quinta-feira, junho 09, 2022

"Um Artista da Fome" (e outros circos, aliás, contos...)


A minha filha leu os "Contos" de Franz Kafka, selecionados por Jorge Luis Borges, para a escola. E eu resolvi aproveitar a "boleia" para ler também, antes dela entregar o livro na biblioteca.

Embora ainda esteja no início desta obra não posso deixar de salientar o conto, "Um Artista da Fome", que embora hoje possa parecer inverosímil (um homem fechado dentro de uma jaula, vigiado 24 horas por dia, para manter o seu jejum, até à hora fatal...), fazia parte  das  diversões presentes nas feiras, onde também se mostravam o "homem-elefante" a "mulher-barbuda", o "homem com seis dedos", entre outras excentricidades que quase chegaram aos nossos dias. Ainda vi o homem mais alto do mundo (as pessoas da minha geração devem recordar-se do gigante moçambicano que mais de dois metros e meio...) ou um pequeno anão, que parecia um bebé e que diziam ser o homem mais pequeno do mundo.

Outro aspecto curioso, foi o "Artista da Fome" (depois de deixar de "ser moda" e morrer quase anonimamente, misturado com as jaulas dos animais...) ter sido substituído na jaula por uma pantera jovem, em que agora o "espectáculo" humano era vê-la comer, principescamente. A natureza humana tem destas coisas, que parecem ser bem captadas nestes contos de Kafka, que rondam o fantástico... ou não fosse essa a sua "imagem de marca" enquanto ficcionista.

(Fotografia de Luís Eme - Óbidos)


6 comentários:

  1. KAFKA é fantástico!

    "O PROCESSO" foi dos melhores livros que li até hoje.
    (mas atenção escritor muito difícil)

    ResponderEliminar
  2. Tive na Faculdade uma professora fantástica chamada Teresa Seruya que me introduziu de forma incrível ao Kafka. Daqui lhe presto a minha homenagem e o meu agradecimento.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Há sempre professores (poucos), que permanecem inesquecíveis, Maria.

      Eliminar