domingo, abril 13, 2025

«Eles querem saber tudo sobre as nossas vidas»


Nunca fomos tão invadidos como agora, pelos "marcianos" que dominam a internet e passam a vida a espiar-nos, dentro dos smartfones e dos computadores.

Fala-se muito de "pegadas", e é o que deixamos, sempre que pesquisamos qualquer coisa, ao ponto de durante semanas aparecerem "promoções" das tais coisas que queríamos e que deixámos de querer, mas mesmo assim não nos livramos da respectiva perseguição comercial...

Foi quando eu disse que isso não acontecia apenas com o que pesquisávamos. Dei o exemplo dos aparelhos auditivos, que são a primeira coisa que me aparece quando abro o computador e que nunca andei à procura. Foi risota geral, por sermos quase todos da mesma geração, e já não irmos para novos. Eles sabem que estamos todos "duros de ouvido", ou seja, levamos todos com esta "publicidade", mesmo os que fingimos ouvir às mil maravilhas.

Quando o Rui disse que «eles querem saber tudo sobre as nossas vidas», quase que pareceu mais uma coisa banal deste tempos quase malucos, ou seja, mais uma "lapalissada"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, abril 12, 2025

Pensamentos em volta do encontro de três homens na mercearia de bairro...


Ao sábado de manhã, uma das coisas que cá em casa se faz, é o primeiro que se levanta ir à mercearia comprar um pão alentejano do Cercal para comermos ao pequeno-almoço.

Mas não é sobre a delícia deste pão que quero falar, é com o facto de à hora que cheguei (deviam ser umas nove e um quarto, mais minuto menos minuto) estar lá e senhor e logo a seguir a mim, apareceu outro.

Se eu acabei por levar apenas o pão, o fiambre e um pouco de presunto espanhol (para experimentar, o bom do moço da mercearia tem estas coisas, consegue que se leve sempre mais qualquer coisita...), os outros dois companheiros de aventuras tinham uma lista extensa de compras.

Fiquei a pensar que, mesmo que se finja que não, muita coisa mudou. Este quadro era impossível há trinta anos (não vou recuar meio século...), a mercearia era um espaço de mulheres, os homens só lá apareciam para comprar alguma urgência de última hora, que faltava para o jantar (e nem todos...), nunca com uma lista nas mãos.

É por isso que me faz confusão a volta que estão a querer dar ao mundo, muitas vezes com a cumplicidade das próprias mulheres (os espectáculos mais horríveis do Parlamento têm como intérpretes, as mulheres do Chega contra as outras mulheres dos outros partidos, ao mesmo tempo que se deixam manietar por aquele grupo manhoso de falsos "marialvas").

Se não estivéssemos a viver tempos de perdas de direitos, em que se coloca quase tudo em causa, talvez não pensasse desta forma, a partir de uma coisa tão simples, como foi o encontro de três homens na mercearia de bairro...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, abril 11, 2025

Ver o tempo a fugir por entre os dedos...


Este mês de Abril está ser de muito trabalho.

O curioso, foi a montagem da minha exposição de fotografia (que é inaugurada amanhã...), acabar por servir quase como um momento de distracção, e até descontração.

Há muito tempo que não sentia os dias tão curtos, mesmo que o Sol apareça cada vez mais cedo e vá-se embora mais tarde...

Até parece quase um título de livro ou filme, esta coisa de ver o tempo a fugir por entre os dedos...

(Fotografia de Luís Eme - Costa de Caparica)


quinta-feira, abril 10, 2025

Hoje foi dia do Ginjal ser notícia de televisão e de jornal


Quem como eu conhece o Ginjal há quase quarenta anos, sabe que todos os problemas de degradação do cais e dos velhos armazéns, não se resolvem apenas com a colocação de placas de xis em xis metros de "perigo de derrocada", como foi feito, pelo menos nos últimos 15 anos, pelo Município.

Também é mentira que existam pessoas que vivem no Ginjal há trinta anos, como disseram na televisão. Lembro-me de quando saíram os últimos moradores, em que havia a expectativa do começo da obras (andaram por lá máquinas a terraplanarem alguns dos armazéns em pior estado, mais próximos da arriba...). Foi há já mais de dez anos.

Sei que entretanto foram passando várias "tribos" pelo Ginjal, desde os romenos, profissionais da mendicidade, em toda a área metropolitana de Lisboa, que depois se mudaram para o Caramujo, até aos migrantes africanos (muito deles devem estar em situação ilegal....) que foram ocupando o "prédio azul" e também as antigas instalações do Clube Naval de Almada, que transformaram quase em "área comercial" , durante e depois da pandemia...

O curioso, é que neste espaço de tempo, não houve qualquer tentativa de expulsar estas pessoas, que viviam em condições de habitabilidade precárias e a espreitar o perigo, diariamente.

Até que chegou o dia de hoje...

E agora, à boa maneira portuguesa, existe um corrupio de "moradores", que dizem viver ali "desde sempre", e que para variar, querem que a Autarquia lhes dê uma casa.

E o Cais do Ginjal vai ficar uns tempos (certamente longos, pelo andar das obras em Almada) "fechado para obras", porque começa a ficar intransitável...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

 

quarta-feira, abril 09, 2025

A sina de partir, e voltar, só para ver se está tudo igual...


Recebi um telefonema agradável de um amigo que não vejo há mais de cinco anos (lá volta a "pandemia" a servir como medida do tempo...).

Falo do Gui, ex-realizador de cinema, e de certa forma, ex-português. Sim, mesmo que ainda não seja brasileiro no papel, é em tudo o resto, até como pai de "três crias" (é ele que gosta de chamar os filhotes assim...) com a Débora, que o tem ajudado a ser ligeiramente mais feliz do que era por cá.

Agora só faz publicidade e moda. O cinema ficou quase esquecido, porque há coisas mais importantes que andar em luta permanente "contra o mundo" e viver quase sempre de bolsos vazios e ficar com a sensação de que quando apresenta projectos, anda a "pedir esmola".

Diz que um mês destes aparece por cá com toda a prole e quer juntar as nossas famílias. Disse que sim, que será uma coisa boa.

Gozei com o facto de ele já falar com sotaque. Ele sorriu, quase orgulhoso, porque tal como Fernando Lemos e outros portugueses, sente-se mais feliz na confusão sul americana, que na pasmaceira europeia...

(Fotografia de Luís Eme - Seixal)


terça-feira, abril 08, 2025

«É mais fácil ser rapaz» (sempre foi...)


Ela não pensa mudar de sexo, mas basta-lhe olhar à sua volta para perceber e dizer-me: «é mais fácil ser rapaz.»

Sorri-lhe. Não lhe disse mas pensei que se tivesse nascido há cinquenta anos, as coisas ainda eram mais complicadas para quem nasceu mulher. E há cem, nem vale a pena falar... e por ai fora...

É verdade. Sempre foi necessária mais inteligência e um grande jogo de cintura às mulheres, para "sobreviverem" num mundo que quase esquece a sua existência, se ignorarmos as suas curvas.

Achei curiosa a afirmação da miúda de dezassete anos. A minha filhota de vinte anos, nunca me disse algo do género. Provavelmente, gosta de ser mulher, apesar do mundo continuar a "ser dos homens",,,

Claro que há compensações. A maternidade talvez seja a maior de todas elas.

Pois, mas quem é que quer filhos nestes tempos modernos?

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


A arte de "tirar o tapete debaixo dos pés"...


Não sei se é por causa do "cheiro a poder" que inunda o PSD, que não há praticamente ninguém no partido, que se mostre incomodado com os problemas mal explicados de Luís Montenegro (a excepção que confirma a regra é Poiares Maduro...).

No PS acontece o contrário, Já se cheira a "derrota", o que é sempre uma oportunidade para todos aqueles que são bons na "arte de tirar o tapete debaixo dos pés" do bom do Pedro Nuno, sairem da toca. 

É por isso que penso que é tudo menos inocente, a recusa de Fernando Medina em fazer parte das listas de deputados. Tal como a "birra" de José Luís Carneiro, de só aceitar ser candidato por Braga, mesmo indo contra a vontade dos dirigentes locais. É de "artista".

E nem vale a pena passarem o tempo a falar de pluralismo ou de democracia, para justificar as diferenças socialistas, cada vez mais evidentes, assim como o "apetite" pelo lugar de secretário-geral...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, abril 06, 2025

Talvez já nem nos preocupamos assim tanto, com as coisas grandes, que agora parecem pequenas...


O dia está no início e pensas no monte de coisas que te espera, para fazeres... ou que se podem avolumar. 

É um problema diário, que começa quando te habituas a deixar para amanhã, o que devias fazer hoje.

Pensamos que sabemos tudo, mas os antigos continuam a dar-nos lições, diariamente, do que é bom viver...

Talvez já nem nos preocupamos assim tanto, com as coisas grandes, que agora parecem pequenas...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, abril 05, 2025

«Não eras tu que querias chuva?»


«Não eras tu que querias chuva?»

Não respondi, mas se calhar era, como quase todos os portugueses que passavam por rios ou barragens, com escassez de água.

Talvez agora seja o tempo de recebermos tudo em excesso. Aquilo que chamamos equilíbrio, perdeu-se há muito tempo. Agora recebes tudo ou nada...

Penso que o ser humano não nasceu para se confrontar diariamente com todos estes desafios. Não li estudo nenhum, mas de certeza que isto não faz bem à saúde mental de ninguém.

Claro que isto não serve de explicação, muito menos de desculpa, para violadores ou para os assassinos que não deviam andar por ai nas estradas, que matam e fogem...

Pois... Também é tempo dos cobardes. Há demasiados lugares que permitem às pessoas serem outras coisas (e até lucrarem com isso, com a fila enorme de seguidores...), ao ponto de se sentirem "super-heróis", e acharem que "podem fazer tudo"...

Eu sei que isto não tem nada a ver com a chuva, com rios, com barragens. 

Só tem a ver com as pessoas, com vaidades, com loucuras...

(Fotografia de Luís Eme - Constança)


sexta-feira, abril 04, 2025

«O mundo sempre gostou de nos passar por cima»



Sinto-me muitas vezes um "espectador" deste viver, cada vez mais estranho e difícil, mas o David é tudo isso em maior.

Ser ligeiramente mais velho e viver sozinho faz com que ainda seja mais da "idade da pedra".

Ele acha graça à nossa mania de inventar coisas para nos facilitarem a vida, especialmente àquelas que acabam por nos tramar, quase sempre.

E eu acho graça a forma como fala do mundo, de uma forma quase abstracta, como se ainda fosse povoado por deuses, quase todos gregos e ilhéus e ele se limitasse a estar sentado numa sala de cinema a assistir à "fita".

Nunca gostou de coisas que escapam à ordem natural das coisas, é por isso que olha com um sorriso matreiro para a "inteligência artificial", que como de costume, irá dar-nos grandes dores de cabeça e provavelmente muitas ordens...

É também por isso que diz que «o mundo sempre gostou de nos passar por cima.»

(Fotografia de Luís Eme - Seixal)


quinta-feira, abril 03, 2025

Extremos que nunca se tocam (apesar do esforço de alguma comunicação social e de alguns governantes)


Tenho cada vez mais dificuldade em perceber a condescendência que existe para com a extrema-direita, de quase toda a gente, desde os presidentes da República e do Parlamento, passando e acabando numa comunicação social, cada vez mais permissiva e menos factual, que adora fazer comparações com uma esquerda, que nunca foi extrema.

Basta ter memória e revisitar a passagem dos partidos de esquerda pelo Parlamento, onde sempre respeitaram a Constituição e mantiveram uma postura  divergente mas digna para com os seus pares, o que não acontece com o Chega. 

Se se tem levantado tanta poeira em volta das duas mulheres grávidas despedidas pelo BE, imaginem se existisse neste partido (ou no PCP...) alguém pedófilo ou ladrão de malas... Provavelmente já tinham recolhido assinaturas para correr com eles do Parlamento...

O mais grave é sentirmos que esta dualidade de tratamento, já nem se disfarça. Rodrigues dos Santos,  é apenas um exemplo deste jornalismo televisivo, cada vez mais tendencioso.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, abril 02, 2025

Às vezes ainda escuta o grito: «Isto é tudo meu!»


Nem toda a gente compreende, o porquê, das pessoas com bons empregos e uma boa vida, serem de esquerda. Acham que estes deviam ser todos "pobrezinhos", usar calças de ganga e camisas aos quadrados...

Estávamos a falar das "cegueira ideológicas", quando apareceu a Laura.

Como de costume entrou muda e saiu calada.

Olhei-a e fiquei a pensar que devia ser o único daquela mesa de trabalho, que sabia das várias "questões ideológicas" que enfrentou desde muito cedo. Sim, teve logo na infância, a percepção de que alguma coisa estava errada no seu mundo. Ao contrário dos irmãos e dos primos, não percebia a razão de "ter tudo" e dos outros, que trabalhavam na quinta do avô, "não terem nada".

Também lhe custava não puder brincar com os filhos dos trabalhadores, e logo ela, que gostava tanto de correr e de saltar... Nem mesmo depois do 25 de Abril.

Como não viviam no Alentejo não enfrentaram o pesadelo das ocupações nem outra qualquer batalha laboral com os trabalhadores. Pelo contrário, ainda aumentaram o património, graças à desgraça alheia...

Já adolescente, foi "convocada" com o resto da família, para conhecer uma das novas propriedades da família. Fez-lhe muita confusão, ver o avô num dos pontos mais altos da herdade, de braços abertos, com um charuto no canto da boca, a dizer, quase num grito de felicidade, «Isto é tudo meu!»

Foi apenas a confirmação, de que aquele não era o seu mundo. Achou tão estranho perceber que  o avô era incapaz de dizer: "Isto é tudo nosso"... 

É muitas vezes olhada de desdém pela família. Alguns sobrinhos chamam-lhe a "tia comunista", mesmo que nunca tenha sido do PCP. Quando me contou mais esse episódio lembrei-me de ouvir um dos sobrinhos do Nuno (Teotónio Pereira), falar do mesmo modo, pouco orgulhoso de ter um "tio comunista"...

Se o avô da Laura ainda fosse vivo, era capaz de achar mais que graça, à "cambalhota" que estão a obrigar o mundo a dar...

(Fotografia de Luís Eme - Seixal)


terça-feira, abril 01, 2025

Parece no mínimo estranho, mas não é...


Somos um país onde as famílias cada vez são mais pequenas. Sim, há cada vez mais casais sem filhos ou com apenas um rebento. E muitos deles, preferem ter um cão a um filho... 

É por isso que parece "incompreensível", ouvirmos notícias sobre a falta de vagas nas creches da rede pública ou sobre fecho de várias urgências de obstetrícia aos fins de semana.

Parece...

Se não fossemos um país que tem tratado tão mal os jovens portugueses, que por não estarem para ter uma vida cheia de obstáculos, emigram para países que lhes oferecem melhores condições de vida.

E isso explica a falta de educadoras de infância e de médicos especialistas no SNS, tal como a de professores e de tantos outros profissionais...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)