Como de costume acordei cedo.
Pensei em várias coisas, não muito alegres, que não são para escrever hoje.
Lembrei-me do meu querido Pai. Por um pequeno pormenor.
Nunca me falou da prisão do pai, no começo da Guerra Civil de Espanha. Eu também nunca lhe fiz qualquer pergunta sobre esse tempos difíceis, que se agudizaram com a Segunda Guerra Mundial.
Ele tinha dois, três anos, quando o meu avô foi preso. Tinha cinco, quando começou a Guerra provocada por Hitler.
Do que me falou bastantes vezes, foi da fome que passou, na infância passada na Beira Baixa...
Parece que não é uma história de Abril, mas acaba por ser, porque Abril é também memória.
E é essa memória que nos faz lutar contra um passado, que parece longínquo, onde reinava a repressão e a exploração, onde se tentava roubar a dignidade às pessoas...
(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)
Felizmente os meus pais, filhos de lavradores, não passaram por isso, mas comeram o pão que o diabo amassou a trabalharem sem direito a horas extraordinárias, para educarem as duas filhas e livrá-las de patrões exploradores.
ResponderEliminarAbraços mil
Abraços Mil, Rosa de Abril.
EliminarO pai foi educado no Reformatório de São Fiel, em plena Serra da Gardunha. Ali aprendeu tudo, mesmo o que não lhe ensinaram. Imensas histórias para contar. Apenas divulgou algumas. Outras, a maior parte, entendeu que deviam ficar com ele. Nunca se lhe perguntou o porquê. O resto foi uma vida terrivelmente difícil, que apenas teve outro rumo na madrugada, em que emergimos do silêncio e do desprezo.
ResponderEliminarAs vidas não foram iguais, nem todos fingiram que "não se passava nada" à sua volta, Sammy.
EliminarPor isso é que o 25 de Abril é único, para quem já amava a liberdade a 24 de Abril.
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ResponderEliminar...pois era pouco abrilesco!
EliminarEra pouco abrilesco, provocador e insultuoso.
EliminarEste Largo é público, mas tem regras de decência.
Ao contrário do que muito boa gente pensa, Liberdade não é dizermos o que nos dá na "real gana", provocando e insultando os outros, apenas porque sim.
O meu pai esteve na Guiné em inícios de 70. Apesar da violência que teve de enfrentar, voltou bem fisicamente (uma sorte) e guardou sempre um grande equilíbrio emocional (chapeau !). Reli recentemente o Hemingway "Por quem os sinos dobram" - é um grande livro e a (antiga) tradução dos Livros do Brasil é muito boa. Vou repassar pelo Malraux "L'espoir".
ResponderEliminarNós safámo-nos da guerra, o que mais espero é que os nossos filhos e netos não venham a ter de passar pelo mesmo que os nossos pais e avôs.
Esperemos que sim, Marsupilami.
EliminarSó por isso o 25 de Abril foi extraordinário, mas felizmente deu-nos muitas mais coisas boas.