terça-feira, outubro 04, 2022

Os Poemas e o Livro ("Versos") de Amália Rodrigues...


A curiosidade fez com que lesse há poucos dias o livro de poesia de Amália Rodrigues, "Versos", organizado por Vitor Pavão dos Santos.

Além de não gostar da forma como a edição deste livro está organizada (penso que é a primeira, de 1997, da "Cotovia"...), com os poemas cortados, ou seja a continuarem para a página seguinte, apenas porque sim (cabiam numa simples folha...), também não achei boa ideia editar poemas tão desiguais, porque o bom e o mau fazem sempre um péssimo "casamento"...

Há poemas realmente bonitos, que deram belos fados, cantados por Amália e também por outras e outros fadistas. É impossível não gostar de "Lágrima, "Ó Gente da Minha Terra", "Estranha forma de Vida" ou "Gostava de ser Quem Era". É por isso que não percebo que estejam misturados com estes poemas, alguns versos muito fraquinhos.

Continuo a pensar que o segredo de qualquer livro, é o seu equilíbrio. Sei que é difícil manter sempre um ritmo alto, mas não se deve "descer demasiado", como acontece neste caso. 

Acredito que Amália foi completamente alheia à forma como esta obra foi organizada...

(Fotografia de Luís Eme - Alcochete)


2 comentários:

  1. Tem os livros como um enorme vício.
    Se gosta de os ler também gosta do modo como são feitos, paginados, editados. Gosta de livros bem escritos mas também gosta que os livros sejam bonitos, agradáveis à vista. Gosta de capas.
    Chegado aqui lembra-se de um pormenor que leu no magnífico «Para Quê Tudo Isto?», biografia de Manuel António Pina escrita por Álvaro Magalhães:
    «Era um poeta de produção escassa, contava os poemas para saber se chegavam para compor uma lombada de livro que se visse. Também se preocupava com aspetos invulgares, entrando em guerra com as páginas, as pares e as ímpares: «Fiz poemas de propósito para estarem em determinado sítio dos meus livros. Por exemplo, quando um poema é um bocadinho longo, e ocupa mais do que uma página par (plano da esquerda) e acabe numa página ímpar (plano da direita). Há uma respiração que é preciso ter em conta.»
    Não quer ir-se embora sem que diga que gosta muito de Amália Rodrigues. Há uns dias acabou de ler um livro notável, «Amália Nas Suas Palavras», uma enorme conversa, algures em 1973, da artista com o escritor Manuel da Fonseca.

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    1. Ainda não comecei a ler a biografia do poeta Pina, Sammy (ando com as estrevistas do O'Neill).

      Mas louvo o seu cuidado com os seus livros, a procura do lugar certo.

      Amália era uma grande Senhora.

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