sexta-feira, janeiro 11, 2008

Al Berto, Ao Anoitecer...


e ao anoitecer

E ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia

O poema é de Al Berto, a fotografia de Mário Cabrita Gil, o dia é de aniversário, sessenta anos...

24 comentários:

  1. Voou cedo demais........
    Um abraço

    ResponderEliminar
  2. Há poetas, cantores, Arys, Adrianos, Zecas, M.Viegas, Al Bertos e outros tantos pássaros, que têm esta mania de escrever, cantar, dizer umas coisas e ala que se faz tarde!...
    Ganham antecipadamente a eternidade e deixam-nos a gerir mal e porcamente os nós na garganta...

    ResponderEliminar
  3. "A eternidade é uma permanência da força que está dentro de nós".

    Ele sabia....

    Beijitos, Luís

    ResponderEliminar
  4. nem sei dizer o quanto me é tocante o Al BERTO.



    (posso ser "indiscreta"? a escolha pela hora tardia é uma "exclusão do piano"?

    :)

    ________________

    ResponderEliminar
  5. poema tão lindo... não conhecia.
    pelo comentário da Maria, percebi que já não está entre nós...
    mas deixou a fragância de um amor sem palavras.

    aquele beijo Luis

    ResponderEliminar
  6. Al Berto o poeta que mais li, o poeta que mais estudei, o poeta que ainda hoje vive dentro de mim

    partiu muito cedo, partiu sem eu o ter descoberto por inteiro.

    não foi nos bancos da escola ou do instituto que o conheci, foi nas tertúlias onde a poesia era a forma de se saber estar

    li tudo o consegui de Al Berto e ainda hoje tenho na minha mesinha de cabeceira o Medo, é uma espécie de bíblia, um permanente alimento e inspiração

    nasceu em 11 de Janeiro de 1948

    "Sinto-me como se tivesse cegado por excesso de olhar o mundo", «O Medo»

    Al Berto morre em Lisboa a 13 de Junho de 1997.

    sinto falta da continuação da sua poesia...


    obrigada por o recordares.



    o meu abraço onde o carinho mora

    beijinhos

    lena

    ResponderEliminar
  7. "o amor aumenta com o amarelecimento do linho
    maior quietude rodeia agora a casa lunar
    soçobram do fundo dos espelhos submersos os instrumentos
    de muitos e delicados trabalhos
    repousam sobre a erva para sempre

    só o desejo dalguma eternidade despertaria o terno arado
    mas a vida tropeça nos húmidos orgãos da terra
    as selvagens flores afligir-te-ão o olhar
    por isso inventaremos o necessário ciclo do outono

    a noite dilata a viagem
    pressentimos a nervosa luta dos corpos contra a velhice
    mas nada há a fazer
    resta-nos descer com as raízes do castanheiro
    até onde se ramificam as primeiras águas e se refaz o desejo

    as bocas erguem-se
    procuram um rápido beijo no éter da casa"


    (Al Berto in "Trabalhos do Olhar", Tentativas para um Regresso à Terra)


    Deixou-nos muito cedo, mas deixou uma obra ímpar...

    Grata pela partilha.

    Um abraço carinhoso ;)

    ResponderEliminar
  8. então o luís fez anos e não disse nada? ou eu entendi mal? só posso ter entendido mal porque ninguém lhe dá os parabéns... agradeço que diga qualquer coisa. um beijo.

    ResponderEliminar
  9. foi o alberto, já entendi. claro, o nosso capricorniano mais tudo das letras :) já passaram sessenta anos? é incrível! gostei que tivesse aqui celebrado o seu nascimento. eu já o havia lembrado dez anos após a sua morte. mas assim é que é bem :)

    ResponderEliminar
  10. Foi muito bom, Luís, teres recordado Al Berto. Às vezes surpreendo-me com as memórias que cá trazes.

    Grande abraço.

    ResponderEliminar
  11. Obrigada por recordares Al Berto. Ele que deixou sempre "viver sobre a pele uma criança de lume".
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  12. partiu mas o seu espírito ficou na palavra, no amor, no sonho,na paixão, na saudade, num tempo em que tudo acontece. A noite é mágica, fabulosa, fantástica...

    do quarto da lua

    abracinho

    *
    ,
    *

    ResponderEliminar
  13. Pois voou, Maria...

    e logo ele, que não deixava que lhe cortassem as asas...

    ResponderEliminar
  14. Pois deixam, Samuel.

    Mas acho que se tornam mais difíceis de silenciar.

    E as suas obras costumam ganhar com isso, pois têm uma divulgação maior (pelo menos quando há talento, coisa que não falta, a todos os que inumeraste...)

    ResponderEliminar
  15. Ele deixou-nos coisas fabulosas, Isabel.

    ResponderEliminar
  16. Ele tem uma obra poética especial, Manuela...

    Acho que vais gostar...

    ResponderEliminar
  17. Obrigado pelas tuas palavras, complementares e amoráveis, Lena.

    ResponderEliminar
  18. Adorei o poema "Rosa Brava"...

    ResponderEliminar
  19. Claro, foi o Al Berto que fez anos, e deve ter gostado da festa que lhe fizemos aqui, Alice...

    ResponderEliminar
  20. Este Largo adora surpreender, Berta-Helena, mas nem sempre é possível...

    ResponderEliminar
  21. Ficou e deu alguma luz à escuridão (tal como tu...), Maria Luar.

    ResponderEliminar
  22. as minhas fotos... guizo-agenda2008.blogspot.com

    ResponderEliminar