Tive dificuldade em explicar às primeiras aquele miúdo curioso, de oito anos, o significado desta palavra tão em desuso. Percebi que não havia uma forma fácil de explicar algo que fora tão importante no seio das famílias, mesmo nas mais humildes. O quanto era importante para eles honrar os seu nome...
Foi quando me lembrei de lhe dizer que a honra era o orgulho que sentíamos pelos nossos pais, tios ou avós, por serem boas pessoas. Ao ponto de querermos seguir os seus exemplos pela vida fora.
Como acontece com as crianças, não se ficou com uma explicação tão simples e continuou a querer saber coisas: «Então os tios que não são boas pessoas, deixam de ser da família?»
Disse-lhe que não. Por mais disparates que os nossos familiares façam, são sempre da nossa família. Lembrei-me da expressão "laços de sangue", mas guardei-a para mim, achei que era melhor não complicar as coisas...
Não lhe quis estar a dar lições de moral, mas ainda lhe disse que não estarmos sempre a mentir, também era uma questão de honra. O que lhe fui dizer, falou-me logo, com um sorriso, do "maior mentiroso do mundo", esse mesmo o Trump, que quer tudo menos ser uma "pessoa honrada".
Foi bom, porque nos deu uma oportunidade para mudarmos de assunto...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)