terça-feira, fevereiro 27, 2007

A Cartilha de Salazar



Numa altura em que anda por aí tanta gente apostada em transformar um assassino (sim, o mandante de qualquer assassínio também é autor material do crime) numa pessoa de bem, acho por bem transcrever apenas uma pergunta e uma resposta da "Cartilha da União Nacional", cuja 2ª edição de 1935, encontrei num alfarrabista.

É, sem qualquer dúvida uma obra muito educativa e explica logo na primeira página, que foi aprovada pelo Doutor Oliveira Salazar.

Como devem calcular, trata-se de um ataque à democracia...

«Que relação existe entre essa liberdade abstracta da Democracia e a igualdade e fraternidade da sua divisa?

Praticamente a maior contradição, porque, como já atrás mostrámos, o desencadear das ambições individuais, determina o esmagamento do fraco pelo forte e a luta de todos contra todos.

Há, porventura, igualdade e fraternidade num regime que se apoia numa associação secreta, a Maçonaria, que, sob o seu aspecto mais inocente, o da beneficência e auxilio mútuo, vive exclusivamente para privilegiar, muitas vezes contra o direito, a moral e a justiça, uma ínfima minoria, à custa do restante da Nação?
Há porventura, liberdade quando, em caso de eleições, um partido manda os seus sequazes agredir a tiro, â bomba e à cacetada os seus adversários, destruir as urnas e praticar todos os desmandos para vencer, como sucedia em Portugal antes do 28 de Maio?
Certamente que não.»

Foi com tratados destes, publicados para educar as massas ignorantes, que Portugal esteve 48 anos subjugado a um regime, do qual só encontro razões para me envergonhar.

6 comentários:

  1. Meu caro amigo:
    A cada ditador a sua cartilha...
    Tenho cá em casa o livrinho vermelho do camarada Mao, que também é muito instrutivo...
    Isto foi uma provocação...
    Abraço

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  2. Ai, que até me deu volta ao estômago...

    Mas é verdade, este livro (e outros parecidos) existem mesmo. Não são ficção.

    O que me preocupa, a sério, é se daqui a 10 ou 15 anos o branqueamento do fascismo já tenha sido total...

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  3. Tens toda a razão Sininho.

    Ditador que se preze, tem a sua cartilha...

    Temos o hábito de falar do Alberto João, mas o nosso país está cheio de "ditadorzinhos" com o seu estilo, onde se percebe que estão há tempo demais no poleiro.

    Em Almada tenho um bom exemplo do que acabo de dizer. 30 anos de poder da CDU tornaram todas estas coisas, piores que na "Terra do Nunca".

    O mais grave é continuarem a fingirem-se democratas, até fazem fóruns de participação, onde fazem de conta que dão a voz ao povo, para depois decidirem conforme as suas próprias conveniências.

    É por isso que é tudo muito giro, mas...

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  4. Estes livros são um bom exemplo para que alguns "historiadores-falseadores" tentam descobrir qualidades num homem que só fez mal ao país e aos portugueses.

    Esse branqueamento nunca vai acontecer, porque vão aparecer estudos em que Salazar será desmascarado, não só como um mau primeiro ministro, mas também como assassino e falsário.

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  5. Não percebo este país, Luís.

    Agora há um estudioso qualquer qualquer que diz que somos muito nacionalistas e valorizamos a nossa história.

    Não vejo em quê.

    Lastimo aqueles que se orgulham de Salazar, e se esquecem de todas as suas vitimas.

    Isso só diz que somos um país de fraca memória, apesar de vários estudos de origem duvidosa, tentarem dizer o contrário.

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  6. Curiosamente ou talvez não, coloquei no "post" de hoje, algo parecido com o teu comentário.
    Porque somos um povo especial, Alice.

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