quinta-feira, abril 12, 2007

Cravos de Abril (II)


Otelo Saraiva de Carvalho foi o verdadeiro homem da Revolução de Abril. Além de ter sido o seu principal estratega, é o Capitão de Abril que melhor simboliza todo aquele espírito revolucionário que se viveu em 1974 e 1975.
Foi também um dos homens com mais poder durante esta época, especialmente no "Verão Quente", pelo menos aparentemente. Poder que nunca utilizou para benefício próprio, fiel aos princípios revolucionários do MFA. Recusou cargos e promoções, inclusive a promoção a general de quatro estrelas, proposta por Spinola.
Por ter estado sempre presente, nos bons e mais momentos, continua a ser uma das figuras mais amadas e odiadas da Revolução.
Há mesmo quem o olhe como um homem cheio de contradições. Não acredito muito nisso.
Era um sonhador, acreditava no poder popular, por isso é que sempre revelou uma grande simpatia pelos partidos mais pequenos, de esquerda, ao ponto de ter enfrentado o PCP, que nunca lhe perdoou a afronta....
Esteve preso por duas vezes. Logo após o 25 de Novembro de 1975 e em 1985, acusado de ter feito parte das "FP 25 de Abril". Não acredito que tivesse culpa nas acções terroristas deste grupo. A única responsabilidade que lhe reconheço, foi ter confiado e feito amizade com as pessoas erradas. Pagou por isso, esteve preso cinco anos.
Quase trinta e três anos depois da Revolução, continuo a olhar para Otelo como o verdadeiro revolucionário de Abril, bem intencionado e muito ingénuo, ao ponto de acreditar na vitória do "Poder Popular"...
A fotografia de Otelo é de Alfredo Cunha.

8 comentários:

  1. Não poderia estar mais em...desacordo.
    Acabo de apagar a lista enorme das minhas razões, porque achei que poderia, até, ofender-te, tantas elas são.
    Digo apenas que odeio e desprezo a figura e, quanto a isto, poderia não ter comentado.
    Escolhi dizer o que sinto.
    Desculpa lá...

    ResponderEliminar
  2. Gostei da forma sincera como comentaste, Sininho, embora preferisse que escrevesses a lista enorme de razões pela qual odeias e desprezas o Otelo.

    Não me estarias a ofender, até porque eu refiro que ele é uma das figuras mais amadas e odiadas, entre os Capitães de Abril.

    ResponderEliminar
  3. Tal como a Sininho, eu também não morro de amores pelo Otelo, Luís.

    Acho que estragou tudo o que fez de bom, ao misturar-se com bandidos que utilizaram o nome da Revolução de Abril, para matarem e pilharem.

    ResponderEliminar
  4. Se calhar foi-nos passada uma imagem que não a verdadeira de Otelo.
    Algumas vezes o vi e ouvi em entrevistas e no fundo até o achava simpático...mas creio que será sempre odiado por muitos...

    Beijinho

    ResponderEliminar
  5. Às vezes no melhor pano cai a nódoa, Alice.

    Mas acho que não foi ele que se misturou, foram eles é que se misturaram...

    ResponderEliminar
  6. Eu também simpatizo com o Otelo, Ana.

    Claro que cometeu erros, mas quem é que os não comete?

    Infelizmente, há quem ande a cometer erros há trinta anos e não "desgrude" da política, e é por isso que o país não cresce.

    ResponderEliminar
  7. Desta vez não estamos de acordo, Luís.
    Para mim, o verdadeiro homem de Abril foi Salgueiro Maia.
    Sem querer tirar o mérito a Otelo, como estratega. Concordando contigo apenas num ponto: na ingenuidade.
    Mas não me esqueço que a primeira vez que ele traiu os seus camaradas foi em Junho/Julho de 74, com o Palma Carlos... pouca gente sabe disto...
    Voluntarioso, é certo, mas...
    Um dia a História far-se-á. E do ponto de vista dos seus camaradas do núcleo inicial do movimento dos capitães, não sei se ele será absolvido...
    De qualquer forma, é importante lembrá-lo aqui, a caminho do 25 de Abril, porque foi na realidade um, apenas um, dos seus protagonistas...
    Desculpa, Luís... mas eu sou assim, mesmo...

    ResponderEliminar
  8. Não tens de me pedir desculpa, tens sim de ser como és (isso é que é bonito...).

    Eu sei muito bem que Otelo está longe de ser uma figura consensual, Maria.

    Por culpa dele e também por culpa de terceiros. Como tu dizes muito bem, a história da Revolução está longe de estar completa.

    ResponderEliminar