Este país, com e sem propaganda, sempre assistiu à partida das pessoas, sem grandes preocupações. O povo português sempre foi "obrigado" à ir à procura do que não existia entre nós. Quando surgia uma oportunidade, tentava-se escapar ao destino traçado, de uma vida pobre e miserável.
Foi desta forma, que durante grande parte do século vinte fomos assistindo a grandes movimentos emigratórios, primeiro para o Brasil, depois para África, até se chegar à Europa e América do Norte, na segunda metade do século.
Mesmo para os sociólogos, penso que é difícil perceber se os que partiram foram os mais aventureiros, ou se os que ficaram foram os mais patriotas (não no sentido salazarista da palavra), os mais agarrados às suas raizes.
O meu pai teve a oportunidade de emigrar para França e para o Canadá, quando se emigrava através das "cartas de chamada". Mas ficou...
Nunca falámos sobre isso, porque razão ele não partiu, como tantos outros, inclusive familiares, como um dos irmãos. Imagino que foi pelo facto de ter uma vida relativamente estável, de ter trabalho, e claro, pelas suas ambições não passarem pela entrada no "mundo dos ricos", nem de se querer sujeitar a viver num outro país, com outra língua e outros hábitos...
Hoje as coisas não estão muito diferentes, penso até que o país diminuiu de tamanho (ao contrário do que dizem na publicidade televisiva enganosa...), muitos jovens têm sido forçados a partir, em busca de trabalho, porque o que existe é precário e mal pago. Espanha tem sido um grande mercado de trabalho, especialmente para trabalhadores não especializados. Só agora com a crise mundial, é que muitos jovens tiveram de "regressar a casa"...
Voltarei ao tema, brevemente, para falar de alguns casos concretos, de quem teve de emigrar à força, nos últimos tempos, sem novas ou velhas oportunidades...
O tema é muito interessante. Mas repare, não é nada de extraordinário. É que, Portugal foi inventado para servir de ponte para algo importante. Só para isso. Para sair e levar uma mensagem. Também porque o território é pequeno e encontrar aquilo que por cá não tínhamos. Isso para os que ficaram. Havia uma ideia para Portugal. Bem, isso está na história contada e na outra que certos historiadores, não muito divulgados, e se calhar não muito autorizados, costumam escrever nalguns livros.
ResponderEliminarPor isso, a nossa história é feita de saídas e chegadas. Mais de chegadas actualmente. Mas também de recentes partidas, com a nova conjuntura actual.
Um abraço e parabéns pela leitura do poema no sábado.
É um tema sempre actual...
ResponderEliminarLer "Emigrantes" de Ferreira de Castro, um livro de 1928, prova isso mesmo.
Beijos, Luís M.
Uma excelente reflexão sobre o tema da emigração... Também somos um país de imigrantes...
ResponderEliminarUm abraço Luís.
Saem uns, entram outros, todos procurando governar o melhor que puderem as suas vidas.
ResponderEliminarQue haverá de ser sempre triste cortar as raízes e partir para longe.
Abraço
o fluxo migratório tem, sobretudo na sua génese, a procura de pão.
ResponderEliminarUma grande parte da minha familia emigrou desde os primórdios da emigração com maior incidência nos anos 60, e a motivação foi a comum a muitos outros. Estudei o fenómeno
e as conclusões primeiras são essas, indíscutivelmente.
o meu pai também não aceitou faze-lo,apesar das insistencias, preferindo lutar(sofrendo as consequências idealistas da sua atitude) aqui, no país que dizia " ter a obrigação de ser a casa de quem nele nascia".
a História repete-nos... lamentavelmente, Luís
_____
um beijo
pode ser um designio nosso, Carlos, mas a maior parte das vezes foi e é, a luta pela sobrevivência...
ResponderEliminarsim, faz parte da nossa história, pelo menos desde os descobrimentos, M. Maria Maio
ResponderEliminarsim, depois de Abril, Graça...
ResponderEliminaracho que sim, Ana...
ResponderEliminarsabes, quando eu era adolescente, pensava que também ia partir...
afinal só tenho partido, de férias...
sim, principalmente o fluxo do século XX, Maré...
ResponderEliminaréramos um país miserável (e ainda somos, embora pensemos que não)...