quarta-feira, agosto 12, 2015

Escrever Não é uma Coisa de Se Ter ou Não Tempo (Entre Outras Coisas)


Eu sei que escrever não é uma coisa de se ter ou não tempo. Nunca foi.

Quem gosta e quer escrever, escreve em qualquer lugar, utilizando tudo, desde os papelinhos que recebemos nas compras aos guardanapos de cafés (o que eu gosto de escrever, neste papel tipo "Bíblia"...).

Há muita gente que inventa desculpas absurdas para a sua falta de criatividade, quase sempre por se acharem importantes. Ou seja, por pensarem que escrever não devia ser tarefa para qualquer um, e que só não dizem que devia ser uma exclusividade de "doutores", por pudor. A menos absurda e mais banal desculpa acaba por ser a falta de tempo... 

Normalmente não ligo muito a estes comentários "destrambelhados", mas nunca esqueci as palavras quase "maternalistas" (com doses indisfarçáveis de inveja e cinismo...) de uma professora, sobre um prémio literário (no qual fui premiado...), que quase disse que foi uma pena não saber do prémio, pois se soubesse teria participado e sido premiada...

Estranhei sobretudo a certeza sobre o seu talento (que continua desconhecido...).

É por isso que é imperdoável, que passados mais de dez anos, continue sem conhecer um texto ou poema da "lavra" da dita senhora.

Digo isto sem qualquer tipo de preconceito, porque não tenho qualquer dúvida que aprendi muitas coisas na universidade, mas não a escrever, ficção, ensaio, teatro  ou poesia...

O desenho é de Pier  Toffoletti.

6 comentários:

  1. Há gente que gosta de se fazer importante.
    Eu gosto de escrever. Muito. Não quer dizer que escreva bem, escrevo porque me dá prazer escrever. Comecei a fazê-lo aos 11 anos. Um dia, depois de ter várias coisas publicadas em jornais regionais, e até uns poemas ditos na rádio, num programa de gente jovem que tinha por locutor o António Santos, que mais tarde foi para a RTP2, resolvi pedir uma opinião sobre alguns escritos ao Mário Castrim. E ele foi tão "simpático" na sua critica, que durante mais de 40 anos, nunca mais tive coragem de escrever uma linha sequer. Recomecei a escrever com o blogue.
    Um abraço

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    1. Já pensou no que perdeu nesses quarenta anos, Elvira?

      (ainda bem que recomeçou...)

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  2. Excelente texto, Luis!
    O dia em que a gente finalmente aprender a aproveitar o tempo, seremos muito mais felizes e menos ansiosos… De 20 em 20min, a pagina sai do branco e a cabeca, da dispersao! Ah, corre la, que a mamadeira esta esfriando!! Hehehehe….
    AbraçO

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    1. É verdade, Nidja.

      O tempo, que se finge nosso "amigo"...

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  3. Luís
    como eu te entendo!
    há pessoas que não entendem muito bem porque não tenho mais "coisas" publicadas em papel, e eu nunca respondo porque só a mim me assiste o ter ou não.
    mas, ao ler-te sorri e doeu ler isto porque é real
    cito:
    de uma professora, sobre um prémio literário (no qual fui premiado...), que quase disse que foi uma pena não saber do prémio, pois se soubesse teria participado e sido premiada...
    porque há coisas que não se responde nem se questiona, porque fazem a pergunta encapotada ou a crítica e dão a resposta sem se aperceberem..
    obrigada por teres escrito este texto.
    um beijo
    :)

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    1. è por isso que o mais importante é conhecermos-nos a nós mesmos, Piedade.

      É essencial para não fazermos figuras tristes mas também para nos afirmarmos como pessoas.

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