domingo, julho 07, 2019

Não "Chega de Saudade"...


Eu sei que bastaria o seu primeiro álbum, "Chega de Saudade", lançado em Março de 1959, apresentado pelos historiadores como a invenção da Bossa Nova (invenção essa partilhada com Vinicius de Moraes e Tom Jobim), para transformar João Gilberto numa das principais figuras da música brasileira.

Mesmo que Gilberto - ao contrário de Jobim -, tenha tentado "fugir" da bossa nova, fingindo não estar dentro daquele período musical verdadeiramente revolucionário, refugiando-se apenas no samba (cabia lá tudo)...

Mas João Gilberto foi bem mais longe, inventou muito mais ritmos e melodias, com o seu violão. E até se aproximou do jazz, na companhia do saxofonista, Stan Getz (estou a ouvi-los enquanto escrevo, e mesmo sem ser um entendido, digo que está ali jazz com os ritmos mais suaves do samba, com uma beleza única...).

João Gilberto, que nos deixou ontem, não só tentou, como conseguiu, ser apenas ele próprio,  ao mesmo tempo se tornava o "mestre" daqueles que se tornariam os seus grandes seguidores e que acabariam por fazer a transição entre a  "bossa nova" e a "música popular brasileira", Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e muitos outros.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

2 comentários:

  1. Sammy, o paquete07/07/19, 19:39

    Chega de viver, terá dito, inúmeras vezes, João Gilberto face à doença que o vinha fragilizando bem como o saber da luta miserável que os familiares têm desenvolvido por causa da herança. Vista de muito longe, coisa bem complicada e suja.
    Fico sempre desarmado cada vez que desaparece alguém que ajudou os meus dias serem diferentes.
    E fico sem palavras quando fico a saber o que esse traste Bolsonaro disse aos jornalistas sobre a morte de João Gilberto: «era uma pessoa conhecida. Nossos sentimentos à família, tá ok?»
    Um dia triste, muito triste mesmo.
    Mas fica a música!

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    1. Não quis falar desses aspectos mais negativos, Sammy.

      Até porque a música dele é mesmo do melhor.

      Tanto dele (a fobia social), como dos familiares (a ganância do costume). E muitos menos do traste que "bolsa" por tudo o que é sítio...

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