terça-feira, abril 08, 2014

As Palavras da Alexandra Sobre este Lugar chamado Portugal


A jornalista e escritora Alexandra Lucas Coelho recebeu nesta segunda-feira o prémio APE pelo romance, E a Noite Roda. O discurso que fez, para o qual olha, olhos nos olhos, para o actual poder político, merece ser lido, pois retrata muito bem este país e estes governantes miseráveis.

[...]
«Estou a voltar a Portugal 40 anos depois do 25 de Abril, do fim da guerra infame, do ridículo império. Já é mau um governo achar que o país é seu, quanto mais que os países dos outros são seus. Todos os impérios são ridículos na medida em que a ilusão de dominar outro é sempre ridícula, antes de se tornar progressivamente criminosa.
Entre as razões porque quis morar no Brasil houve isso: querer experimentar a herança do colonialismo português depois de ter passado tantos anos a cobrir as heranças do colonialismo dos outros, otomanos, ingleses, franceses, espanhóis ou russos.
E volto para morar no Alentejo, com a alegria de daqui a nada serem os 40 anos da mais bela revolução do meu século XX, e do Alentejo ter sido uma espécie de terra em transe dessa revolução, impossível como todas.
Este prémio é tradicionalmente entregue pelo Presidente da República, cargo agora ocupado por um político, Cavaco Silva, que há 30 anos representa tudo o que associo mais ao salazarismo do que ao 25 de Abril, a começar por essa vil tristeza dos obedientes que dentro de si recalcam um império perdido.
E fogem ao cara-cara, mantêm-se pela calada. Nada estranho, pois, que este presidente se faça representar na entrega de um prémio literário. Este mundo não é do seu reino. Estamos no mesmo país, mas o meu país não é o seu país. No país que tenho na cabeça não se anda com a cabeça entre as orelhas, “e cá vamos indo, se deus quiser”.»
 [...]

Vale a pena ler o discurso integral da Alexandra.

4 comentários:

  1. Esteve nas notícias do Google, mas rapidamente foi retirado...

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  2. Dá a ideia pelo resumo do discurso aqui colocado que a senhora escritora jornalista dá mostras de irritação pelo facto do Presidente da República não estar presente no acto da entrega do prémio.
    Depois, faz alusões e dá interpretações estapafurdias relativamente ao império português, mas provavelmente gosta de Camões e Pessoa. É chique para uma intelectual.
    A seguir, no imaginário dela o 25 de Abril não é nada do que aconteceu depois...depois como é uma romancista talvez desejasse um Portugal mais romântico.
    Ataca o actual governo culpando-o de todos os males, mas esquece toda a classe política anterior que desgovernou o país com os sucessivos governos. Vê-se que não leu Eça de Queirós sobre os políticos cá da paróquia.
    Com aquela carinha de jovem vê-se que ao associar Cavaco Silva ao salazarismo, não viveu a época do Estado Novo. De facto, Cavaco Silva é do reino da Constituição democrática que todos juram defender e que saiu do seu 25 de Abril.
    Realmente este não é o país da jornalista. Talvez estejamos na iminência de mais uma emigrante. Sugiro a Venezuela ou Cuba.

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  3. mas está aqui e pode ser lido, Graça.

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  4. o seu comentário além de ofensivo e de mau gosto, Carlos.

    eu sei que "vivemos" em países diferentes, mas não lhe invejo a sorte de morrer de amores pelo Cavaco e pela sua gente.

    é a gente do BPN, onde o tal senhor que diz que está para nascer alguém tão honesto como ele, também se safou bem...

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