunca é uma coisa boa...

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    2. Principalmente com as pachecais entrevistas há que conceder uma certa margem de segurança para chegarmos ao que ele pretende dizer. Neste caso do José Saramago não é a questão do desemprego que importa analisar mas um conjunto de golpes de sorte que permitiram ao José Saramago, despedido que foi do «Diário de Notícais» e face ao que nesse tempo lhe passou a acontecer, ter decidido zarpar para uma vivência no Alentejo com o intuito de escrever um livro que acabaria por se chamar «Levantado do Chão» Saramago terá pensado que o Partido lhe arranjaria um espaço em «O Diário» que ia passar a ser publicado.
      Saramago escreve bem o que pensa, mas sempre gostou de pensar pela sua cabeça e isso é algo que na Soeiro Pereira Gomes não é muito apreciado.
      Tal como ele leu no 1º poema «Até ao Sabugo» dos «Poemas Possíveis», naquela tarde de Novembro de 1966, quando pela vez primeira, na Livraria Portugal que já não existe, olhou o nome de José Saramago:
      «Aqui direi que busco a só maneira
      De todo me encontrar numa certeza,
      Leve nisso ou não leve a vida inteira.

      Assim como quem rói as unhas rentes.»


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    3. Não penso que sejam "golpes de sorte". Foram sim, tempos muito bem aproveitados por José Saramago, que decidiu tentar ser escritor, por ter demasiado tempo para ele. E ainda bem que o fez.

      Claro que o facto de ser demasiado livre, nunca foi um bom cartão de visita na Soeiro Pereira Gomes, Sammy. Nada que o levasse a mudar de rumo, e ainda bem.

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  2. A pergunta é: - o que podemos fazer para mudar o rumo das coisas?

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  3. marsupilami26/11/23, 10:35

    Exactissimamente! Os dois melhores comentários que li sobre este tema foram este texto e um do Francisco Seixas da Costa.

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    1. É a leitura de um historiador de esquerda, Marsupilami, sem extremos.

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  4. Subscrevo!
    Ver um alucinado rasgar o cartaz de Abel Manta do 25 de Abril nessa pseudo comemoração foi muito doloroso mas também elucidativo.

    Abraço

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    1. O que me faz mais confusão é alguma esquerda não aceitar os extremos que tomavam conta do país, Rosa.

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  5. Não há confusão possível entre o 25 de abril e o 25 de novembro. Pelo menos para mim...
    Tudo de bom, meu Amigo Luís.
    Uma boa semana.
    Um abraço.

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    1. Para mim também não, Graça. :)

      (este é um dos "recuperados"...)

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