sábado, maio 21, 2022

Não é como Ser Merceeiro, Mas...


De longe a longe encontro um rapaz que escreve nos jornais e que também continua a preferir a calma da blogosfera aos "turbilhões" (a palavra é dele...) de outras redes sociais, tal como eu.

Falamos da actualidade, de jornalismo, de livros, de cinema e também desta forma de comunicar.

Ele nunca conseguiu ter muitos comentários (nem mesmo nos tempos em que a "blogosfera" estava na moda...) e foi por isso que acabou por fechar a respectiva caixa. Ele fica espantado por eu continuar a ter comentadores e pergunta-me qual é a "fórmula"... E eu fico sem saber o que dizer, por ter consciência que há coisas que não são lineares nem carecem de qualquer explicação "científica". 

Depois de várias insistências disse-lhe que tento que o "Largo" seja um lugar agradável para passear e se visitar. E para que as pessoas se sintam bem, até tem uma "boa esplanada" com um café que é uma delicia. Ele acabou por sorrir e mudar de assunto.

Hoje de manhã, quando fui à mercearia cá do bairro, por ser o único cliente fiquei à conversa com o rapaz que vi crescer e hoje é quase um homenzarrão. Entre outras coisas, falei-lhe do "jeito que ele tem para namorar as velhinhas, que não lhe desamparam a loja". E ele recordou-me que também elas o conhecem de menino (sabe o nome de todas...) e por isso existe algum maternalismo à mistura, que acaba por ser bom para o negócio.

Pois é, o "truque" é sempre o mesmo. Se tratarmos bem os clientes, eles voltam, sempre...

Embora a realidade não deva ser confundida com a virtualidade, e nestes espaços não existam rostos, idades, sexos, religiões, partidos, etc., os princípios acabam por ser os mesmos. Somos sobretudo pessoas, que gostamos de estar onde nos sentimos bem. E se for possível, olhamos e conversamos, mesmo com quem não conhecemos de lado nenhum (isso acontece tanto quando viajamos...).

Talvez estejamos todos a precisar de "partir", nem que seja até à rua que fica para lá da esquina. Sinto que falta a este mundo, essa ponta de humanismo que nos leva a falar disto e daquilo, desinteressadamente, a oferecer um sorriso, até a um estranho, apenas por que sim.

Não tenho dúvidas de que temos de fazer mais, bastante mais, para que esse "mundo" (que nos está a fugir...) nos seja devolvido...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


14 comentários:

  1. Bom dia
    Sem querer ser "lambe botas" é por estas publicações que sigo alguns blogs .
    Abraço.

    JR

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  2. Se não fosse o FB eu vivia ainda mais isolada.
    Tenho interacções constantes e bons amigos que "não me desamparam a loja".
    Já a blogosfera deixou de ser o que era embora ainda tenha meia dúzia de fiéis amigos virtuais.
    Se calhar os comentários são proporcionais ao interesse do que se escreve.

    Abraço

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    1. Rosa, eu não tenho Facebook. Achas mesmo que, se precisares de ajuda, podes contar com os teus amigos do Facebook?

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    2. Acredito, Rosa.

      Quem vive sozinha precisa de continuar a "existir", especialmente nestes tempos em que quase que se cortaram relações humanas.

      A blogosfera por não ser tão "imediata", não suscita o mesmo calor humano.

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  3. Respostas
    1. Estes tempos estão complicados, Tintinaine. Temos de "ir à luta" (sem guerras, claro).

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  4. É verdade, sim, o segredo de ter comentários e ser seguido por pessoas que gostam 'disto' dos blogs, é justamente o mesmo apontado pelo quase "homenzarrão" da merceria, que tem montes de clientela devido a ser simpático, saber receber e ter sempre um sorriso para com as "velhinhas" que, provavelmente, o conhecem desde miúdo, tal como o Luís.
    Responder a quem teve a gentileza de nos deixar uma palavra, uma saudação, compensa muitas vezes a ausência de uma escrita de qualidade, aliada a bons temas, como é o meu caso. :))
    Não é que seja um 'truque', eu chamar-lhe-ia mais uma forma de apreciar e criar empatia, com quem está do lado de lá do balcão.... :)

    Bom fim-de semana, Luís!

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    1. Ele deve ter agora trinta anos e responde bem a toda a gente (devo ter exagerado com as "velhinhas", embora estas sejam mais ternurentas com ele e apareçam mais vezes, na mercearia, para matar a solidão...). Nasceu para estar atrás do balcão, Janita. Foi um bom aluno da Mãe, que conheci há já uns trinta anos (é a primeira dona da mercearia que me lembro e a q

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    2. (o comentário saiu a correr...)

      e a que me deixou melhores recordações, a par do filho...

      E claro que o maior segredo da companhia que se sente, por aqui, é essa empatia de que falas.

      Como em tudo na vida, vale sempre mais cair em graça que ser engraçado. :)

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  5. Uma coisa é comentar. Outra é ler. Há muitos blogs que visito e não comento.

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    1. Pois, eu cada vez comento menos, Maria (não ando muito no mundo virtual, para não me esquecer do outro, real...). O tempo é cada vez mais curto (é a minha desculpa preferida para não ter facebook ou outra coisa qualquer).

      E mesmo assim as pessoas aparecem aqui no Largo... Que bom.

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  6. Pois eu tenho imensa pena que a saúde e especialmente os olhos não me permitam acompanhar os blogues com a mesma frequência com que o fazia antigamente. Eu tenho FB. Utilizo-o para publicar os textos do Sexta para os amigos que não têm blogue poderem acompanhar.
    Ou para saber notícias de alguns familiares que fazem dele a "sua casa".
    Abraço, saúde e bom domingo

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    1. Eu sei, Elvira.

      E sim, o FB também ode ser uma coisa boa.

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