sexta-feira, agosto 10, 2007

Miguel Torga (I)

A "Visão" e o "Jornal de Letras", resolveram homenagear um dos grandes nomes da literatuta portuguesa, com a edição de um pequeno livro com o título, "MIguel Torga, Cântico do Homem".
Quem gosta deste poeta e prosador genial, não deve perder esta pequena homenagem...
Eu gosto. Gosto de tudo o que ele escreveu. Da sua poesia, tão forte; da sua ficção, tão natural; e claro, dos seus diários, tão intimistas e certeiros.
Por hoje, retiro apenas uma passagem curta do seu "Diário, XI", que expressa bem a seu amor pela liberdade e pela democracia:
«S. Martinho de Anta, 21 de Agosto de 1968 - Não, nunca poderia pertencer a nenhum partido. Se eu hoje me visse na situação de ter de aplaudir a invasão da Checoslováquia, preferia morrer. Assim, ao menos, posso continuar a viver no mundo, livremente indignado.»

10 comentários:

  1. Sabes, Luis, em 21 de Agosto de 1968 eu também subscreveria o que disse o Torga.
    Hoje é fácil não ter partido, mas muito difícil não Tomar Partido.
    E eu tomo partido na vida, como já percebeste...

    Beijinhos

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  2. Eu sou fã incondicional de Miguel Torga. Do escritor e do homem. Gosto de tudo o que ele escreveu. Tenho todos os livros dele. Gostava de ter a coragem de ser como ele, na coerência e na verticalidade, mesmo que dissessem, como dizem dele, que tinha mau feitio... Um abraço, Luis.

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  3. hoje não passo em silêncio, hoje foi Torga que aqui vi partilhado e não podia ficar indiferente

    não tenho tudo quanto Miguel Torga escreveu, tenho alguma, mas tenho uma admiração incondicional por Miguel Torga
    vai comemorar-se dia 12 de Agosto os 100 anos do seu nascimento (amanhã).

    Torga para mim que só o conheci através do que escreveu, foi de uma sensibilidade inigualável e a sua poesia tão robusta quanto ele aparentava ser

    deixou-nos uma magnifica obra

    partilho para o lembrar:


    A um Secreto Leitor
    (Coimbra, 21 de Fevereiro de 1951)

    No silêncio da noite é que eu te falo
    Como através dum ralo
    De confissão.
    Auscultadores impessoais e atentos,
    Os teus ouvidos são
    Ermos abertos para os meus tormentos.

    Sem saber o teu nome e sem te ver
    - Juiz que ninguém pode corromper -,
    Murmuro-te os meus versos, os pecados,
    Penitente e seguro
    De que serás um búzio do futuro,
    Se os poemas me forem perdoados.

    Miguel Torga

    obrigada pelo momento, pela partilha, obrigada por o lembrares

    um abraço


    lena

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  4. Um escritor de referência sem dúvida.

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  5. Acho muito bem que tomes partido, Maria.

    O problema dos portugueses é o deixa andar... Só reclamam quando os problemas lhe batem à porta.

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  6. Concordo contigo, Graça.

    Era uma pessoa difícil, mas estremamente integra e honesta.

    E como homem de letras está num patamar superior a muitos "Nóbeles", inclusive o nosso...

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  7. Quem bom não ficares em silêncio, Lena...

    Adorei o poema...

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  8. Sem dúvida, Maria.

    Beijinhos

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  9. "livremente indignado"... resume a condição de quem não se subordina a partidos e a religiões... "livremente indignado" porque é impossível ser-se "levemente " indignado...

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