segunda-feira, janeiro 20, 2025

Provavelmente, eu é que sou o estranho nesta história...


Não consigo perceber o porquê de tantas horas de emissão televisiva, em directo e em deferido, da tomada de posse de Trump, nos canais noticiosos portugueses.

Sei que não temos tantas notícias como isso no nosso país, muitas vezes por ausência de trabalho de campo e de reportagens próprias. É a explicação que encontro para a tentativa de nos oferecerem informação seguindo as técnicas das telenovela (com "repetições" e "cenas dos próximos episódios...), que começou por ser ensaiada com êxito pelo CMTV, e depois foi copiada por todos aqueles que se fingem "sérios" a transmitir notícias no nosso país.

Também poderá existir alguma subserviência, e até admiração excessiva, ao tal "sonho americano", que só é para alguns. Curiosamente, ou não, o novo governo norte-americano é dominado por multimilionários, que olham o mundo, a partir dos seus investimentos e das suas contas bancárias, e claro, alimentam o "sonho"...

Provavelmente, devo ser eu o estranho nesta história americana, cheia de adjectivos, como o "melhor", o "maior",  o "excepcional", o "único", etc.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, janeiro 19, 2025

As palmas, os assobios, o silêncio, o vazio...


Uma boa parte das pessoas nunca saberá qual é peso que têm os aplausos e os apupos nas suas vidas, porque têm uma vida demasiado vulgar, para terem direito a palmas ou assobios...

Isso é mais para os artistas da bola, da música, do cinema ou do teatro.

Também nunca experimentarão o silêncio e o vazio, que se segue, pouco tempo depois de serem tratados como os "melhores do mundo". Muito menos quando são "pateados" e tratados como os piores do mundo.

E também nunca ganharão nem gastarão as fortunas que alguns destes artistas ganham...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, janeiro 17, 2025

A desagregação de freguesias que não chegou a Almada (nem às Caldas da Rainha)...


Consultei a lista das freguesias que são ser desagregadas de outras (são cento e trinta e cinco) e não encontrei qualquer sinal do Concelho de Almada, mesmo que algumas uniões sejam autênticos erros de casting, pelo menos para quem conhece a história local e o dia a dia destes pequenos centros urbanos.

O mesmo se passou em relação às Caldas da Rainha, onde até existe uma união entre uma freguesia urbana unida a duas rurais (Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório)... e irá continuar a existir. Aqui é que se deve sentir o "abandono autárquico"...

Mesmo assim, estou satisfeito, pelas mais de cem freguesias que voltam a caminhar, apenas com os seus pés. Sei que se trata de uma reposição justa e uma forma de servir melhor as suas populações.

Sei do que falo. Assisti às mudanças de um concelho com o de Almada, que passou de onze para cinco freguesias. O que foi mais notório foi a "desresponsabilização" dos autarcas, com a velha desculpa, de que lhe era impossível estar em todo o lado ao mesmo tempo. Isso fez, entre outras coisas, que cada vez apoiassem menos as colectividades recreativas, culturais e desportivas, tal como outras instituições que serviam os almadenses. Neste caso particular, diziam sempre que não havia dinheiro para tudo...

Por se tratar de um Concelho onde há um grande envelhecimento da população (especialmente nos centros urbanos mais antigos, como são os casos de Almada, Cacilhas, Cova da Piedade ou Trafaria), a anterior divisão de freguesias permitia uma maior proximidade junto das populações. Infelizmente, esta ligação foi desaparecendo com o tempo, assim como a própria identidade dos lugares, quase sempre com uma história muito própria, e bastante rica, como são os casos de Cova da Piedade, Trafaria ou Cacilhas.

Se acho natural que as freguesias do Feijó e Laranjeiro, assim como a Charneca e Sobreda de Caparica, devem permanecer unidas, acho que pelo menos a Cova da Piedade, o Pragal e a Trafaria, deviam ser freguesias autónomas.

Todos tínhamos a ganhar, especialmente os habitantes destes pequenos centros urbanos.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, janeiro 16, 2025

A tentativa de simplificação do dicionário "politiquês"...


Não sei se o populismo se consegue combater com outras formas de populismo.

Penso que não, mas ainda é cedo para se perceber, se o PSD consegue tirar alguns dividendos políticos, ao usar as mesmas "bandeiras" que o Chega usa, em relação à segurança e à imigração.

Curiosamente, a par desta radicalização da sua prática política, o governo escolheu a  palavra "moderação", para o combate político contra o PS, que está a ser usada pelo primeiro-ministro, pelo alcaide de Lisboa e por vários comentadores ao seu serviço, na tentativa de transformar os socialistas nuns perigosos "radicais". 

Claro que isto só pode ter o dedo e a imaginação da agência de comunicação do governo.

É apenas mais uma manobra de simplificação dos discursos políticos, que tem como objectivo espalhar a falsa "novidade", de que nós somos os "bons" e os outros os "maus".

Só que não bate "a bota com a perdigota". Não se pode ser moderado e radical ao mesmo tempo. 

Talvez seja mais uma percepção deste governo, que acredita que pode criar realidades paralelas, ao mesmo tempo que simplifica, ainda mais, o dicionário "politiquês"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, janeiro 15, 2025

Tantas coisas que não pensamos (e outras tantas que não contamos)...


Acho que as maiores diferenças entre nós, todos, homens e mulheres, está na forma de pensarmos.

Pensamos quase sempre coisas diferentes, e muitas delas (diria mesmo, quase todas), ficam-se apenas pelas nossas cabeças. Pois é, não somos assim tão iguais, como nos querem fazer crer.

São aquelas coisas que se sentem e não se dizem, por isto ou por aquilo.

Pensei nisso, poucos minutos depois de assistir ao começo de uma discussão sobre o "fazerem-se ou não se fazerem filhos", entre um casal, que se aproximava vertiginosamente dos quarenta anos.

Naquela "mesa de ideias", éramos sete e só dois tínhamos filhos. Eu com apenas dois, parecia quase um "fenómeno do entroncamento". A Inês tinha uma miúda, já adolescente. Os outros deviam ter imensas desculpas para não quererem aumentar a população mundial, mas acabámos por ficar todos em silêncio, com algum receio de que aquela conversa chegasse aos lugares, onde existem placas com sentidos únicos.

Mas não se foi tão longe, o Rui limitou-se a dizer que se fosse mulher, há muito que tinha filhos. A Clara começou a rir-se e depois disse: «Pois é. É uma pena, nunca conseguirmos ser iguais. Adorava que os homens também pudessem ter filhos, períodos, enxaquecas e consultas de ginecologia.»

Começámos todos a rir, inclusive o Rui. E a conversa ficou por ali. 

Voltámos ao trabalho.

Quando vinha para casa acabei a pensar no assunto. Era uma coisa tão óbvia, que nunca me fez confusão na cabeça, mesmo que fosse estranha. 

Eram as mulheres que determinavam o aumento da população no nosso país e no mundo e ponto final. 

Embora raramente fosse uma opção solitária, à verdade é que eram elas as únicas que podiam ter filhos e tinham sempre a última palavra sobre o assunto, mesmo que fingissem que não...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, janeiro 14, 2025

Um primeiro-ministro que passa o tempo armado em "chico-esperto" e a insultar a nossa inteligência


Não sei o que se passa, ao certo, em relação a uma boa parte dos nossos governantes - com especial relevo para o primeiro-ministro -, que passam o tempo a insultar a nossa inteligência, com jogos de palavras, que acabam por dizer muito de quem são e do que lhes vai pela cabeça...

Posso começar pelo dinheiro, que cada vez condiciona mais as nossas vidas. Quando um primeiro-ministro contrata um secretário-geral para o seu governo, que vai ganhar seis mil euros mensais, e tem o desplante de dizer que este "vai pagar para trabalhar", insulta quase dez milhões de portugueses, que nem um terço deste valor recebem das suas ocupações profissionais.

Mais graves são as "comparações" que tenta fazer entre as manifestações contra o racismo e a favor deste, tentando armar-se em "balança". Além da desproporção entre as manifestações e os manifestantes (a manifestação contra a discriminação racial trouxe para a rua dezenas de milhares de pessoas, de todos os quadrantes políticos - até sociais democratas - enquanto a promovida pelo Chega contou com pouco mais de uma centena de pessoas, todos racistas...).

Mas os números nem são o mais importante. A questão de fundo é comparar quem luta pelos direitos humanos e pela igualdade de tratamento entre todos as pessoas, independentemente da sua cor de pele, naturalidade ou credo religioso, com gente racista, que aproveita todas as oportunidades para colocar em causa que é diferente deles...

Embora seja um lugar cada vez mais comum, é triste percebermos que estes políticos não aprenderam nada, continuam agarrados aos mesmos vícios do final do século dezanove, tão bem caracterizados na escrita pelo grande Eça de Queirós e na arte do desenho humorístico pelo enorme Rafael Bordalo Pinheiro.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


segunda-feira, janeiro 13, 2025

A liberdade nunca foi fazermos e dizermos o que nos dá na "real gana" (dois)


Os abusos da liberdade, esse bem de todos e para todos, são práticas comuns tanto das classes mais altas como das mais baixas. Como de costume é a chamada "classe média", que faz o equilíbrio das coisas.

As camadas mais baixas da sociedade, normalmente iletradas, acabaram por ser as grandes vítimas desta situação, embora também tenham alguma responsabilidade pela forma como sobrevivem, por começarem a usar e a abusar de uma "manha" (que contínua a vingar nos seus "territórios"...): aos direitos dizem sempre sim e aos deveres dizem sempre que podem, não.

Por serem "pobrezinhos" acham que tem de ser o Estado a dar-lhes tudo, desde casa à alimentação, e claro, ainda algumas moedas (rendimento mínimo...), para o tabaco e a bica.

Claro que se limitam a fazer o mesmo que muitos empresários (esses mesmo que se fingem competentes e bem sucedidos, que normalmente vivem em mansões ou palacetes e não em bairros sociais...) - fazem: alimentarem-se e viverem às custas das "tetas do poder", como muito desenhou há mais de um século, o grande Rafael Bordalo Pinheiro.

Quando estes se queixam dos trabalhadores (dizem que "não querem trabalhar"), para não lhes aumentarem os salários baixos, fazem o seu número, e depois tentam ver se cai mais algum dinheiro do poder...

Parece que isto não tem nada a ver com a liberdade, mas tem, porque o mau uso que se lhe dá, começa logo nestes pequenos grande pormenores, em que tanto o "pobre" como o "rico", usam e abusam de um Estado, que é sempre encarado como a melhor solução para resolver os seus problemas.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, janeiro 12, 2025

A liberdade nunca foi fazermos e dizermos o que nos dá na "real gana" (um)


Acho que os grandes problemas da sociedade actual são a forma como se entende a liberdade, seja em casa, na escola ou na rua.

E devo dizer, desde já, que nesse aspecto as redes sociais não têm grande coisa a ver com o assunto.

Houve mudanças enormes nos últimos cinquenta anos no nosso país, mas nem todas foram bem definidas, reguladas e aceites pelo comum dos mortais. 

A necessidade de mudança foi tal, que levantou logo outras questões (ainda durante o PREC...), que foram agravadas pela falta de cultura democrática, normal, para quem tinha vivido quase meio século em ditadura. Além do poder repressivo, abusava-se do "respeitinho", imposto pela generalidade das autoridades e das instituições.

Infelizmente, tanto no seio da família, como na escola ou na vida em comunidade, nunca se conseguiu encontrar o caminho certo para a tal liberdade, que se alimenta tanto de direitos como de deveres. Foi bom abolirmos o "respeitinho", mas foi muito mau deixarmos de respeitar o outro, como alguém igual a nós, nos tais direitos e deveres, que quando cumpridos, são a grande marca das sociedades mais bem sucedidas, social e economicamente.

Facilitou-se demasiado o caminho e chegámos a um tempo em que tudo parece "estar em crise". Mas é uma crise que parece interminável e dura há praticamente duas décadas e se tem agudizado (aí sim, com o apoio das redes sociais, onde tudo parece ser permitido...)...

Mas eu continuo a pensar que tudo começa e acaba no uso que damos à boa da Liberdade.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)



sexta-feira, janeiro 10, 2025

O homem "cor de laranja" não está num baile de máscaras...


Não sei se é por causa do corte e penteado do cabelo, pela cor do seu bronzeado ou pelas suas ideias estapafúrdias, sei apenas que é difícil levar a sério o novo "dono" da América.

Agora quer juntar ao reino a Groenlândia e o Canal do Panamá, ao mesmo que quer colar o Canadá ao mapa dos Estados Unidos da América.

Não sei se chegará a algum lado, mas é assim, com  ideias lunáticas, que os grandes ditadores se afirmam no mundo. 

Hitler é o melhor dos exemplos mais recentes da história mundial.

E se presidem a nação mais poderosa no mundo, é bom que se comece a pensar que o homem "cor de laranja" não está num baile de máscaras...

(Fotografia de Luís Eme - Barreiro)


quinta-feira, janeiro 09, 2025

As mulheres, a direita (dos extremos) e a liberdade


Sei que não devia, mas faz-me bastante confusão, ver mulheres, aparentemente normais, fazerem parte de partidos da extrema-direita. Partidos que passam o tempo a defender coisas que as diminuem como pessoas e cidadãs, intrometendo-se com a sua própria dignidade e liberdade pessoal.

Até posso acreditar que algumas queiram voltar aos velhos tempos, em que a uma boa parte das mulheres, estava-lhes apenas reservado  o papel "mães" e "donas de casa". Mas não deixo de achar isso, no mínimo, estranho.

Isto de se gostar demasiado da liberdade, tem cada vez mais coisas que se lhe digam... 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, janeiro 08, 2025

«A mentira é quase sempre mais agradável que a verdade.»


Nem toda a gente fica espantada com o aparente triunfo da mentira sobre a verdade, em cada vez maior escala, e que tem os maiores exemplos no que se está a passar nos Estados Unidos da América, em Israel, na Rússia ou na Ucrânia, para não ir mais longe.

Organizações como a ONU ou a OMS, apesar da sua importância, são cada vez mais banalizadas pelo poder de meia-dúzia de ditadores, que acham que podem fazer tudo o que lhes apetece e que escapam impunes.

O que me espanta é a forma como as populações, destes e doutros países, aceitam ser enganadas pelos seus líderes, dando cada vez mais espaço à mentira e aos negacionistas, disto e daquilo. 

Ficando-me apenas nos EUA, será que nem mesmo o inferno que lavra na Califórnia, faz com que os americanos, mudem de atitude em relação ao ambiente, para não ir mais longe?

Mesmo que o Carlos tenha alguma razão sobre a natureza humana, de que para muitos de nós «a mentira é sempre mais agradável que a verdade», continuo a pensar que as suas pernas continuam a ser demasiado curtas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, janeiro 07, 2025

As coisas ainda são mais graves do que aquilo que pensava (nas redes sociais)


Ontem, quase por um mero acaso, assisti a uma reportagem transmitida no Jornal da Noite da SIC sobre as "mentiras" difundidas nas redes sociais, protagonizada por vários jovens estudantes franceses, que fizeram um trabalho de pesquisa, utilizando o "google" e o "tik-tok", sobre a primeira viagem do homem à Lua e também sobre a primeira vez que esta foi pisada pelos humanos.

Foi uma reportagem bem elucidativa do que se "aprende"  e do que "informa" esta rede social...

Enquanto o "google" oferecia aos jovens as datas certas e os nomes certos, destes acontecimentos históricos, o "Tik-tok" falava deles como se se tratasse simplesmente de uma "invenção americana", ou seja, como se nada daquilo tivesse acontecido...

Não fazia ideia que fosse possível acontecer algo do género, que se alterasse a história da humanidade, apenas porque não se gosta do que aconteceu. 

As coisas que se passam nas redes sociais são ainda mais graves do que aquilo que pensava...

Adenda: Nem de propósito. Desde a manhã de hoje (8 de Janeiro), que tem sido difundida a notícia de que a META vai deixar de controlar a desinformação, a mentira, na sua rede...

(Fotografia de Luís Eme - Sobreda)