terça-feira, janeiro 26, 2021

Os "Esquecidos"...


Quando se fazem contas sobre os resultados eleitorais, tratam-se os abstencionistas um pouco como os anónimos em alguns blogues (faz-se de conta que não "existem"...), dá-se o mínimo valor possível, a quem não quis exercer um dos poucos direitos que tem, de poder "mudar alguma coisa".

Sem me servir de qualquer estudo, estou convencido de que os abstencionistas de 2021 não são os mesmos de outros anos. Há muita gente de idade avançada que não votou pela primeira vez, por causa do cerco que o "covid 19" tem feito a todos nós (mas com maior incidência mortal a quem tem mais de 75 anos...). Tenho dois exemplos na família. Tanto a minha sogra como a minha mãe não foram votar nestas eleições. Ambas sabiam que o Marcelo ia ganhar com larga maioria e por isso não acharam que valesse a pena irem para filas das secções de voto, porque à partida estava tudo decidido.

Pelos resultados é fácil constatar que uma boa parte das pessoas que não foram votar votam à esquerda (o PCP e o BE valem mais que os votos no João e na Marisa, mesmo que alguns tenham "viajado" para a Ana... e no próprio PS houve quem não votasse por não querer votar à direita e não gostar da "embaixatriz"). Também se pode pensar que algumas pessoas da extrema direita devem ter votado pela primeira vez (especialmente os jovens...) em eleições, por finalmente se sentirem "representados" por alguém.

Ou seja, estas eleições foram de tal forma especiais, que no meu entender, não permitem uma boa parte das leituras que têm sido feitas pelos analistas e comentadores. Se no Alentejo profundo pode ter existido um voto "anti-cigano" (há muitas comunidades que se têm fixado nesta província e têm comportamentos que desagradam às populações nativas...), não acredito que isso tenha acontecido em Setúbal. Digo isto quando olho para os resultados e por saber que conheço mais de uma dúzia de pessoas que não foram votar e que habitualmente votam na CDU...

Espero estar certo. Mas como disse anteriormente, a "ameaça" veio para ficar...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


4 comentários:

  1. Eu entendo as pessoas. Elas estão fartas porque os partidos não lhes resolvem os problemas da saúde, da habitação, do emprego...e acham que o Chega é a solução. Mas não é! Não é! Basta ler o programa do partido!

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    1. Sim... e nesta altura ainda se sentem mais perdidas, com tanto silêncio e desolação à sua volta, Maria...

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  2. Também penso que as pessoas votaram no populismo do AV e não no partido. Não se podem entender eleições para a presidência da mesma forma que legislativas ou autárquicas. Só quando esta acontecerem teremos uma noção da realidade e saberemos se há tanta gente a votar no Chega ou não.
    De qualquer modos este tipo de gente é perigosa. Basta olharmos para Trump ou Bolsonaro.
    Abraço e saúde

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    1. Ainda não percebi se votaram a favor ou contra alguma coisa, Elvira.

      Mas "eles andam aí"...

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