sexta-feira, agosto 19, 2016

"As Primeiras Coisas" de Bruno Vieira Amaral


Comecei a ler, "As Primeiras Coisas", de Bruno Vieira Amaral no final de férias. Cheguei ao fim há já alguns dias e como tinha sentido logo vontade de dizer algumas coisas, aqui estou eu.

Devo começar por dizer que se trata de um bom livro, muito bem escrito, com acção, humor e originalidade. No entanto devo realçar que, mesmo sabendo que cabe quase tudo no "romance", acho que "As Primeiras Cosias" são outra coisa...

O autor foi inteligente na forma como montou esta história, depois de uma pequena divagação, faz a colagem de dezenas de crónicas biográficas sobre as personagens (muito bem construídas, com todos os "cromos" que são possíveis de encontrar num bairro problemático, entre o esquecido e o abandonado...) do Bairro Amélia, um dos muitos que povoam as cidades suburbanas que rodeiam a Capital, neste caso particular o Barreiro, metendo-as com relativa facilidade dentro da história autobiográfica que nos quis contar.

Apesar da qualidade da escrita, senti a falta da densidade do romance tradicional e do protagonismo de uma ou outra personagem (como o autor escreve na primeira pessoa, acaba por ser ele a figura principal da história, do princípio ao fim).

É também por isso que acho que este livro não merecia tantos prémios para romances (na contracapa são publicitados quatro...). Sem estar a ser "má língua", espero que o Bruno não tenha sido premiado por estar ligado a um dos dois grandes grupos editoriais que dominam o nosso pequeno mercado livreiro.

E claro, fico à espera de um segundo livro do Bruno, desejoso de que seja um romance de verdade, daqueles que as personagens tomam conta da história e conseguem fintar o autor...

(Fotografia de Luís Eme)

8 comentários:

  1. Luís, não conheço o livro, mas aproveito a boleia de algumas das tuas considerações para botar palavra.
    Já por mais de uma vez ouvi criticas aos romances dos novos autores portugueses (sim, assim dito por atacado) pelo facto, dizem, se caracterizarem por ter pouca acção e estarem mais focados nas personagens, sobretudo no lado emocional das mesmas.
    Não sei se isto é verdade e se é uma tendência que se tem vindo a acentuar nas últimas décadas. Se é, para mim não sinto como negativo, pois, agrada-me especialmente essa focagem no interior dos personagens.

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    1. Não sei bem o que são novos autores, Isabel, se calhar são uns fulanos que já tem mais de quarenta anos...

      Este livro tem bastante acção, pelo menos através da discrição das personagens. E também não vejo como negativo esse lado emocional das personagens.

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    2. Luís, nas vezes que ouvi "novos autores" referiam-se a pessoas de trinta e tal anos.

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    3. Que já são pessoas maduras e não jovens, Isabel...

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  2. Ainda não li. Nestas férias andei-me perdendo com Eça de Queiroz, Ferreira de Castro e Manuel da Fonseca. Destes dois nunca tinha lido nada. E agora estou a ler "Logo, em Porto Formoso" de Carlos Mota de Oliveira.
    Um abraço e bom fim de semana

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