terça-feira, fevereiro 06, 2024

A Justiça "justiceira", que "prende" mais gente dentro da televisão que nos tribunais...


Há já alguns anos que não consigo perceber muito bem o comportamento das nossas polícias de investigação, do ministério público, e sobretudo dos juízes dos tribunais.

Não sei se sou eu que vejo filmes a mais, ou se são eles. Embora também exista a possibilidade de andarmos todos a ver os "filmes errados".

Não vou dizer que a realidade é outra coisa, porque muitos filmes são o espelho do mundo que nos cerca. Mas incomoda-me todo este espectáculo, que conta sempre com a cumplicidade da nossa comunicação mais populista e "voyeurista" (até parecem terem conhecimento das coisas antes das próprias autoridades...).

Sinto que a justiça não tem nada a ganhar com esta gente que adora vestir a capa de "super-herói", antes de se sentarem nos palcos dos tribunais.

E o resultado de todo este espectáculo, são as prisões em directo, que se prolongam cada vez mais no tempo, ao ponto de prenderem pessoas, durante mais de uma semana, para depois as libertarem sem qualquer acusação (o caso mais gritante deverá ter sido o autarca de Sines...). O mesmo poderá acontecer com os "corruptos" da Madeira ou com os "bandidos" da claque do Porto (mesmo que não sejam culpados pela justiça, já não se safam destes rótulos, colocados pela comunicação social...). 

Não tenho qualquer simpatia por qualquer destas pessoas que foram presas (nem tão pouco sei quem são...). Até porque isso neste momento é o que me interessa menos. O que verdadeiramente me interessa é o método, a forma como se investiga, a forma como se prende, a forma como se acusa e a forma como - quase sempre - se liberta.

Parece que a justiça em vez de ser uma coisa séria, é uma "coisa de brincar". 

Sei que esta "brincadeira" dá muito jeito aos "sócrates, salgados, berardos e pinhos", que apesar de serem tudo menos inocentes, brincam mesmo com o estado de direito e com todos nós. Mas não é essa gente que me interessa. Interessa-me sim falar das pessoas que acabam por ser inocentadas, depois de passarem anos no "purgatório".  Ao ponto de as obrigar muitas vezes a mudarem de cidade e até de país, para voltarem a ter uma vida aparentemente normal.

Não é por acaso que nos países verdadeiramente humanistas se diz que mais vale dez culpados em liberdade que um inocente na prisão.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


4 comentários:

  1. Gostei do último parágrafo!

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    1. Mas começam a ser países em "extinção", Tintinaine...

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  2. Bom dia
    O importante é mesmo dar a noticia , a justiça em si tem muito menos valor.

    JR

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    1. E transmiti-la como se fosse a última telenovela, Joaquim...

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