segunda-feira, janeiro 12, 2009

Um Jornalismo de Escolhas e não de Causas...

Cheguei agora a casa e liguei a televisão. A SIC está a transmitir o "Fátima", com uma mesa de convidados, que de uma forma geral criticam a justiça, a lei, os magistrados, pela posição tomada em relação aos últimos acontecimentos do caso "Esmeralda" (que afinal parece que já não se chama Ana Filipa), porque, tal como a apresentadora do programa, sempre tomaram o partido da família afectiva e não do pai biológico, desde o inicio do processo.

Este é apenas mais um exemplo de como se faz jornalismo em Portugal, nos nossos dias. Em vez de se analisarem os dados existentes, opta-se por dar a voz às pessoas, envolvidas emocionalmente, sem o distanciamento que se deve exigir nestes casos.
Em nome da verdade, tenho de dar alguma razão às muitas críticas que Pacheco Pereira faz ao jornalismo, que em vez de informar, lança (cada vezes mais) nas televisões, nos jornais e nas rádios, autênticas manobras de "intoxicação noticiosa".
Foi assim com os pedófilos da Casa Pia, tem sido com o caso desta menina, sem falar nos muitos jogos de poder, de políticos, de empresários e de economistas, que tentam dar a imagem que a justiça não funciona, ou funciona mal, especialmente quando lhes bate à porta...
Provavelmente, as coisas irão piorar ainda mais, porque o descaramento não tem limites.
Tenho pena que em vez de ouvirmos apenas notícias na televisão e na rádio, continuemos a receber em casa notícias acompanhadas de opinião, sempre de uma forma pouco inocente, viradas para o espectáculo.
Pobre país este, que se vai deixando manipular da forma mais vil e desonesta, por interesses que escapam quase sempre ao cidadão comum, que se deixa influenciar e fica preso a todas estas "telenovelas"...
a foto é de Raymond Depardon.

17 comentários:

  1. verdadeiras telenovelas que nos impedem de procurar o lugar certo de um possível posicionamento.

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  2. Tenho estado a pensar neste caso desde o fim de semana e, já depois de ter escrito sobre o assunto, verifico que tenho andado realmente a ser manipulada por uma das partes, neste chamado caso Esmeralda.
    Deu-me um vaipe e apaguei o post.
    Logo veremos o que escreverei sobre isso.
    Foi bom ler-te aqui, Luís.
    Abriu-me um bocadinho a cabeça...

    Abraço

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  3. olha luís, eu já nem me atrevo a comentar nada sobre jornalismo televisivo... ou é tudo igual ao mesmo tempo em todo o lado ou as divergências caiem nestes escândalos sem solução que se vão arrastando com incontidos gastos em tribunais na nossa (in)justiça...
    e tenho uma filha licendiada em ciêcnias da comunicação... nem qujer exercer!!!
    beijinhos

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  4. Ainda não tinha reparado nisso, Luís?
    Pois, a realidade é feita pela comunicação social.

    Um abraço

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. o "Fátima", as coisas que tu vês, minha Nª Sra. de Fátima!!

    :)Hoje estou assim...

    Beijos, Luís M.

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  7. Acho realmente que o jornalismo televisivo induz à opinião, pelo menos é o que observo por aqui, por isso mantemos o hábito da leitura diária do jornalismo escrito. Mas... infelizmente isso sai caro na maioria dos bolsos das famílias brasileiras. Enfim...

    Beijinhos

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  8. é verdade Luís.

    A programação televisiva, desde os programas do género até às notícias, é feita de forma a apelar ao emocional, e converte-se em visão unilateral "arrastando" isentando a opinião da ponderação lógica e do bom senso, comum à exaltação própria das emotividades sem racionalização. Mas é objectiva... é o que capta mais audiências.
    E atenção: nem me refiro a este caso particular. É genérico.

    bjs Luís

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  9. Este jornalismo precisava de levar uma volta! Quando se privilegia o espectáculo esquece-se o principal objectivo, que é informar. É a sociedade de consumo na versão "informação"...
    Bjs

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  10. é verdade Helena, nó nos confundem...

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  11. todos andamos, Ana.

    é cada vez mais dificil conseguir analisar as questões sem influências...

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  12. há situações que até arrepiam, Gaivota.

    claro que isto já não é jornalismo, é outra coisa qualquer...

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  13. claro que já tinha reparado, Carlos.

    mas a lata é cada vez maior, já é quase um bidon...

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  14. eu gosto de ver tudo, para puder construir a minha opinião, M. Maria Maio...

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  15. o problema é que a opinião é sempre tendenciosa, Cris.

    um dos aspectos mais negativos são as entrevistas de rua, em que apenas editam as que lhes convêm, nem que seja para colocar as pessoas em ridiculo, chamando-lhe estúpidas...

    então por alturas do 25 de Abril, é um ver se te avias...

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  16. sim, Maré.

    penso que as pessoas que apresentam estes programas representam tanto as emoções, que já nada as deve emocionar...

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  17. é isso mesmo, Paula.

    e como é costume, sacodem o capote, a dizer que é disto que o povo gosta, com as suas próprias sondagens, tendenciosas...

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