A jornalista e escritora Alexandra Lucas Coelho recebeu nesta segunda-feira o prémio APE pelo romance, E a Noite Roda. O discurso que fez, para o qual olha, olhos nos olhos, para o actual poder político, merece ser lido, pois retrata muito bem este país e estes governantes miseráveis.
[...]
«Estou
a voltar a Portugal 40 anos depois do 25 de Abril, do fim da guerra infame, do
ridículo império. Já é mau um governo achar que o país é seu, quanto mais que
os países dos outros são seus. Todos os impérios são ridículos na medida em que
a ilusão de dominar outro é sempre ridícula, antes de se tornar
progressivamente criminosa.
Entre as razões porque quis morar no
Brasil houve isso: querer experimentar a herança do colonialismo português
depois de ter passado tantos anos a cobrir as heranças do colonialismo dos
outros, otomanos, ingleses, franceses, espanhóis ou russos.
E volto para morar no Alentejo, com a
alegria de daqui a nada serem os 40 anos da mais bela revolução do meu século
XX, e do Alentejo ter sido uma espécie de terra em transe dessa revolução,
impossível como todas.
Este prémio é tradicionalmente entregue
pelo Presidente da República, cargo agora ocupado por um político, Cavaco
Silva, que há 30 anos representa tudo o que associo mais ao salazarismo do que
ao 25 de Abril, a começar por essa vil tristeza dos obedientes que dentro de si
recalcam um império perdido.
E fogem ao cara-cara, mantêm-se pela
calada. Nada estranho, pois, que este presidente se faça representar na entrega
de um prémio literário. Este mundo não é do seu reino. Estamos no mesmo país,
mas o meu país não é o seu país. No país que tenho na cabeça não se anda com a
cabeça entre as orelhas, “e cá vamos indo, se deus quiser”.»
[...]
Vale
a pena ler o discurso integral da Alexandra.
Esteve nas notícias do Google, mas rapidamente foi retirado...
ResponderEliminarDá a ideia pelo resumo do discurso aqui colocado que a senhora escritora jornalista dá mostras de irritação pelo facto do Presidente da República não estar presente no acto da entrega do prémio.
ResponderEliminarDepois, faz alusões e dá interpretações estapafurdias relativamente ao império português, mas provavelmente gosta de Camões e Pessoa. É chique para uma intelectual.
A seguir, no imaginário dela o 25 de Abril não é nada do que aconteceu depois...depois como é uma romancista talvez desejasse um Portugal mais romântico.
Ataca o actual governo culpando-o de todos os males, mas esquece toda a classe política anterior que desgovernou o país com os sucessivos governos. Vê-se que não leu Eça de Queirós sobre os políticos cá da paróquia.
Com aquela carinha de jovem vê-se que ao associar Cavaco Silva ao salazarismo, não viveu a época do Estado Novo. De facto, Cavaco Silva é do reino da Constituição democrática que todos juram defender e que saiu do seu 25 de Abril.
Realmente este não é o país da jornalista. Talvez estejamos na iminência de mais uma emigrante. Sugiro a Venezuela ou Cuba.
mas está aqui e pode ser lido, Graça.
ResponderEliminaro seu comentário além de ofensivo e de mau gosto, Carlos.
ResponderEliminareu sei que "vivemos" em países diferentes, mas não lhe invejo a sorte de morrer de amores pelo Cavaco e pela sua gente.
é a gente do BPN, onde o tal senhor que diz que está para nascer alguém tão honesto como ele, também se safou bem...