sexta-feira, abril 04, 2014

«Somos sempre escravos de qualquer coisa.»


Provavelmente todos nos devíamos incomodar com o tempo que perdemos agarrados ao computador ou ao tablet, embora seja difícil resistir a todas estas "lapas" que se agarram às nossas fragilidades.

Como passo algumas horas durante o dia em frente a esta maquineta, tento estar mais disponível à noite para a família (embora falhe muitas vezes, ontem por exemplo não joguei às cartas com a minha filha...).

Embora a família nem sempre esteja disponível para mim. Também é mais fácil para eles andar a "vagabundear" pelo faicebuque ou a jogar, que conversar...

E eu faço outras coisas. Como não tenho faicebuque nem grande jeito (nem vontade) para jogar,fico com mais tempo para mim (é quase egoísmo...), para as minhas prosas e para as minhas leituras...

Sinto que dificilmente nos iremos libertar de todas estas coisas que nos roubam tempo para tudo, até para pensar. Conversamos muito menos, quase que não lemos jornais de papel. Enfim, estamos quase no ponto certo para uma certa gente que vive pendurada no poder e gosta de nos ver "anestesiados".

Tenho de dar razão à Rita, quando diz: «Mas nestes tempos, quem é que quer perder tempo a pensar?»

Mas o que deixou mais inquieto foi a frase forte do Carlos, quando exclamou: «Somos sempre escravos de qualquer coisa. Fingimos gostar de liberdade, mas o que gostamos mesmo é de ser escravizados. E nem estou a falar dos "patrões" que nos exploram até ao tutano e depois não conseguem passar sem alguns jogos esquisitos, onde além de andarem de gatas, presos com trelas, ainda pedem para ser chicoteados e outras coisas que não digo.»

Olhámos uns para os outros e desatámos a rir, especialmente com esta última parte...

Embora não concordasse com a parte de gostarmos mais de escravidão que de liberdade, fiquei a pensar...

O óleo é de Paula Rego.

13 comentários:

  1. Mesmo não querendo tenho que concordar com o Carlos.

    bjs

    ResponderEliminar
  2. É verdade!
    Por muito independentes que sejamos somos sempre escravos de alguma coisa...
    O que às vezes penso, ainda penso às vezes é se valerá a pena tanta dedicação a uma causa seja ela qual for!

    Abraço

    ResponderEliminar
  3. Escravos nem que seja dos nossos próprios pensamentos... E não é de agora!

    Bom fim de semana!

    ResponderEliminar
  4. Também quero dar razão à Rita. Pensar dá trabalho.
    Quanto ao Carlos, se faz aquelas observações, ele lá sabe.

    ResponderEliminar
  5. Acredito que o Carlos tem razão. Somos sempre escravos de alguma coisa. E o pior é que às vezes viciamos. Exemplo. Por obrigação de trabalho todos os dias levantamos a determinada hora. Vem o fim de semana e dorme até tarde? Nada, acordamos à mesma hora.
    Um abraço

    ResponderEliminar
  6. e porque esta vontade de nos "prendermos", Rosa?

    ResponderEliminar
  7. talvez sejam resquícios da "inquisição", da "ditadura".

    tanta repressão acaba por nos moldar, das piores maneiras, Graça.

    ResponderEliminar
  8. pois dá, Carlos.

    e se formos "educados" a não pensar, ainda pioramos as coisas...

    ResponderEliminar
  9. mas isso são hábitos, Elvira, não é "escravidão". :)

    ResponderEliminar
  10. E será que muitos hábitos não nos escravizam?
    Um abraço

    ResponderEliminar
  11. claro que escravizam, Elvira, quase que nos prendem ao chão...

    ResponderEliminar
  12. Estou lendo (aos poucos). Já é madrugada e sim, concordo com a necessidade de estar escravizado. Perco tempo em facebook, perco chances de estar mais perto de meu filho. Porém, ainda não sei o que me escraviza: se o mundo ou eu mesma.

    ResponderEliminar