quarta-feira, abril 03, 2024

Um Outro País, a 3 de Abril de 1974...


Nem sei por onde começar.

O País que existia a 3 de Abril de 1974, não tem nada a ver com este, em que vivemos, em 2024.

Onde se notavam mais diferenças era nas Aldeias, especialmente as das regiões do interior. Era um mundo vivido "à luz do candeeiro e à água do chafariz". Do saneamento básico nem vale a pena falar, porque só chegou a algumas aldeias, e já no século XXI...

Mesmo na aldeia dos meus avós maternos, que ficava a apenas a cinco quilómetros das Caldas da Rainha, já existia electricidade antes da Revolução, mas não em todos os lares. Como o meu tio Zé, estudava electricidade, na escola técnica, assim que esta apareceu em Salir de Matos, ele fez logo a instalação e passámos a ter "luz" (deve ter sido alguns anos antes do 25 de Abril, porque eu não me lembro da casa dos avós sem lâmpadas...), Mas recordo-me de visitar algumas casas de outros familiares (afastadas do centro da Aldeia) e de não existir luz eléctrica. Adorava o espectáculo proporcionado pelos candeiros a petróleo, com verdadeiros jogos de sombras  refletidos nas paredes, graças aos nossos movimentos. Sei que andava sempre de um lado para o outro com o meu irmão a ver a nossa sombra a crescer e a diminuir nas paredes (quando somos crianças brincamos com tudo...).

A água canalizada só deverá ter chegado a todas as casas, já nos anos noventa do século passado. Isso até se percebe, por o Oeste ser uma zona muito rica em água e quase toda a gente ter um poço. 

É curioso, que o chafariz onde se ia buscar a água para beber, da bica, com cântaros, hoje tenha um aviso, de que aquela água não e tratada e recomenda-se que não seja bebida,,,

Em relação ao saneamento, também deverá ter chegado nos anos noventa à aldeia, mas uma boa parte das casas, ainda mantêm o velho sistema da "fossa" (uma espécie de poço...).

Mas se falar da aldeia dos meus avós paternos, na Beira Baixa (Zebras), as coisas mudam de figura, para pior. Lembro-me, já depois do 25 de Abril, de a electricidade ainda não ter chegado. Havia uma única televisão na aldeia,  no também único café existente, que tinha um gerador para lhe fornecer energia... 

(Fotografia de Luís Eme - Salir de Matos)


2 comentários:

  1. Pensei que estivesses a falar em aldeias muito remotas, mas parece que não. Talvez no Algarve a água canalizada e a eletricidade tivessem chegado muito mais cedo.

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    1. Provavelmente sim, Catarina, até porque se começou a apostar no turismo no Algarve, ainda na década der sessenta.

      (só respondi agora porque o teu comentário estava no "spam")

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