Umas acontecem, apenas por que sim, outras porque se tornou um hábito (o vício não é para aqui chamado...), com a forma e a linha a surgirem quase momentaneamente, na tentativa de tapar mais alguma coisa na palidez dos corpos... Outras têm uma história, quase sempre de amor (com corações, palavras e retratos...).
Pensei nisto, à medida que me aproximava da mulher com corpo de menina que estava parada uns metros à minha frente, a ler e a enviar mensagens, que tinha "demasiado mundo" no corpo para uma adolescente.
Já por perto, percebi que a mulher-menina não tinha pele cor de pele, entre as calças e o top curto. Havia por ali linhas e ondas, quase numa aventura surrealista, que podiam ser mapas de qualquer coisa, ou apenas um desenho escolhido na loja.
Só quando parei para abrir o portão, a um metro daquele corpo desenhado, é que percebi que se tratava de um mulher com corpo de menina. O barulho do ferrolho fez com que ela se virasse e se enchesse de desculpas, mesmo que não estivesse num território privado.
A sua voz e o seu rosto ofereceram-lhe o retrato de uma mulher de trinta anos e a adolescente do corpo pequenino bem desenhado desapareceu...
Ficou explicado, aquele quase "mapa-mundo" num corpo feminino, que chegara do lado de lá do Atlântico, onde se fala um português mais adocicado.
(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)
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