terça-feira, julho 14, 2009

Folhear o Tempo

Estava a folhear um álbum sobre os 150 anos do "Diário de Notícias" quando descobri esta fotografia.

Ao ver esta senhora de cabelo branco na manifestação, lembrei-me de uma conversa que surgiu no domingo passado, graças à diferença de idades, de vinte anos entre duas irmãs, com a mãe. Como a senhora ainda está com óptimo aspecto e a filha mais nova se aproxima dos quarenta, tentei fazer contas e pensei que a senhora deveria ter sido mãe pela primeira vez bastante jovem, como era comum, nesses tempos...
Mas não, contou-me que foi mãe já com dezoito anos. Enquanto falávamos na diferença de idades das filhas ela desabafou, «fora os que ficaram pelo caminho», sem esconder alguma mágoa, acrescentando, «mas naquele tempo era assim». E era mesmo...
Estou a falar de uma senhora com aproximadamente oitenta anos.
Há muitas mulheres da sua geração e anteriores que fizeram mais de uma dezena de abortos, num tempo em que não existia a pilula nem outros contraceptivos, como existem nos nossos dias. E os homens, claro, sempre foram renitentes no uso do preservativo, pelo menos os das gerações mais maduras...
E pensar que se demorou tanto tempo a aprovar uma lei que protegesse mais a mulher, pelo menos dos "vãos de escada" clandestinos, que além de serem uma autêntica exploração monetária, funcionavam quase sempre em condições que deixavam muito a desejar...

14 comentários:

  1. Gostei de folhear o tempo por aqui.
    As leis vêm sempre com atrasos muito penalizadores... Infelizmente neste caso demorou-se demasiado tempo. E não sei se é cumprida como deve ser...
    Um abraço, Luís

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  2. Demorou por causa da hipocrisia e do facto de se pensar que as coisas só acontecem aos outros, mas quando bate na nossa porta, de repente tudo se altera.
    Este passado é um passado muito recente e para algumas pessoas ainda é uma realidade, e só quem passou por isso sabe realmente a dor que é.

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  3. Os costumes não se mudam dum dia para o outro.
    Mas há 50 anos já havia contracepção.
    O que não havia era informação.

    Parece que ainda hoje continua a não ser suficiente...

    Beijinho

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  4. da terrivel falha de um tempo que se faz injusto.




    e que aqui é redimido em post.




    obrigada LUIS.

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  5. Sou a favor, mas tenho que concordar com a Ana, mesmo com tanta informação parece que não fazem uso dela, ou acham que o raio só cai no telhado do vizinho.

    Uma coisa interessante na minha família, minha avó teve sete filhos e uma vizinha, amicíssima, era judia e cismava que tinha de ser madrinha de algum filho da minha avó e vovó nada, e ameaçava na brincadeira que vovó continuaria tendo filhos se não lhe desse um para afilhado, na sétima, vovó cansada de tantos filhos (palavras dela) chamou-a pra madrinha e deu-lhe nome da amiga judia, Stella, e daí não teve mais nenhum. hehe

    A pílula pouparia vovó dessa turma imensa, mas mesmo assim era muito bom ver a casa cheia.

    Beijinhos

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  6. um tempo de queimar lembranças....

    ou

    ........restos de recordações




    .
    um beijo

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  7. é verdade, Anita, muita hipocrisia e preconceito...

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  8. mas éramos um país mais analfabeto e atrasado, Ana...

    com uma igreja poderosa, contra essas "modernices"...

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  9. injusto e muito sofrido para tantas mulheres, Isabel...

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  10. sim, Cris, nos nossos tempos há coisas incompreensiveis, mas...

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  11. são marcas qie ficam, Gabriela...

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  12. bom e quando não era assim...

    vinham os "que Deus quiser"
    porque é que achas que tive 11 irmãos?
    e olha que eu tenho a tua idade Luís e sou a mais velhinha.

    :) beijos

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  13. sim, era o tempo das "equipas de futebol", Maré...

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