O telefonema soava-me a "urgência".
Embora soubesse que do outro lado estava uma pessoa complicada, que gostava mais de desenhar e pintar do que falar.
Mas o café era uma fonte de inspiração. Da mesma forma que eu às vezes escrevia em guardanapos de papel bíblia, ele desenhava, projectava... Foi por isso que estranhei.
Foi então que ele me disse que muitos dos amigos deixaram de ir aos dois ou três cafés que ele frequentava durante a pandemia e que nunca mais voltaram...
E foi ainda mais longe, quando disse que não se sentia bem sentado sozinho na esplanada. Viúvo há meia dúzia de anos, só agora é que sente o vazio que ficou em todo o lado.
Isso fez com que insistisse para bebermos um café depois do almoço. Ele disse que sim, mas lamentou-se: «Perdi o hábito de ir ao café e estar ali sentado a ver o mundo a passar.»
(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)
A pandemia e a viuvez quase ao mesmo tempo mudaram-me os hábitos também.
ResponderEliminarAbraço
A vida é assim, Rosa...
EliminarTambém me aconteceu o mesmo, perdi o hábito de ir ao café. Coisas da pandemia que demoram a passar.
ResponderEliminarSim, continuamos ainda afastados uns dos outros, "Partilha de Silêncios"...
EliminarGosto de me sentar numa esplanada. Não é um hábito diário que se tenha por aqui, mas quando tenho essa oportunidade na primavera ou no verão de o fazer à beira do Lago Ontário, então, sim, adoro ver o mundo a passar.
ResponderEliminarNaqueles anos em que vivi em Lisboa era raro o dia em que nao nos encontravamos no cafe para um carioca de limao. : )
Também passo menos tempo em cafés e esplanadas, Catarina.
EliminarNunca bebi tantos cafés ao balcão. :)