quarta-feira, outubro 13, 2021

A "Legenda" sem Música (de ontem)


De vez em quanto escrevo coisas quase incompreensíveis, porque eu próprio não sei bem o que dizer sobre alguns acontecimentos, que ajudam a "perder a fé" na espécie humana. Espera, "perder a esperança", talvez faça mais sentido.

O filho de um amigo meu toca num banda e convidou-me (com bastante insistência) para estar presente no primeiro concerto a sério pós pandemia. A sua música até é do meu agrado, anda pelo jazz e pelo blues, sem fugir da zona do rock.

Só não estava à espera que fosse "impossível" entrar. Nem mesmo pela famosa "porta do cavalo" (havia uma fila enorme também para a porta mais pequena, para os amigos e familiares...).

O que me espantou mais foi a loucura daquela gente. Gritavam, barafustavam, saltavam para cima uns dos outros, apontavam o dedo, ameaçavam, etc. Afastei-me um bocado e fingi perceber o porquê daquela algazarra, com noventa e nove por cento daquela gente sem máscara. Até fui capaz de pensar que qualquer vírus, com dois dedos de testa, fugia dali a sete pés (pois é, só que a covid 19 é outra coisa, mais fina do que parece e nem sequer tem testa...).

E foi por isso que ontem até inventei uma saída airosa, de um filme, onde nem sequer entrei. Mas, sim, vim com o Pedro para baixo e dissemos aquelas coisas e outras muito piores.

Ficámos com a sensação de que as discotecas e bares com música ao vivo não vão estar abertos muito tempo, e não é por falta de álcool (há sempre reservas e mais reservas de bebidas que queimam quase todas as "células do bom senso"...). Aliás, basta ver e ouvir as notícias, com violência diária dentro das noites lisboetas e portistas, e até mortes...

Polícias? Vi dois. Mas estavam ainda mais afastados que eu. Não deviam gostar de ouvir gritos (quem é que gosta?).

São coisas que sempre existiram? Então fechamos os olhos e a vida continua. As morgues e as urgências dos hospitais também servem para estes "vírus"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


10 comentários:

  1. Bom dia
    Pois é amigo
    Que Deus não te oiça.

    JR

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    1. As pessoas ficaram mais parvas com a pandemia, Joaquim.

      Não deve ter sido da vacina, porque os "negacionistas" são os "bateram" com a cabeça no chão de forma mais gravosa...

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    1. Acho que não consegui traduzir bem o que vi, Rosa.

      Foi pior...

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  3. Eu sofro de agorafobia, nunca me meteria nesses assados!

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    1. Também não me apanham nestas "caldeiradas", Tintinaite.:)

      Estive sempre apenas como observador. E por pouco tempo.

      Mas foi bom ver a "loucura" juvenil (embora alguns já tivessem mais de trinta anos...) das noites lisboetas.

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  4. Espero não perder a esperança na raça humana!
    Sonho com um mundo melhor.
    Em relação aos polícias, penso que gostam mais das tarefas de operações de stop e marcar multas!

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    1. Eu já nem sei se tenho esperança em nós, Micaela...

      Claro que também sonho, mas não vejo vontade de mudar. O clima é um bom exemplo, ninguém quer perder mordomias, em nome do bem estar de todos.

      Em relação aos polícias, dois não podiam fazer nada, eram "engolidos" pela multidão...

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  5. Com as autoridades policiais (e não só) passou-se do oito para o oitenta.

    Caro Luís devo dizer-te que o texto exprime muitíssimo bem o que sentiste pois eu consegui ver tudo o que escreveste.

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    1. Andamos todos chateados, Severino.

      Talvez os polícias, os enfermeiros e os médicos ainda tenham mais razão para isso...

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