segunda-feira, outubro 04, 2021

"Crónica de uma Morte Encenada"


«Resolvi perceber até que ponto o quase milhar de amigos virtuais, se preocupava comigo. Foi por isso que fiz uma daquelas brincadeiras "macabras", que alguns famosos também fazem, em busca da atenção perdida. Escrevi um último texto, de despedida, com estas palavras: 

"Foi muito bom estar na vossa companhia. Ajudaram-me a que estes últimos tempos fossem menos dolorosos. Infelizmente, amanhã já cá não devo estar. Grato pela campanhia peço-vos que aceitem o conselho do grande Raúl Solnado e façam o favor de ser felizes".

Durante três dias fiz-me de morto, embora continuasse com o telemóvel ligado e com o e-mail activo. Curiosamente, ou talvez não, ninguém me ligou ou enviou qualquer e-mail. Limitaram-se a encher o meu facebook de mensagens de adeus, que foram partilhadas pelo mundo fora (provavelmente chegaram à China). Ou seja, a minha "morte encenada" foi praticamente uma festa. Nem sentiram curiosidade em saber se este "adeus", era mesmo um adeus. Ou o porquê... se foi doença ou uma daquelas complexas vontade de partir.» 

Nota: este texto é uma ficção pura e dura, baseado apenas em conversas com alguns amigos "facebokianos", que não só acharam graça à "partida", como alimentaram esta minha ideia, com coisas ainda mais mirabolantes, que as que escrevi.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


4 comentários:

  1. Um teste muito interessante.
    Abraço, saúde e boa semana

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    1. Nunca foi tão fácil fazer "o pino", Elvira. :)

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  2. Nunca tanta gente teve tantos amigos...

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