segunda-feira, janeiro 05, 2009

Porque não a Cultura Para Todos?

De um forma quase espontânea, numa discussão sobre a Cultura, o Povo e as Elites, coloquei em cima da mesa a seguinte questão:

«Se toda a gente pode jogar futebol, em qualquer lugar, pelo prazer do jogo, porque razão as pessoas não podem também pintar e escrever, também pelo prazer que se pode desfrutar, com a pintura e com a literatura?»
A primeira resposta foi o silêncio... depois lá me disseram que as Artes não eram um simples jogo da bola...
E vocês, têm opinião sobre o assunto ou preferem ficar em silêncio?
O Pastel é de Rik Wouters.

12 comentários:

  1. Mas quem disse que não há cultura para todos?!

    Na minha opinião existe, um bom jogo de xinquilho é do mais cultural que existe, e se eu quiser todas as tardes de domingo posso ver um grupo que se junta para o jogar num lugar perto de mim...

    Ou o conceito de Cultura é só um?!, esse sim elitista...


    Beijos, Luís M.

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  2. Claro que podem se conseguirem ultrapassar essa das "elites".

    Se uma pessoa tiver prazer em escrever, pintar, tocar, escrever música, fazer teatro, etc., etc. deve fazê-lo sem preconceitos. A meu ver deve fazê-lo apenas com empenhamento e com vontade de mudar, isto é, de progredir e pelo processo em si, não pelos resultados. Aliás os resultados, se alguém quiser fazer comparações só o deve fazer consigo próprio.

    Se não fosse assim Luís eu não escreveria nem, sobretudo, desenharia ou pintaria; é que, no campo do desenho e da pintura, em sou uma autodidacta, uma principiante, o que não quer dizer que não seja uma apaixonada compulsiva e que não tente dar o meu melhor para obter uma satisfação pessoal.

    Gostei deste bocadinho.

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  3. Acabo de chegar de um acto de cultura. Enorme. A solidariedade com o povo massacrado da faixa de Gaza.
    Não éramos muitos, mas éramos os suficientes para fazer uma enorme "xinfrineira"...

    Beijinho, Luís

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  4. Fico furioso quando alguns letrados acham que, cultura é só a livresca, debitando conceitos e citando pensamentos dos Baudrillard, de Edgar Morin ou dos clássicos, incluindo o Sócrates - não o português.

    Porque é que uma cozinheira ou outro alguém que sabe fazer uma estupenda Açorda de Marisco, não está a fazer cultura?

    Nunca tivemos uma avózinha que sabe contar mil e uma histórias da Aldeia onde nasceu e sempre viveu? Também não está a transmitir conhecimentos?

    Evidentemente que, não é o pensamento "elevado". Isso, lá está, julgo que é só para as élites se masturbarem com os amigos do café.

    Quanto à pintura à escrita. Qualquer um o pode fazer, mas atenção, há uma diferença entre o habilidoso e o génio.

    Cristiano Ronaldo é um génio
    Salvador Dali é um génio.

    Um abraço

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  5. Se colocassem ao dispor das pessoas os meios necessários para outras práticas desportivas/culturais como fazem com o futebol também surgiriam casos sérios de aptidão para essas áreas.

    Abraço

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  6. claro que não há cultura para todos. sabes tão bem como eu, M. Maria Maio.

    não queria ir tão longe e dizer que tudo é cultura.

    estava apenas a referir-me aquilo que de facto se entende como produção cultural, e que ainda tem tantas barreiras erguidas...

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  7. é isso mesmo, Helena.

    a melhor coisa é nem sequer se preocupar com as élites e fazer as coisas, apenas pelo prazer que retira em escrever, pintar ou tocar...

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  8. é um acto sobretudo de solidariedade, Maria.

    um grito contra todas as guerras.

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  9. tocas em tantos "instrumentos", Carlos.

    não pretendia ir tão longe. mas claro que tudo isso é cultura. e tão importantes que são as histórias contadas pelos nossos avós, para a nossa cultura...

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  10. sem dúvida, Rosa.

    mas eu nem pretendia falar dos meios, apenas me queria singir à normalidade que é dar um chutos na bola e o desdém com que são olhadas pessoas que gostam de escrever, pintar ou tocar, por não serem umas predestinadas...

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  11. e cá estou eu de volta, a colocar uma seringadela.

    claro que não há cultura para todos.
    e isso poderia ser analisado sobre váias vertentes.


    mas, segundo determinados conceitos/preconceitos de cultura
    faz-se a amputação de muita gente capaz.
    e há tantos que foram ostracizados, só sendo reconhecidos muito depois de já não existirem.
    .
    Numa outra vertente

    também é um facto Luís,
    que quando se está preocupado em matar a fome, se diga: _ "que é isso da cultura?".
    e aí o conceito de MASLOW, faz todo o sentido.


    e tenho medo que caminhemos para lá, para a prioridade de matar a fome, não deixando qualquer outra ânsia.

    um beijo

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  12. sim, Maré, pode ser observado sobre várias vertentes.

    e também é uma verdade, que a cultura não enche barriga, mas pode dar felicidade a muita gente...

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