quinta-feira, dezembro 04, 2025

Ser outra coisa, distante das "marias que vão com as outras"...


Olho para trás e sinto que esta coisa de querermos ser diferentes, começa logo na infância, com coisas tão simples, como a gastronomia, por exemplo. Não foi por acaso, que os primeiros problemas que tive de enfrentar foram na casa dos meus avós maternos, com uma coisa simples, a sopa.

Habituado à sopinha passada e cremosa da minha mãe, detestava a sopa liquida e com os legumes, completamente à solta, da avó. Em vez de ficar em silencio, como o meu irmão (que neste caso particular gostava mesmo da sopa da avó...), dizia que não gostava e recusava-me a comer...

Recordo-me que os adultos gostavam de me chamar "uma criança difícil", como se nestas idades a nossa missão fosse obedecer religiosamente a todos os adultos.

Cresci e continuei a gostar de pensar pela minha cabeça, de querer a ser eu a escolher o que gostava e queria fazer. Claro que a teimosia e espírito de contradição, fazem com que tenhamos de percorrer caminhos mais longos, apenas porque queremos e sentimos que aquele é que é "o nosso"...

Curiosamente, ou não, tenho a quem sair. Tal como o meu pai, sempre gostei e quis ser "eu". 

Claro que além das rosas, também tive de agarrar alguns espinhos, porque o mundo que nos rodeia não gosta muito de quem não tem vocação para  vestir a pele de "carneiro" ou ser uma "maria que vai com as outras"...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


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