terça-feira, julho 24, 2012

Brincar com Coisas Sérias


Há pelo menos uma dúzia de anos que os nossos governantes e os responsáveis pela protecção civil andam a brincar com coisas sérias, fingindo ignorar os prejuízos causados pelos incêndios de Verão, ano após ano.

Como de costume o que se passou na Serra do Caldeirão não terá grandes consequências, talvez role uma ou outra cabeça, na "farsa" a que já estamos habituados, para que tudo fique na mesma. Mas é triste que para alguns "teóricos" as reuniões estratégicas sejam mais importantes que o combate aos incêndios no terreno, mesmo quando estão casas e populações em risco. 

Quando fui para o Sul, para fugir aos "chupistas" da Via do Infante, percorri uma estrada secundária, passando por Loulé e São Brás de Alportel, tendo ao meu lado esquerdo tudo o que agora ardeu. Imagino como tudo ficou, em vez do verde, surge agora um cinzento, quase mortifero, que arrepia qualquer pessoa normal.

Quando vim para cima, também fugi das estradas taxadas e aproveitei para visitar as Minas de S. Domingos, entre outras terras perdidas no interior alentejano.

Achei estranho, que até nestas regiões, pobres em água, proliferassem tantos eucaliptos.

Mesmo que a indústria da celulose seja muito poderosa e chefiada por alguns barões do poder, é tempo de dizer basta, apesar da sua vontade de continuar a rearborizar o país com estas árvores, boas para secar tudo à sua volta e lhes encher os bolsos.

Para quando a tal reordenação do território, prometida, ano após ano, que aposta na diversidade e na riqueza ambiental?

O óleo é de Rob Evans.


2 comentários:

  1. O desleixo, a incúria, o crime, o desordenamento do território, as condições climatéricas, a descoordenação de comando no topo com reuniões de bombeiros que estavam a fazer falta no terreno, como se ouviu na televisão, tudo somado pintou uma vez mais o nosso país de negro!
    Se mal estávamos pior ficámos, com gente sem casa, sem árvores, sem gado, sem sustento, sem nada!
    Uma enorme dor, Luís!:-((

    Abraço

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  2. como é possível deixarmos que aconteça a mesma coisa, todos os anos, Rosa?

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