sábado, julho 05, 2025

As "duas vidas" do cinema português, uma para o povo e outra para intelectuais...


Desde que me interesso por cinema, que assisto a discussões intermináveis sobre as fitas portuguesas e os nossos realizadores.

O Mestre Manoel de Oliveira foi sempre uma das figuras mais contestadas, até pelos seus pares, porque a inveja sempre foi, e será, aquela coisa pequenina e quase "terrorista". Embora lhe reconheça alguma lentidão e fixação exagerada nos planos (o que para os seus admiradores mais pacientes é poesia...), ele sempre teve uma ideia  do que é cinema. Ou seja, o seu passado e presente, mereceram todo o apoio que teve, e não apenas para que Oliveira ficasse no "guiness" como o realizador com mais idade e experiência da Sétima Arte. Quem tem um mínimo de conhecimento do que é Arte, sabe que o Mestre Manoel foi um dos nossos melhores artistas.

O que normalmente se discute é o "cinema de autor" e o "filme comercial", como se estes fossem inimigos e não pudessem conviver uns com os outros. E como em tudo na vida, as posições de quem faz estes filmes, em vez de se irem aproximando, vão ficando cada vez mais distantes. O ideal era que não se fizesse cinema apenas para o nosso imaginário (umbigo talvez ficasse melhor...), nem se explorasse tanto o que existe de mais popularucho (a graçola manhosa a querer imitar os senhores Santana e Silva, mas muito longe da sua qualidade...). Ou seja, que se pensasse a sério nos espectadores. Mas o mundo é o que é...

Estou a escrever sobre cinema, porque há dois filmes portugueses em exibição que têm sido olhados de forma diferente pelos críticos. Falo de Portugueses de Vicente do Ó e de A Vida Luminosa de João Rosas. Se o primeiro tem sido "deitado abaixo", o segundo tem sido apreciado pela maioria das pessoas que escrevem nos jornais sobre cinema.

Embora compreenda a "defesa" do filme feita por Vicente (também nos jornais), não acho que ele ganhe alguma coisa em se preocupar mais com terceiros que em explicar as coisas menos compreensíveis do seu filme. 

E pelo que tenho lido, se há fita que seja capaz de me levar de regresso às salas, será A Vida Luminosa do João, porque se aproxima mais do que gosto de ver e sentir no cinema.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


4 comentários:

  1. Não vi os filmes. Mas penso ver.
    Uma boa semana.
    Um abraço.

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    1. Boa semana, Graça, com os filmes poéticos da vida.

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  2. A minha fraca "educação cinematográfica" não me levou a apreciar os filmes de Manuel de Oliveira.
    De resto, não vou ao cinema há anos, limito-me a ver filmes que o meu filho " pirateia" na TV e vi alguns (dos mais atuais) durante o período que estive em Lisboa.

    Abraço

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    1. Também há já algum tempo que não visito um salão de sinema, Rosa.

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