segunda-feira, setembro 22, 2014

Um Mundo de Cedências...


Tenho evitado falar aqui de futebol, mas hoje Fernando Cabrita deixou-nos, um antigo avançado centro algarvio, internacional, que mais tarde foi também treinador de futebol, com algum sucesso (ainda que tenha sido durante muitos anos adjunto no Benfica).

O seu momento de ouro coincidiu com a época em que o conheci, a sua passagem como seleccionador nacional (era ele que dava a cara, embora fizesse parte de uma equipa técnica com José Augusto, Tony e António Morais), da "equipa de todos nós" que brilhou no Europeu de 1984, que se realizou em França, atingindo as meias finais.
Esta participação tinha tudo para correr mal, porque a rivalidade entre o Benfica e Porto foi levada ao extremo (ao ponto dos então adjuntos destes clubes - Tony e Morais - terem sido incluídos na equipa técnica).
A bonomia e a honestidade de Fernando Cabrita, a par da classe dos jogadores, claro (estavam lá alguns dos futuros campeões europeus do FC Porto, um super Chalana - que seria contratado pelo Bordéus - e um Jordão e Nené, a despedirem-se da melhor forma da selecção...), foram decisivas para este êxito.
Penso que ele não foi mais longe no futebol por ser boa pessoa (aconteceu o mesmo a outros como o Tony, o Damas, o Manuel Fernandes, etc), por não terem feitio para andar sistematicamente com as mãos sujas e a olharem para o outro lado da bola.

Infelizmente o mundo transformou-se de tal forma, que só se consegue chegar ao topo de uma empresa, de um país, entrando em jogos obscuros, fazendo as tais cedências (o caso mais extraordinário nestes "jogos" foi Portugal conseguir ter um Presidente da União Europeia...) a um conjunto de pessoas que alimentam o "sistema"...

Voltando ao Fernando Cabrita, recordo sobretudo o seu sorriso fraterno, e a forma aberta como se relacionava com os jovens, como foi o meu caso. Para ele o futebol não tinha segredos. E ainda bem.

4 comentários:

  1. há pessoas que passam em nossas vidas e que deixam marcas.

    que descanse em paz.

    :(

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  2. meu sogo era amigo do pai dele, me marido conheceu bem embora nunca tivesse privado com ele. Havia uma boa diferença de idades. Mas foi com tristeza que soube da morte dele. Eu não conheci, a não ser das fotos dos jornais.
    Paz à sua alma.
    Um abraço

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  3. era um bom homem e um grande desportista, Elvira.

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