Se há algo que une António Lobo Antunes a José Saramago, é a forma livre com que sempre escreveram e falaram.
Claro que o estatuto de "prima donas" da nossa literatura acabou por reforçar esta coragem de chamar as coisas pelos verdadeiros nomes.
Saramago deve ter sido o único militante comunista que se desviou (ainda que ligeiramente...) das premissas do seu partido, sem sofrer qualquer tipo de represália ou censura.
Lobo Antunes mesmo sem ligações partidárias, também nunca se refugiou no "politicamente correcto", inclusive em relação ao Prémio Nobel. Na sua última crónica da "Visão" não se coibiu de atirar algumas "directas" ao seu "patrão", para quem os livros são apenas um negócio e não uma paixão:
[...]«A maior parte dos editores ou são ignorantes ou são vigaristas, oferecendo ao público pacotilha impressa: um bom editor, tal como um bom leitor, é mais raro que um bom livro.» [...]
O mais curioso é que depois desta crónica, surgiram uns rumores que uns "militares", indignados com as palavras publicadas no livro de João Céu e Silva, "Uma Longa Conversa com António Lobo Antunes", no ano passado, lhe queriam chegar a "roupa ao pelo". Isto é o que se chama sentido de oportunidade.
Pior que isso foram as insinuações de que Lobo Antunes faltou a uma sessão literária em Tomar, com medo das agressões.
Não. Lobo Antunes não é homem para isso, da mesma forma que Saramago também nunca fugia ao confronto de ideias.
Não foi por acaso que Lobo Antunes escreveu um livro com o título, "O Meu Nome é Legião".
ALA é único e maravilhoso.
ResponderEliminaré, sem qualquer dúvida, único, Vera.
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