sábado, junho 28, 2008

Desencontros...

A vida é uma coisa estranha. Aliás, muito estranha...
Claro que é esta estranheza que lhe dá encanto e mistério, que nos faz andar e correr atrás do nada, que até pode ser quase tudo.
E os lugares que mesmo vazios, têm pessoas?
Este quadro de José Malhoa, "À Beira Mar", enquadra-se num desses sítios...
Sempre que me sento numa das cadeiras, daquela esplanada, virada para o Oceano, encontro um olhar doce e terno, preso às minhas palavras.
Ela na época gostava mais de poesia que eu, conhecia tantos poetas e poemas... as coisas que aprendemos, os dois, ali sentados, fosse Primavera, Verão, Outono ou Inverno...
Acho que nos encontrávamos ali, mais na Primavera e no Outono, quando o mar era apenas nosso e dos pescadores de linha larga...
Vinte e alguns anos depois, descubro, que nunca mais falei com ninguém desta forma, de literatura e de sonhos.
O mais grave, é termos perdido completamente o rasto.
Nunca mais leste as minhas histórias e eu os teus poemas...

22 comentários:

  1. Memórias que ficam, bonitas...

    Beijos, Luís M.

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  2. Às vezes a nostalgia apodera-se de nós...

    Devem ter sido momentos marcantes, para os recordares agora.

    Beijitos, Luís

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  3. Há lugares e pessoas especiais, que ficam para sempre.

    Não acontece só nos filmes.

    beijinho Luis

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  4. ...e os amores que nunca foram!

    Esperei
    Sem querer acreditar
    Na sombra que caía.

    Desculpa, - fiz-te esperar, disse ela
    - Que me querias?
    O sol caía em cheio sobre a praia
    O horizonte ardia no limite, esgotado de espanto.
    Pousou Rilke sobre a mesa
    Pergunta de novo
    - Que me querias dizer?

    - Gosto de te ver, gosto de te ver com o vestido azul…
    Nunca te vi como hoje, deve ser do sol, deve ser do mar.
    Deve ser dos olhos limpos com que te vejo hoje

    - Diz lá, que mistério é esse? Tenho que ir
    E lá longe, não tão longe, outra voz
    “ Deus é um nome entre dois abandonos”

    -Há coisas que é tão difícil dizerem-se…
    É preciso que tudo esteja de acordo.

    E ela longe, tão longe, na ausência de um olhar
    Vê-te chegar, tu que não dormes
    Encostado a ela, dentro dela, nessa fímbria louca do sentir
    Olhos resplendores de estrela e punhal
    Falas-me, ouço-te…só tu, a tua voz
    Corrente mansa, em desalinho, vertigem
    Corpo suspenso como papagaio a vento desacertado.

    Como lhe dizer: - nunca te quis assim, como me queres

    Todas as palavras são mapas para testar,
    Rood-books emaranhados de dizer…
    E há alguma coisa de estranho em tudo isto
    Como pode acontecer uma vida e caminhar-mos vazios?
    És tu, só tu como um agora que foi sempre
    Nesta casa perversa e desavinda
    Regresso sempre a ti em alvoroço
    Mar queimado a horizonte
    Já não há deuses para me entreterem

    -Como lhe dizer?
    Para onde vão os amores que nunca foram?

    “Deus é um nome entre dois abandonos”
    E Rilke
    “- De outro modo erguer-se-ia esta pedra breve e mutilada
    E não tremeria assim como pele selvagem
    E nem explodiria para além de todas as fronteiras…”

    - Não se trata de mistérios. Trata-se de ser certo o que te disser!
    E toma-lhe uma das mãos sobre a mesa

    Falas-me, ouço-te…só tu, a tua voz
    Corrente mansa, em desalinho, vertigem.
    Não, não há horizonte que chegue para te contar

    Levanta-se, sacode o vestido azul, segura Rilke.
    E a voz brilha como metal acabado de polir…

    ______________
    ____________
    escrevi-o há muito tempo.

    a vida nunca deixará de nos ser estranha, Luís.:) ontem, como hoje.

    abraço

    maré

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  5. As memórias que nos vão ficando...

    Beijinho, Luís

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  6. há pessoas que aparecem por uma razão especial

    e que depois desaparecem

    foi o teu anjo da poesia

    um abraço
    jorge

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  7. uma memória que nunca morre, pois que guardada por esse local à beira mar. beijinhos, luís.

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  8. São boas as recordações que guardamos no coração.
    Um abraço Luís.

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  9. essas varandas viradas para o mar...
    mesmo que fosse em silêncio, estava tudo dito, poesia, prosa, tanto faz!
    recordações e lembranças
    beijinhos

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  10. memórias que ficam, M. Maria Maio...

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  11. marcantes à distância, Anoris...

    há cumplicidades encantatórias...

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  12. claro que não, Alice.

    embora os filmes sejam quase sempre feitos de sonhos e pesadelos, também há por lá alguma realidade...

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  13. pois não, Maré, e tantas vezes, também, incompreensível...

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  14. o tempo é assim, vai-nos trazendo e levando memórias, Maria...

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  15. foi mesmo Jorge, o meu anjo da poesia...

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  16. pois não, o mar não acaba, Alice...

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  17. pois são, reconfortam, Graça...

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  18. são lugares especiais, já de si, cheios de poesia, Gaivota...

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  19. Olá Luís, descobri este seu blog há pouco tempo mas ainda bem que aconteceu. Gosto muito de o visitar.
    Adorei este post. Cheguei mesmo a ouvir as ondas a bater.
    A propósito, deixo-o com o meu irmão que tem um tema que, apesar de ser o antónimo do seu texto, podia ser a banda sonora do cenário que o Luís descreve.
    http://br.youtube.com/watch?v=1DpY9Eq52dk

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  20. obrigado, Adsensum.

    vou já olhar e ouvir...

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  21. O mar está la sempre...e a recordaçao guardada na areia da alma :)

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  22. na areia da alma... bonita imagem, Parapeito...

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