terça-feira, abril 09, 2024

Abril lembra-nos que a Liberdade é outra coisa...


Ontem visitei um amigo, que quase que não sai de casa, que é das pessoas mais honestas e autênticas que conheço. Tem um defeito e uma qualidade (depende sempre do ponto de vista...), que é ser comunista.

Mas antes de ser comunista, é um Amigo, e dos melhores...

Apesar da sua "ortodoxia" (é daqueles que será Comunista até ao fim dos seus dias), nunca achou piada às "cassetes" e ao quase "coro das velhas", ditados pelo Partido, como se todos fossem obrigados a dizer e a pensar as mesmas coisas.

Uma das melhores provas de amizade que me deu foi a minha defesa que fez numa reunião partidária (nunca falámos sobre isso, foi uma terceira pessoa que me contou o que aconteceu...), quando numa homenagem pública a um grande almadense (o professor Alberto de Araújo), as pessoas que estavam na mesa, quiseram trasnformá-la um comício político do PCP. E no final, levantaram-se todas e ergueram o punho fechado e começaram a gritar: "PCP, PCP, PCP" (a excepção fui eu e uma jovem jornalista que estava a meu lado, ficámos ambos sentados, em silêncio, a olhar um para o outro...).

Nem se pode falar de um acto de coragem (embora nunca fosse uma "maria vai com as outras"). Fui de tal forma surpreendido por aquela reacção colectiva, que me senti a mais naquele filme... e fiquei sentado. E ainda bem que o fiz (algumas pessoas podem ter começado a olhar-me de lado na rua, mas sai dali sem qualquer problema de consciência).

Como devem calcular, houve até quem quase me chamasse "fascista" nessa reunião. Foi por me conhecer bem, que este Amigo fez a minha defesa. O seu argumento mais contundente foi: "Se ele não pertence ao Partido, por que razão é que se deveria ter levantado?" E conseguiu silenciar alguns dos meus "inimigos de estimação"...

Mas onde eu queria chegar, é ao ponto que mais me afasta do PCP. Curiosamente, é o mesmo que me afasta da Igreja Católica: o seu tom de superioridade em relação ao resto da sociedade, agirem como se eles fosse os "bons" e os outros fossem "os maus" (em quase tudo...). 

Quem ama a Liberdade e conhece o Mundo, sabe que isso não existe, sabe que há gente boa e má por todo o lado, e ainda bem.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


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