Estava a ver o programa biográfico "O Portugal de...", com a actriz Joana Barrios, e, quando ela falou que passa o tempo a "contornar o não", levou-me de viagem pelo tempo, fez com que recordasse as muitas coisas que fiz por teimosia, apenas por receberem com primeira reacção, o tal "não". Mesmo que raramente nos seja dita essa palavra, nua e crua. Sim, rapidamente percebemos que a palavra "não" tem milhentos significados...
Almada teve durante muitos anos um vereador da Cultura que ficou conhecido como o "nim", porque embora não usasse a palavra "não", raramente se comprometia com o que quer que fosse. Parece que ainda o estou a ouvir dizer, "vamos ver", ou "isso é muito interessante", que qualquer bom conhecedor da personagem, percebia que o "não" estava praticamente garantido...
É também por estas coisas que gostei muito de ser activista cultural, de ter contribuído para a realização de centenas de iniciativas, por ser um "artista" na arte de "contornar o não" (pois é, a teimosia nem sempre é defeito...).
Hoje essa "pessoa" já não existe. Às vezes tenho saudades dela, outras nem por isso. Sei que se "ela" tivesse recebido ontem, como resposta a um e-mail, menos de um décimo do apoio necessário para um actividade importante que pretendo realizar em 2025, não diria o que eu disse, não responderia: "grato pelo apoio".
É nestas pequenas coisas que descobrimos que a idade nos torna mais flexíveis, menos radicais...
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
Nunca andei por esses meandros culturais, andei pelos políticos de forma muito empenhada.
ResponderEliminarHoje pasmo com essa actividade que me levava para reuniões até às tantas, discussões nos órgãos do Poder Local de que fiz parte, crónicas escritas em jornais locais, etc.
A idade, além do que dizes, tirou-me o entusiasmo e as ilusões.
Abraço
Pois, essa é a outra parte da questão, Rosa.
EliminarCada vez se fazem menos coisas por paixão e teimosia.
A pergunta sacramental está cada vez mais presente: "O que é que eu ganho com isso?"