Não era uma coisa fora do comum ver pessoas de esquerda a votarem em candidatos mais conservadores, e vice-versa, ver pessoas conservadoras a votarem em partidos de esquerda. A familiaridade e a obra visível conseguiam suplantar a "partidarite". Posso dar como exemplo a cidade onde vivo, Almada, onde o PS ganhava todas as eleições menos as autárquicas, que eram conquistadas pela CDU (foi assim durante mais de quarenta anos...).
A limitação de mandatos, apesar de trazer mais aspectos positivos que negativos à política (a manutenção no poder por largos anos de um partido e de um governante só cria coisas nefastas à sua volta...), acabou por ser subvertida. Como acontece quase sempre, os políticos e os partidos, conseguem condicionar todas as mudanças, em nome do poder. Ou seja, a limitação de mandatos fez com que muitos autarcas em vez de irem descansar para casa, continuassem candidatos, mas agora noutras localidades...
Em muitos casos o resultado acabou por ser desastroso, com gente a candidatar-se a terras que só conheciam de nome e a sofrer derrotas humilhantes...
O povo pode ser "parvo e estúpido" (aos olhos dos políticos), mas gosta pouco destas "espertezas saloias", em que o poder parece ser a única coisa importante. Não é por acaso que a abstenção tem crescido de uma forma significativa nos últimos doze anos...
E se as mentalidades dos políticos não mudarem, em nome da "familiaridade perdida", é muito provável que continue a crescer e que os movimentos de cidadãos também continuem a aumentar a tomar conta de muitas autarquias, de Norte a Sul.
(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)
É bem verdade. Há quatro anos saíram autarcas da câmara do Barreiro, por terem cumprido todos os mandatos passíveis para Vila Franca de Xira.
ResponderEliminarAbraço e saúde
É assim, Elvira.
EliminarPenso que perdem mais do que ganham... mas...