segunda-feira, abril 30, 2007

Conversas de Abril (II)


Numa mesa de café, um amigo socialista, farto das conversas à volta dos diplomas e da licenciatura de Sócrates, perguntou aos presentes, o que aconteceria, se aparecesse nos jornais, que o deputado "fulano tal" do PSD (disse o nome e tudo...) tinha sido bufo da PIDE e que agora era um predominante democrata?...
Provavelmente ninguém levava isso a sério, nem mesmo o "24 Horas". Não iria passar de uma difamação, de uma beliscadura ao bom do nome do senhor.
Esta lembrança foi logo aproveitada pelo Rogério, para recordar um almadense (mais uma vez com nome...), que até ao dia 25 de Abril era um nacionalista convicto, com avença da PIDE como informador e que logo no dia 26 tornou-se um fervoroso comunista, daqueles que até sabem a letra toda do "Avante Camarada".
O senhor continuou a fazer a sua vida próxima de algumas colectividades, quase da mesma forma, passando de "bufo" a "controleiro", sem qualquer revolução.
Na mesa houve unanimidade num ponto: «os extremos acabam sempre por se tocar.»
Todos nós sabíamos que nos tempos de Liberdade, a disciplina, a autoridade, o controle, e até algum secretismo, só se encontravam no PCP.
Talvez o homenzinho, falho de carácter, nem estivesse assim tão errado. Como já estava habituado a fazer relatórios, fazia-os na mesma, embora com outro destinatário.
Quando eu perguntei se nunca ninguém o tinha denunciado, veio a resposta do costume: «As pessoas que sabem, inclusive comunistas, que foram prejudicados por ele, fingem que é mentira, os outros, mais ingénuos, acham impossível um "comunista a sério", ter passado pela PIDE.»

7 comentários:

  1. Mais uma charada anticomunista, apesar do autor se afirmar, imaginem só, antifascista.

    E os nomes? É sempre mais fácil escrever assim, não é?

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  2. Estou, simplesmente, pasmada...
    Acho que vou ler outra vez o que contas...

    Beijinhos

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  3. Sinto-me como se tivesse levado uma "marretada" na cabeça.
    Só não sei se pelo texto, ou se por o ter lido aqui....

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  4. Os nomes? Aqui no "Largo" não há bufos nem delatores.

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  5. Ficares pasmada, acaba por ser natural...

    Mas acho que me deves explicar melhor a "marretada" na cabeça, Maria.

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  6. caro luís, efectivamente o seu blog faz-me pensar. sobretudo nesta abordagem histórica a abril. sendo eu mais nova, é-me difícil imaginar como seria antes. mas é com interesse que venho ler o que tem publicado. os meus cumprimentos

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  7. Fico feliz por ter uma leitora como a Alice...

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