quarta-feira, dezembro 02, 2020

«Felizes são os que acreditam. Mas podem seguir viagem, que eu não passo de um infeliz»


O Natal sempre foi a época do ano em que se fazem mais apelos ao consumismo e também à boa vontade das mulheres e dos homens. Este ano existe ainda uma ajuda extra, a pandemia, para  tentar explorar, ainda mais, o nosso lado sensível.

Não nos custa muito dizer sim ao empregado da loja que nos diz se queremos ajudar com um euro uma associação que ajuda criancinhas, que precisam de um lar, ou de outra coisa qualquer. Agora quando nos querem impingir umas bugigangas em troca de uma doação mínima de cinco euros, para ajudar uma daquelas associações de que nunca ouvimos falar, sentimos que estão a abusar de tudo, até da sorte. 

Quando o Rui disse, com um ar sério: «Eu sei que felizes são os que acreditam. Mas podem seguir viagem, que eu não passo de um infeliz», as duas jovens olharam uma para a outra com cara de caso, em silêncio. Quando perceberam que dali não levavam nada, seguiram viagem com a cestinha cheia de bonecos, à procura de melhor sorte na sua caminhada natalícia, lançando-nos algo parecido com um "mau olhar".

Embora eu soubesse que o Rui estava certo, aqueles que acreditam são sempre mais felizes, nestes casos com demasiadas pontas soltas, também prefiro ser "infeliz"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


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