Além de o entrevistar, estive mais duas ou três vezes com ele, por termos amigos comuns. O que recordo? Um homem de princípios, opinativo, culto, que gostava de ser de esquerda, por acreditar ser possível vivermos num mundo mais igual, para todos nós. Em suma, "boa gente".
Numa das últimas entrevistas que deu (ao "Ípsilon" em Outubro de 2019...), disse:
«Eu necessito de afecto, olho para as
pessoas e gosto de sentir afecto por elas, dá-me vida. Morrer? Estou pronto
para morrer a qualquer momento. Seria injusto queixar-me. Trataram-me tão bem…
O meu pai não tinha dinheiro para mandar cantar um cego e pôs-me a estudar num
colégio na Suíça, casei com uma mulher que é uma pessoa do outro mundo e depois
os nossos filhos e netos, há aqui um conteúdo de grande liberdade com grande
responsabilidade, portanto quando nos encontramos estamos bem. Discutimos,
ralhamos, cada um traz o seu problema, é excelente. E acordo sempre
bem-disposto: porque estou vivo.»
Gostava de cantar os grandes poetas e teve a coragem de trazer para o fado outros instrumentos, além da guitarra e da viola. Na época foi bastante criticado, mas o tempo deu-lhe razão. A modernidade do fado, deve muito ao Carlos.
Mas como o poeta escreveu, para ele cantar com a sua qualidade e singularidade: "Por morrer uma andorinha, não acaba a Primavera..."
(Fotografia de Luís Eme - do Ginjal com o Tejo e Lisboa)
Ontem passei o dia a ouvi-lo, juntamente com os seus poetas e os seus músicos.
ResponderEliminarEscolhi Estrela da Tarde para o homenagear no FB!
Abraço
Ontem também andei com muitos dos seus fados na minha cabeça, provavelmente influenciado pela televisão, Rosa.
EliminarÉ sempre agradável ouvir o Carlos do Carmo.