segunda-feira, fevereiro 12, 2024

Um esboço de autarcas, "quase modelo", com envelopes (e até estantes e diamantes...)


Os almoços tertulianos das segundas oferecem-me sempre um ou outro tema, que poderei, ou não, explorar por aqui.

Nunca tinha pensado nisso, mas faz todo o sentido, que sejam os "extras" que aumentam os pecúlios dos autarcas, que os levam a permanecer tempo demais no poder, e não apenas o gosto de ouvir o trato de "senhor presidente", nas ruas e nas festarolas. 

Embora quem ganhe 1000 euros ou menos ache graça dizer-se que os políticos do nosso país são mal pagos, é esse o pensamento geral desta classe que vai fingindo que governa, enquanto se vai "governando", seja através de envelopes que aparecem dentro de caixas ou livros (Sim, livros. Nunca me esqueço do construtor que gostava de oferecer livros a presidentes de câmara e que um mês depois telefonava a perguntar se eles já tinham lido o livro e se tinham gostado... Ouvi a história da boca do próprio durante um serão, bem comido, bem bebido e bem conversado, que também nos disse que preferia trabalhar em Angola, onde era tudo mais simples, e não precisava de perder tempo a comprar livros...).

Nada do que acontece na Madeira, em Espinho ou em Vila Real de Santo António (é mesmo assim, percorre todo o Continente e Ilhas...), é estranho.

E também não devíamos estranhar o sentimento de "impunidade" que eles sentem, ao ponto de se tornarem cada vez mais distraídos, na forma como recebem os "envelopes" e também na exibição cada vez mais vistosa dos sinais exteriores de riqueza (que são quase sempre a sua perdição, devido à bendita "inveja", que dizem ser portuguesa...). 

E depois o ministério público e as polícias enchem-se de brios, chamam a comunicação social e anunciam mais uma "grande operação"...

Algum tempo depois descobrimos que a montanha pariu mais um rato. Embora seja normal eles ficarem tempo demais em "preventiva", também ficam a aguardar o julgamento em liberdade, até quase ao "infinito e mais além"...

Que dizer mais? A nossa realidade parece-se tantas vezes com um mero "teatro de costumes", entre a comédia e a farsa, ao ponto de chegar um momento em que nos parece, que tudo o que nos rodeia "é a brincar"... 

Claro que é uma "brincadeira séria", para quem ganha apenas mil euros ou menos, que tem que fazer pela vida. Como não recebe "suplementos" em envelopes, tem de inventar segundos e terceiros empregos para alimentar a prole que tem em casa...

Mais uma vez deixei as palavras à solta, sem ter a certeza se era sobre isto que queria mesmo escrever. Mas como "já está", não vale a pena "riscar" nem "apagar". 

Mas era tão bom que este país do esboço não passasse de uma invenção...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


2 comentários:

  1. Sendo os cargos da administração pública, a que se acede por via electiva personalizada, empregos a prazo certo.
    Sendo o acesso a esses cargos propostos por partidos políticos, sem que aos nomeados seja exigida comprovada qualificação especifica.
    Porque não se analisa e define quais os tipo de personalidade a quem tais cargos atraem, excluídos os que, bem de vida, fazem disso um adorno?

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    1. Há sempre muitas perguntas à procura de resposta, José...

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