terça-feira, setembro 06, 2011

O Preço da Cultura


Houve dois pormenores nesta minha viagem pelo Norte, que me deixaram a pensar, que dentro de pouco tempo tudo terá um preço, de museus a monumentos, até pelos custos da sua manutenção e recuperação.


Claro que isto acabará por ter um peso forte nas economias locais, pois a diminuição do turismo também representará quebras (ainda mais...) assinaláveis no comércio local, na restauração e na hotelaria.

Poderia dizer que: «quem tudo quer tudo perde.» Mas poderá nem ser o caso. É preciso sim, ser inteligente, ter uma visão mais abrangente e ir ao encontro das pessoas. Só com uma melhor promoção do que existe de bom nas localidades portuguesas, e também com uma oferta mais convidativa, se conseguirá obter frutos da cultura.

Mas vamos lá então aos dois pormenores. É natural que estando em Vila Real, tentasse visitar o Solar de Mateus. Quando entrei com o carro nos seus portões, um funcionário mandou-me parar e disse que a visita aos jardins era seis euros, ao solar nove e se quisesse levar o carro até ao Solar teria de pagar mais dois euros.

Claro que voltei para trás. Não fiquei muito incomodado. Pensei que se tratava de um investimento privado e que os seus donos poderiam taxar os seus produtos como lhes fosse mais conveniente. Provavelmente não pretendem "popularizar" a sua propriedade e fazem muito bem. Nós também só visitamos o que queremos.

O segundo passou-se em Castelo Branco, quando fomos surpreendidos pelo pedido de dois euros, para visitarmos o seu Jardim, no centro histórico. Percebi que na zona estava tudo taxado a dois euros por pessoa, inclusive o Museu Manuel Cargaleiro, que visitámos. Não percebi a razão de ter de pagar dois euros, por um jardim que já foi público...

Faz-me confusão a noção que esta gente tem dos bens culturais e do seu preço. Como têm vários espaços que se podem visitar, porque razão não vendem um bilhete único (que até podia custar cinco euros), mas onde nos fosse possível ver todos os museus e o respectivo jardim?

Estes casos trazem-me sempre à memória o Cristo-Rei, aqui em Almada, em que mais de 80% dos visitantes não sobem ao monumento. Acreditem que não se trata de um problema de vertigens, mas sim do preço que é pedido...

6 comentários:

  1. Começando pelo fim:
    Já estive na base do Cristo-Rei e não cheguei a subir, ma sfoi mesmo porque tenho vertignes. No entanto, espero vir a vencer esta falta de coragem (se o preço o permitir...).
    Quanto ao resto, é pena que cada vez tenhamos mais dificuldade em gerir o orçamento familiar e, ainda assim, tenhamos de pagar em cada vez maior número de espaços de laser/culturais.
    Eu e os meus filhos somos utilizadores de jardins públicos, museus (e aproveitamos as manhãs de Domingo), bibliotecas, etc, tentando não deixar de visitar os que cobram entrada e aprender, sobretudo, onde podemos continuar a descontrair e instruir-nos sem gastar dinheiro, até porque já não é a primeira vez que sei o que é estar desmpregada.
    Beijos.

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  2. Parece impossível que morando a dois passos (moro no Barreiro) nunca tenha ido ver o Cristo Rei. Mas é verdade. Bom também já vivi em Lisboa e nunca fui ao Castelo de S. Jorge. Falta de interesse, não. Visito todos os monumentos e museus das terras por onde passo. Adiante. Quando há quatro anos estive em Vila Real também tentei ir ver o referido solar. Mas nesse dia estava fechado e como eu tinha que vir embora nesse dia, nem cheguei a saber se era pago ou gratuito.
    Dois dias depois estava em Castelo Branco onde visitei o jardim que na altura já era pago. Não sei se o referido museu já existia, mas só o que visitei em Castelo Branco foi mesmo os jardins, e o restaurante onde almoçámos.
    Um abraço

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  3. é por tudo isso que deve haver alguma visão de quem "explora", Filoxera.

    a cultura está longe de ser para todos.

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  4. acontece muitas vezes, é por isso que santos da terra não fazem milagres, Elvira. :)

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  5. Eu subi uma vez!
    Uma boa ideia será a seguida em Serralves - no Domingo de manhã é gratuita a entrada no Museu e nos jardins.

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  6. penso que isso deve acontecer na generalidade dos museus, monumentos e jardins com preço, Filoxera.

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