domingo, novembro 26, 2017

"A vida como ela é..."

Nelson Rodrigues, um dos grandes cronistas da língua portuguesa foi o autor de uma das crónicas que tiveram mais êxito no Brasil, "A vida como ela é...", em que embora ficcionasse a vida, tudo acabava por bater certo, tal era a forma surpreendente e inexplicável com que algumas pessoas viviam os seus dias...

Mas não é do Nelson que quero falar hoje,  mas sim da vida de todos nós, da forma como facilmente criticamos os outros, muitas vezes sem sequer os tentarmos perceber, outras, deixando alguma inveja a "flutuar"... Tudo isto porque cada vez  se conhecem mais casos de pessoas (já com idade suficiente para saberem o que é melhor para elas) que embora gostem de alguém e assumam a relação amorosa, cada uma continua a viver na sua casa. Ou seja, não querem perder o seu espaço, a sua liberdade. Por muito que me chamem egoísta, individualista, eu acho que isso não faz mal nenhum ao amor, nem ao facto de gostarmos de alguém. 

Só consegui que percebessem o meu ponto de vista, quando dei um exemplo quase antagónico, falando das pessoas que deixam de gostar, e por "dependência" (não ter onde ficar, ou estarem mesmo dependentes economicamente do outro...), são obrigadas a viver no mesmo tecto com alguém que já não suportam...

(Fotografia de Luís Eme)

4 comentários:

  1. É verdade. Tenho um caso bem próximo de uma pessoa que teve de suportar um marido execrável porque o que ganhava não lhe dava para viver e pagar os estudos da filha. Assim que ela se formou e se empregou, a mãe pediu o divórcio.
    Não acho que viver separados, faça algum mal ao amor, ou os casais sejam menos felizes. Tudo depende do amor, da seriedade com que cada um encara a relação e claro da fidelidade.
    Um abraço e bom domingo.
    Um abraço e

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    1. A moeda tem dois lados e a vida tem muitos mais, Elvira...

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  2. Luís, não querer perder o seu espaço, percebo; já a liberdade, não é por aí, creio.
    Do que tenho ouvido de pessoas que vivem nesse quadro de casas separadas, tem muito que ver com as rotinas. O entendimento de que as rotinas, a vidinha, tem mais pernas para estragar a relação.
    Na verdade, é na vidinha que as pessoas se conhecem e testam.

    Também, nas relações deste tipo o companheirismo diário é pouco importante, contando mais o ter alguém que possa ajudar, o ter alguém para sair (o social), o ter alguém com quem dormir que já se conhece e não é preciso andar à procura.

    Não acho nada estranho este figurino, como não acho nada estranho o de viverem na mesma casa.
    Normalmente o viver em casas separadas sucede após experiência "debaixo do mesmo tecto".

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    1. Mas eu quando falo em liberdade, é nessas rotinas (não de fazer o que nos apetece...), de termos o nosso espaço, o nosso tempo...

      E sim, isso acontece porque as pessoas querem salvaguardar a relação, pelos menos quando comparada com a vida comum anterior que correu mal.

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