terça-feira, julho 05, 2022

As Coisas são o que São...


Hoje participei numa conversa ligeiramente acalorada, em que duas ou três pessoas pareciam ter descoberto, só agora,  que afinal a "meritocracia era uma treta"...

Poderia dizer que sempre foi. E talvez comece logo na escolha dos "representantes do povo" quer em cargos governativos como no parlamento, onde se percebe com facilidade que não estão ali os melhores mas os que puseram a jeito (ou deram mais jeito...) para receber convites.

Felizmente a conversa não levou nenhuma "guinada" para o lado da política, ficou-se pelo jornalismo e pelas culturas, os interesses mais imediatos das cinco alminhas que bebiam café e faziam horas para mais uma tarde criativa.

A grande crítica era sobre as pessoas que escreviam opinião hoje nos jornais. A maior parte dos "escolhidos", além de estarem longe se escreverem com brilho, eram incapazes de exprimir uma ideia que ultrapassasse o interessante. 

Estávamos todos de acordo. Mas as coisas nunca foram assim tão diferentes. Talvez hoje seja menos atractivo escrever em jornais por se saber que há menos leitores. Mas a escolha de convidados para escreverem nos jornais sempre se deveu mais à sua notoriedade social, que ao seu talento literário (disse e digo eu), salvo algumas boas excepções.

Recordei que uma das coisas que mais me fez confusão no curso de jornalismo, foi um dos meus professores, jornalista do "Expresso", na época, dizer que era mais importante para as redacções ter alguém com uma boa agenda de contactos que escrever bem. Claro que, com o tempo fui percebendo, que era muito assim. O importante era seres o primeiro a dar a notícia (qualquer um a podia depois "aprimorar", se fosse necessário...) e isso só acontecia se conhecesses bem as pessoas dos "poderes" e controlasses os meios...).

Voltando à "meritocracia", se no nosso país nunca nos conseguimos libertar da "cunha", como é que podemos falar do mérito, no que quer que seja?

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


4 comentários:

  1. : )))
    Sempre ouvi falar em “cunhas”. Aqui chamam “connections”.
    O nosso “Premier” do Ontário também atribuiu um cargo ao sobrinho. Deu para um pequeno falatório. Eu nem me dei ao trabalho de averiguar quem era o sobrinho ou se este já tinha exercido qualquer cargo político. Estava demasiado ocupada com as notícias que nos chegavam da América. E mesmo que ripostasse, não chegaria a lugar nenhum.

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    1. Na política então é um caso sério, Catarina.

      No governo anterior do PS havia pais, filhos, primos, cunhados, sobrinhos, esposas, etc., metidos no governo e os respectivos gabinetes. E o mais curioso, é que quase todos eles achavam isto normal...

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  2. E quem não tem " cunhas", na maior parte dos casos, gostaria de as ter...
    Mas era bom que não fosse necessário!

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    1. Tens razão, Maria. Tanto concurso perdido por falta de cunha...

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