terça-feira, fevereiro 23, 2016

«Então, sempre podemos fugir a fingir só por uma manhã?»


Ela fingia-se distraída, como medo de aceitar desafios que a deixavam a caminho da loucura.

Ele insistia: «Então, sempre podemos fugir a fingir só por uma manhã?»

Sem esperar por resposta continuou: «Até podes levar uma mala e fingir que o mundo abriu todas as portas para nós e que convidou o vento a dar-nos um empurrão dos bons. Queres?»

Ela sorriu. E voltou a sorrir. Ele não se fez desentendido.

«Eu sei, um sorriso como resposta é quase um não.»

Ela continuou a sorrir perigosamente e ele sem dar parte fraca disse-lhe:

«Está bem, ganhaste, vou sozinho. Mas vou fingir o tempo todo que estás no lado do pendura. Só preciso de gravar o teu sorriso, para me fazer companhia, enquanto finjo que vou fugir deste mundo cabrão...»

(Fotografia de Antanas Sutkus)

6 comentários:

  1. A foto é impressionante!
    Sabendo que a cabeça é a parte mais pesada do corpo, aliada ao tronco nessa posição, a senhora estatelar-se-ia de imediato lá em baixo.

    Vou fingir que se trata de uma janela de um rés-do chão...:)

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    1. Depende. Pode (e deve) estar segura por alguém, Janita. :)

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  2. A foto é espectacular. Seria um bocadinho melhor se não fosse visível o pé de quem está a segurar a senhora.
    Um abraço

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    1. Mas o "pé" é o cinto de segurança, Elvira. :)

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  3. Tudo, tudo espectacular!

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