Estávamos à distância da largura da rua, demasiado movimentada, para se passar para o outro lado, sem esperar pela mudança do sinal.
Ligaste-me a dizer que precisavas de falar comigo e enquanto íamos conversando vi que uma mesa do café tinha ficado vaga e coloquei as minhas coisas numa das cadeiras, a marcar lugar. Quando olhei para fora, já não estavas. Ainda estávamos a falar como os maluquinhos que andam por aí, quando peguei nas minhas coisas e vim até à rua e não havia qualquer sinal de ti.
Não podias estar longe. Devias ter contornado a esquina mais próxima e ficaste longe da vista. Entretanto um de nós desligara o telemóvel (devo ter sido eu, que com a minha surdez natural, ouvia mais os ruídos urbanos que a tua voz...).
Atravessei a rua mas acabei por seguir na direcção contrária, ou seja, em vez de me aproximar, estava a afastar-me de ti. Foi quando o telemóvel voltou a tocar. Disseste que estavas sentada na esplanada rente à igreja, à minha espera.
Foi quando percebi o que tinha acontecido. E sim, tinhas razão, era um lugar mais sossegado para se conversar. Além de haver sempre mesas à espera de pessoas, os clientes habituais era gente que bem sequer conhecíamos de vista...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
Sem comentários:
Enviar um comentário