terça-feira, janeiro 31, 2023

O Cinema, as Emoções e as Pessoas (dentro das memórias)...


Depois de uma boa conversa sobre cinema, lembrei-me de três pessoas, porque há sempre um ou outro filme a rodar dentro da nossa cabeça... 

A magia do cinema fez com que recordasse a Ida, que não falava comigo apenas dos filmes da sua vida. Uma das coisas que lhe causavam mais admiração no trabalho dos realizadores, era a quase facilidade com que eles metiam dezenas de anos em apenas hora e meia de fita, sem que se notasse alguma falta ou falha. Também me chegou a falar de como as imagens, mesmo sem o apoio de vozes, mexiam com as nossas emoções. Bastava um olhar, um gesto ou um andar, mais lento ou mais apressado... para nos deixar os olhos brilhantes.

Ainda mais estranho foi lembrar-me dos meus avós maternos, que nunca devem ter visitado uma sala de cinema, com plateia e balcão. Talvez tenham assistido à projecção de algum filme ou documentário no Salão Paroquial da Aldeia, onde quase que tinha de se levar um banco de casa... Ou seja, era outra coisa, sem ser cinema. Era quase como ver filmes na televisão...

(Fotografia de Luís Eme - Monte da Caparica)


segunda-feira, janeiro 30, 2023

Deus é Grande, muito Maior que o Palco do Oriente...


Basta pensar na mitologia cristã, para se concluir que se "Deus está em toda a parte", é muito maior que todos os palcos do Mundo, inclusive o que ainda está só no projecto, lá para os confins do Oriente de Lisboa.

Provavelmente, foi a pensar em toda essa "grandiosidade", que a igreja viu com bons olhos a construção de um palco gigantesco, algo com a dimensão do seu mais que tudo. 

O alto clero nem sequer parou para pensar, que a sociedade mudou muito, para melhor e para pior. Não é por acaso que nas últimas décadas deixaram de acontecer milagres...

Nem mesmo o bispo que diz (com uma grande lata, diga-se de passagem...), que o preço do palco "magoa", se lembrou que uma boa parte dos portugueses vivem com dificuldades, graças à inflação que se sente em todo o lado. Voltaram a ter de contar todas as moedas, grandes e pequenas, para conseguirem pagar os encargos mensais...

Curioso é ouvir o presidente do Município de Lisboa a utilizar como exemplo o "retorno" de muitos milhões das últimas Jornadas da Juventude, realizadas em Madrid, para justificar os gastos nesta iniciativa. 

Quem não têm a memória curta, sabe que as organizações da Expo98 e do Euro2004, também iriam ter um retorno de milhões....

Só que a realidade é tramada... E quase vinte anos depois, algumas autarquias ainda estão a pagar o preço de terem participado nessa "feira de vaidades", que foi o Campeonato Europeu de Futebol, com a construção de estádios que nunca foram o que deviam ser...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, janeiro 29, 2023

«Estes xocialistas da costa quando falam em ética republicana deviam lavar a boca com sabão»


O Mário Soares nunca foi um político sobre quem tivesse muita admiração, embora me surpreendesse, várias vezes, pela positiva, até por questões pessoais.

Isso aconteceu em parte por ele ser um "verdadeiro animal político". Além de ter uma cultura superior, era capaz de ver mais longe que a maior parte dos seus companheiros e adversários, para o bem e para o mal.

E à distância de quase meio século da Revolução de Abril, é fácil dizer que ele é uma das grandes figuras da chamada segunda República (senão mesmo a maior).

Por ter um feitio especial, teve atritos com outras grandes figuras da nossa democracia, como foram os casos de Francisco Sá Carneiro ou do general Ramalho Eanes. Por este último ter feito anos esta semana, acabou por aparecer na nossa mesa, durante o café. O Pedro, que o conheceu bem, deu vários exemplos da sua honorabilidade. O Carlos "dos jornais" (é uma alcunha recente, por ser praticamente a única pessoa da mesa que ainda lê jornais de papel, diariamente, e nunca compra o "pasquim" da Cofina...), trouxe Mário Soares para a conversa e regressou-se aos anos oitenta do século passado. 

Quase que só os escutei, porque nesses tempos os meus interesses estavam distantes da política (e ainda estão, diga-se de passagem, mas hoje acompanho mais a dia-a-dia do país...).

E foi assim, que a meio da conversa surgiu a "ética republicana", tão proclamada em vários discursos e entrevistas, por ministros, secretários de Estado e pelo próprio António Costa, com a Carlos a dizer: «Estes xocialistas da costa quando falam em ética republicana deviam lavar a boca com sabão.»

Não foi difícil encontrar unanimidade na mesa...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, janeiro 28, 2023

Um Teatro do Absurdo que quer entrar dentro do Teatro da Liberdade...


Ainda não escrevi nada sobre o que se passou há já alguns dias no palco do Teatro São Luiz, porque tudo aquilo poderia fazer parte de uma outra "peça de teatro", daquelas que fogem da realidade e se aproximam do absurdo.

(Este aparte sobre o que se passou é mais dirigido à Catarina, que vive do lado de lá do Atlântico: Uma actriz transsexual invadiu o palco do teatro no decorrer na peça "Tudo sobre a Minha Mãe", baseada no filme de Pedro Almodóvar, só em cuecas, expulsando o actor que estava em cena e fazia o papel de um "trans", acabando com a peça, ao mesmo tempo que fazia quase um comício reivindicando direitos das minorias sexuais, defendendo que aquele papel só podia ser desempenhado por um actor transsexual...).

Infelizmente chegámos a um tempo que as pessoas de algumas minorias só se preocupam é em ter "direitos" para elas próprias, estão-se a borrifar para a igualdade, para os outros,  ou para a sociedade onde estão inseridos. Querem sim que lhes dêem empregos, casas, tudo de "mão beijada" (ao mesmo tempo que fecham os olhos aos direitos das maiorias, que têm de pedir empréstimos para comprar casa e ir a entrevistas de emprego para arranjar trabalho...).

Ou seja, estão a querer subverter a democracia e a própria racionalidade da sociedade em que todos vivemos.

E ainda por cima, neste caso particular, escolheram o pior sitio possível para se manifestarem, os palcos. Um dos poucos lugares onde os actores podem ser tudo e dar voz às minorias (como era, e é, o caso...). Durante uma ou duas horas os actores e as actrizes podem "vestir" a pele da mulher, do preto, do travesti, do homossexual ou do que quer que seja, com toda a liberdade criativa do mundo, focando os problemas que estas têm de enfrentar diariamente.

O problema mais grave desta e doutras questões próximas, é percebermos que são estes abusos do uso das palavras Liberdade e Igualdade, que fazem com que cresçam os movimentos fascistas, que circulam por aí "transvestidos" de partidos liberais e de direita...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quinta-feira, janeiro 26, 2023

«Não te metas nisso. As ordens são instituições com um travo fascista.»


A existência de Ordens faz sentido, em praticamente todas as profissões, não só por ter um papel regulador, mas também por tentar valorizar e dar mais dignidade a várias actividades.

Claro que nem sempre o conseguem. Existe sempre o perigo de ficarem reféns de um corporativismo demasiado conservador, como acontece com a Ordem dos Médicos, que além de defender os seus pares quase até à exaustão, limita bastante a entrada de novos elementos à profissão.

Talvez seja por exemplos como este, que nunca se chegou a um consenso sobre a existência de uma Ordem de Jornalistas, e ainda bem. Na minha opinião seria mais um obstáculo à liberdade de informação (já bastam as entidades patronais para controlarem e escolherem os "jornalistas bons" e os "jornalistas maus"...).

Lá estou eu a "caminhar" para outras bandas...

O que eu queria era falar no mundo da música, que parece ser o menos regulado das "culturas" (parece...), dos muitos cantores que nunca entrariam em qualquer programa do género de "ídolos" ou "chuva de estrelas" e que andam por esse país fora a fingir que sabem cantar, escondidos atrás da mesma cassete (sim, parece que cantam todos com a mesma música de fundo...). Quando veio à baila a falta de qualidade da maior parte dos visitantes dos programas de fins de semana televisivos, o Tó exclamou que devia haver uma entidade (disse a palavra "Ordem" e tudo...), com força e capacidade para excluir da profissão todos aqueles que nem sequer deviam cantar durante o banho.

O Rui contrariou-o de imediato, dizendo: «Não te metas nisso. As ordens são instituições com um travo fascista.» E continuou. «Sabes o que é que ia acontecer? Só entravam na profissão quem eles queriam, o que não quer dizer que fossem os melhores. Parece que não conhecer este país de merda, infestado de cunhas por tudo o que é sitio.»

E lá tivemos de dar razão ao Rui. Ou seja a ideia de uma entidade reguladora nas canções podia ser muito boa, mas não no nosso país...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, janeiro 25, 2023

Um Café com Livros e sem Editoras...


Às vezes perguntam-me porque nunca apostei a sério na literatura. Embora nem sempre o diga, a resposta está mais ligada ao "medo" de arriscar, que de outra coisa. Seria sempre uma incerteza, porque as apostas feitas pelas editoras não se prendem apenas  com o talento. 

O mais curioso, é não estar arrependido de ter levado uma "vida normal", com um emprego, uma mulher, dois filhos... Sem conseguir voltar a escrita de romances...

Mas eu não queria falar de mim, mas de um amigo que "fingiu" apostar a sério na literatura, ao ponto de ter editora e tudo. Escrevi fingiu, porque ele nunca deixou de ser professor, a profissão que parece ter acordado agora, em 2023,  do pesadelo dos últimos anos, e que finalmente quer "respeito"...

Conversámos durante umas boas duas horas, na esplanada deserta e quase gelada (o Sol fazia apenas parte da paisagem) de um dos cafés que nos pertence e a mais umas largas dezenas de pessoas. Embora não estivesse arrependido da sua opção, das férias que passou a escrever estórias em vez de estar a namorar e a curtir o sol de qualquer praia do Sul, pensou que tudo seria diferente. Pensou que era capaz de escrever mais livros e ter mais sucesso literário. A sorrir, disse que não se importava nada de ter o êxito do Dos Santos. Só o êxito, sublinhou, sem deixar de sorrir, não queria ter escrito aqueles livros onde nunca falta "banha da cobra".

Sabe que para ter escrito mais livros, precisava de deixar o ensino, de escrever apenas. Teve a coragem de dizer, que ainda bem que nunca o fez. A editora nunca lhe pagou dinheiro que desse sequer para sobreviver e ainda o obrigou a juntar várias histórias mal amanhadas que deram um livro de contos. Como estava a falhar os prazos, começaram a "ameaçá-lo". Resistiu até poder. Sabia que não era escritor para fazer um bom livro em todos os verões... e como não lhe apetecia publicar "lixo", percebeu que tinha os dias contados na editora.

O mais curioso, foi ele dizer que se sentia aliviado. Agora que não tinha pressões, talvez escrevesse o tal livro que todos perseguimos e que só poucos conseguem escrever, e que vale por todos os outros...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, janeiro 24, 2023

O Preço da Inexistência de uma Política Cultural


Uma das maiores lacunas no nosso país, no pós-Abril, continua a ser a aposta na cultura. 

Nunca existiu uma política cultural concertada pelo Estado, desenvolvida desde o começo da nossa vida escolar (tal como não existe no desporto, só que este sempre teve a vantagem de não precisar de tantos meios e de ser muito mais acessível a todos, se esquecermos a vela, o ténis ou o hipismo...).

O Estado ao longo de quase cinquenta anos, limitou-se a apoiar os projectos e as pessoas que lhes davam visibilidade (e votos...), quase sempre de uma forma pontual. Neste Estado coloco também as Autarquias, que foram desenvolvendo políticas culturais completamente diferentes umas das outras. Os Municípios de esquerda sempre utilizaram a cultura como bandeira, ao contrario dos mais conservadores, que sempre olharam com desconfiança para os agentes culturais, como se estes fossem uns "perigosos esquerdistas".

E chegamos hoje a uma situação quase insustentável, com teatros sem espectadores, livros sem leitores e exposições sem visitantes. Isto faz com que uma boa parte dos artistas sejam quase forçados a ter uma segunda profissão, para não "morrerem de fome", como acontecia antes de Abril.

O curioso, é que ninguém fala destes problemas, nem mesmo os actores (os que acabam por ter mais visibilidade...), que têm de trabalhar em bares, restaurantes ou conduzir "tuks-tuks", para terem dinheiro para o pão e para a sopa. 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, janeiro 23, 2023

A Nossa Organização quase "Tribal"...


Embora hoje se fale muito de inclusão, normalmente quando se abordam questões sobre as minorias, a forma como nos continuamos a integrar, socialmente, contraria a tese de "incluir".

Critica-se muito as escolhas políticas, mas desde sempre que as pessoas que são escolhidas para cargos que vão desde presidente de junta de freguesia a primeiro-ministro, quando se trata de convidar os seus pares, dão preferência à confiança política e à relação pessoal existente, a competência profissional passa para terceiro ou quarto lugar. 

As únicas pessoas que são capazes de escolher aqueles que irão trabalhar debaixo da sua alçada, pela competência profissional, são os independentes e solitários. Gente que não tem actividade partidária nem muitos amigos. Ou seja, gente que se existe, não tem qualquer hipótese de chegar a qualquer poder...

É por isso que não devemos ter grandes ilusões (e não temos...) em relação aos políticos. O normal é rodearmo-nos de amigos e de pessoas da nossa confiança, desde o clube de chinquilho à sociedade filarmónica. O associativismo sempre viveu desta organização quase tribal. 

Tudo isto para dizer que os problemas que nos saltam diariamente para os olhos, não se devem unicamente a esta forma de organização. A verdadeira questão está ligada à forma como estes "compadres" exercem o poder. E lá vem a ética e a estética, que são hoje apenas "figuras de retórica" e tanta falta fazem às nossas organizações...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, janeiro 22, 2023

O "Salta-Pocinhas" e o "Rapaz das Orelhas Grandes"


Estávamos mais a desconversar que a conversar, quando o Rui disse que parecíamos o "Salta-Pocinhas" e o "Rapaz das Orelhas Grandes". Acabámos todos a sorrir e a recordar o espírito de "guerrilha de café" destes dois amigos, que já nos deixaram, mas com quem vivemos vários episódios, que normalmente nos faziam sorrir. 

Por questões que se prendiam com as personalidades e com o carácter de cada um, viviam quase sempre oposição, neste nosso "teatro da vida" diário. Mesmo nas conversas mais simples sobre coisas pequeninas, "disparavam" sempre em sentido contrário um do outro.

Não sei se foi por serem do tempo em que quase todos os homens tinham uma alcunha, que decidiram "baptizarem-se" um ao outro, com nomes que lhe faziam alguma justiça.  Se o Jorge, por mudar de ideias quase com a mesma velocidade com que mudava de camisa e roupa interior, passou a tratado pelo "Salta-Pocinhas",  o Alfredo, por ser bastante teimoso nas suas coerências, passou a ser o "Rapaz das Orelhas Grandes" (o Jorge adorava utilizar o argumentário de que "só os burros é que não mudam", muito utilizado por todos aqueles que fazem quase contorcionismo com a coluna vertebral e gostam pouco de ideias fixas, como era o seu caso...).

Onde estavam mais em desacordo era no campo político. O Jorge ao longo dos anos conseguiu "viajar" da extrema-esquerda até ao PSD, com uma paragem breve pelo PS, enquanto o Alfredo se conseguiu manter sempre fiel ao PCP. Estes trajectos diferentes faziam toda a diferença e tornavam qualquer conversa numa "batalha de palavras". Normalmente inclinávamos-nos para o lado do Alfredo, graças às suas lições de "ética e estética", o que deixava o Jorge furibundo, ao ponto ir deixando, aos poucos, de ser visita diária no café.

Só mesmo a memória de dois amigos para conseguir apaziguar o começo de uma discussão e nos deixar a sorrir...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, janeiro 21, 2023

A Complexidade das Relações Humanas...


Desde a "pós-adolescência" que percebi que o dito "inimigos dos meus amigos meus inimigos são" estava errado. Da mesma forma que percebi que nem todos conseguiam "separar as águas", nesta coisa complexa que são as relações humanas...

No curso que estava a tirar, havia um rapaz que tinha um feitio terrível e a "qualidade" de fazer mais inimigos que amigos. Curiosamente, sempre nos demos bem, entre outras coisas, porque ele sempre me tratou como deve ser. Embora não gostasse de muitas das suas atitudes, nunca consegui colocá-lo de parte, contrariando a vontade de outros amigos.

Alguns amigos compreenderam a minha posição, outros nem por isso. No grupo destes últimos, houve quem quase me fizesse uma espécie de ultimato, do género "ou ele ou eu". Teimoso como sempre fui, e sou, nunca mudei esta minha característica. E, felizmente, sempre consegui ir "separando as águas".

É por isso que, com esta idade, quase maior, é-me perfeitamente natural ser amigo do Zé Manel e do Carlos, mesmo que eles sejam meninos para mudar de passeio quando se cruzam na rua...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, janeiro 20, 2023

Uma Justiça Refém das Televisões que querem ser Tribunais e de Juízes que Sonham ser Heróis...


Ao ler o artigo de opinião de Manuel Pinho, publicado ontem no "Diário de Notícias" (não sou estúpido e sei que o seu principal objectivo é tentar "salvar a pele" junto da opinião pública...), fiquei mais uma vez a pensar no funcionamento da nossa justiça, cada vez mais a "reboque" de alguma comunicação social, que gosta de transformar cada caso mediático numa espécie de "telenovela", em que se mistura a realidade com ficção, porque o mais importante é manter as pessoas "presas" à televisão...

Mesmo que nunca "comprasse um carro ou um burro" ao sujeito (tal como a José Sócrates...), não lhe posso deixar de dar razão em alguns pontos. Os anos vão passando e ele vai sendo "queimado em lume brando", saltitando de processo em processo, sem que seja acusado e preso. Sempre que é alvo de buscas, os responsáveis pela justiça não prescindem da presença de uma boa parte da comunicação social, para fazerem o papel de quase "damas de companhia".

Até parece que a procura da verdade e a prisão dos bandidos passou para segundo plano e o principal objectivo dos juízes, procuradores e polícias, é alimentarem todo este "filme", em que os seus nomes surgem sempre com algum relevo, no meio das reportagens policiais, quase como se estivéssemos a falar de "super-heróis"... 

E o mais curioso, é que o resultado de todo este espectáculo justiceiro, é a "montanha parir quase sempre um pequeno ratito", ao mesmo tempo que vai alimentando todo o tipo de populismos e consegue esconder cada vez menos, que existe de facto, uma "justiça para pobres e uma justiça para ricos"...

Acredito que seja incómodo para os "Pinhos e Sócrates" da nossa sociedade, ficarem "sem vida", serem olhados de lado pela população, que ainda os brinda com nomes em que o de "bandido" pode ser o mais suave. Mas também lhes deve dar algum gozo, brincaram "ao gato e ao rato" e verem os anos a passar, sem que passem o tempo que lhes é devido nos calabouços da justiça...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, janeiro 19, 2023

"Há pessoas que pensam o que são, mas não são aquilo que pensam"


O meu amigo Orlando Laranjeiro, deixou um texto inédito, que intitulou "Testamento", com reflexões sobre a sua vida, agradecimentos e também alguns desejos finais.

Muitas das reflexões que nos deixa, são extremamente pertinentes e actuais. Basta olharmos para o panorama político e associativo que nos cerca, para nos revermos nas palavras do Orlando, que transcrevo, com a devida vénia:

«O meu Avô ensinou-me uma frase que normalmente uso, escrevo, e por vezes até exemplifico, com algumas personagens que conheço. A frase como muitos dos meus Amigos, e outros que eventualmente me tivessem lido, conhecem, é a seguinte: “Há pessoas que pensam o que são, mas não são aquilo que pensam”. O facto de estas ditas pessoas terem um pensamento errado de si próprias, leva-as por vezes, um pouco levianamente, a mentirem, a tomarem determinadas atitudes, e a assumirem posições, cargos, e respectivos reconhecimentos, que as tornam no mínimo, quanto a mim, simplesmente ridículas. Mas, curiosamente, não sei bem porquê, é um enigma que não consigo ou, simplesmente, não me interessa decifrar, lá vão vivendo, e muitas vezes ou quase sempre, levando a água ao seu moinho.»

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, janeiro 18, 2023

"Podia ser um Gato..."

 

Podia ser um Gato...

Sabe que vai perder a guerra, 
mesmo assim, sorri, trocista.
(Já ganhou tantas batalhas!)

Nem todos sabem o quanto
grita, sonha, chora, pensa. 
Ele sabe que pensa muito. 
Pensa demais.
É mais forte que Ele...

Faz contas à vida,
esquece o corpo dorido 
e diz que gostou,
sim, gostou de cá andar.

Gostou de tantas coisas...

De conversar, de conhecer,
de amar, de saber,
de fumar, de beber,
de declamar, de escrever,
de discursar, de ler,
de ganhar, de perder,
de dar, de receber,
de estar, de viver...

Sabe que vai perder a guerra, 
mesmo assim, sorri, trocista.
(Já ganhou tantas batalhas!)

(poema escrito a 9 de Janeiro, a pensar no meu amigo Orlando, que nos deixou hoje...)

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

segunda-feira, janeiro 16, 2023

O Cinema de Trazer por Casa e o Outro (mais mirabolante)


O cinema hoje é outra coisa, e não estou a falar apenas das pipocas. A explicação pode e deve ser a óbvia: caminharmos para algo diferente, que ainda não sabemos muito bem o que é. 

E isso faz com nós ainda tenhamos mais dúvidas (sempre fomos "animais" cheios de dúvidas e curiosidades...), sobre o tal futuro, que nem sempre é o que estamos à espera...

 Lá estou eu a "divagar"... Só queria falar de cinema. Dos filmes que enchem as salas de efeitos especiais, de coisas mirabolantes, que não pertencem a este mundo, com super-heróis cada vez mais parecidos com personagens da banda desenhada.

Tudo indica que o outro cinema, o "normal", fica cada vez mais para a televisão. Para o cinema fica aquilo que ainda não se consegue transpor para as nossas salas de casa (para que os prédios não corram o risco de tremerem como nos "terramotos"), desde os sons ensurdecedores à proximidade com o real, com emoções mais próximas das montanhas russas.

Provavelmente as salas de cinema irão ficar reduzidas às dos centros comerciais. 

É apenas mais uma mudança deste mundo, cada vez mais estranho, pelo menos para quem vai ficando para velho...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, janeiro 15, 2023

Ainda hoje me perguntam pelo "Actor do Cabelo Azul"...


No fundo deviam saber que o "Actor de Cabelo Azul" só existia na minha cabeça. Mesmo assim, de vez enquanto perguntavam-me por ele. Eu nunca me descaía, dizia que devia continuar a fazer as mesmas coisas, embora fosse cada vez menos ao teatro...

Tudo começou há uns três anos, ainda antes da pandemia, quando comecei a escrever sobre um actor de teatro, que nunca tinha colocado os pés num estúdio de gravação. A única coisa que ele queria mesmo era viver outras vidas, ser outras pessoas, no intervalo da sua vidinha, mas no palco, sem tempo para a televisão ou o cinema. 

A fama não lhe dizia nada, era também por isso que sentia muitas vezes estar na profissão errada. Percebia que a maior parte das pessoas que vinham pisar os palcos tinham como principal desejo, ser "famosas", queriam muito que as olhassem na rua, no café ou no restaurante, com a admiração com que se olha para os "deuses" da terra. Mesmo que o disfarçassem com óculos escuros de marca...

Além da meia-dúzia de cabeleiras que tinha (não se limitava ao azul), usava uma prótese no nariz, e esta sim fazia toda a diferença. Embora fosse um simples adereço carnavalesco, dava-lhe o tal ar disforme que o tornava completamente diferente da personagem real, que tinha de interpretar diariamente, assim que saía de casa.

Para tornar as coisas ainda mais misteriosas, cheguei a dizer que todos o deviam conhecer de vista, pois também frequentava o nosso café. O que eu fui dizer... 

De vez entrava alguém preso a qualquer singularidade e perguntavam-me "é ele?". Limitava-me a abanar a cabeça e a dizer que não.

Lembrei-me do "Actor do Cabelo Azul", porque nos começos de ano, finjo sempre que "arrumo os papeis" e que começo "um novo ano"... E lá me apareceu ele, como mais um projecto de gaveta...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, janeiro 14, 2023

A Boa Tentativa de Desmontar "Tabus" na Televisão...


A SIC está a transmitir a segunda série de "Tabu", um quase documentário biográfico que também tenta ser confundido com um programa de humor, apresentado por Bruno Nogueira. 

Hoje teve como convidados quatro cegos. Apesar de Bruno Nogueira por vezes ter algumas tiradas do velho "humor negro", é a pessoa certa no programa certo. Num jeito bastante informal a puxar para o divertido, vai satisfazendo a sua e a nossa curiosidade, com questões sobre tantas coisas com que nos interrogamos... 

Hoje foi um programa bastante rico, com os quatro convidados a desmontarem algumas ideias feitas, ao mesmo tempo que nos tentavam oferecer uma panorâmica real do que é o seu dia-a-dia, sem visão.

De alguma forma, este programa quase de humor, consegue fazer serviço público. Coisa rara nestes dias que correm, especialmente nos canais privados...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sexta-feira, janeiro 13, 2023

Ingratidão & Ignorância


Uma das coisas que mais me incomodam é ouvir dizer mal de algo, ou de alguém, que se desconhece, ou conhece de forma insuficiente, para se poderem fazer juízos de valor.

Há dois portugueses que defendo mais vezes do que queria (provocam tanto desamor...). E não o faço por já não estarem cá para se defenderem. Faço-o porque na minha opinião são duas das principais referências da nossa cultura do século XX.

Mas o que é mais bizarro, é que muitas das pessoas que dizem mal dos seus livros e dos seus filmes, nunca leram qualquer obra de José Saramago nem viram nenhuma fita de Manoel de Oliveira.

Isto ainda torna mais ridículas todas estas "más vontades", para não lhes chamar outra coisa.

O simples facto de Saramago ser o nosso único Nobel da Literatura, deveria fazer com que todos os portugueses (incluindo o senhor que era presidente da República quando ele nos deixou...) o respeitassem, no mínimo. Em relação a Manoel de Oliveira, admito que nem todas as pessoas gostem dos seus filmes. Mas só o facto dele continuar a fazer cinema depois dos cem anos, diz muito da sua personalidade, do seu amor à arte e à liberdade.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, janeiro 11, 2023

Conversar, Escutar, Aprender e Mudar...


O melhor das conversas é escutarmos e aprendermos. E às vezes até conseguimos perceber a parte em que estávamos errados.

Falámos dos sempre polémicos subsídios, que continuam a ser o "motor" de uma boa parte da nossa cultura. Eu achava que o ministro estava certo quando afirmava confiar no papel dos júris (nos concursos para apoios teatrais...). O seu papel não será desautorizar pessoas que à partida são da sua confiança. Mas a questão tem sempre outro lado, que muitas vezes é aquele para onde não estamos virados. Quando o Gui disse que a melhor defesa de qualquer governante é refugiar-se na tal "confiança", pois ao fazê-lo, está sobretudo a comprometer os elementos do júri, pelas suas escolhas e a "sacudir a água do capote". Ou seja, mais polémica menos polémica, sai sempre ileso.

Não demorei muito tempo a perceber o ponto de vista dos meus dois amigos, um do cinema e outro do teatro. E depois ainda foram mais longe, explicaram-me um caso concreto de injustiça, de uma companhia que deixou de ser subsidiada, e que à partida cumpria todos os requisitos para receber apoios do Estado. Até por saberem que o "mau feitio" e a "ideologia" do encenador não faziam parte dos critérios de atribuição dos dinheiros para os teatros...

Culpei-me a mim próprio, por com esta idade, ainda continuar tão "ingénuo"... Até por estar farto de conhecer histórias sobre o papel dos júris de tudo e mais alguma coisa, que antes de analisarem as obras já têm o nome do vencedor escolhido... 

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


terça-feira, janeiro 10, 2023

«As culturas perdem com quase tudo...»


Acendeu um cigarro e depois disse: «as salas de teatro voltaram a ter demasiados lugares vagos.»

Antes que eu o interrompesse,  explicou-nos o óbvio. «Sei que não é nenhuma novidade. Acontece sempre que aumenta o preço do pão, do leite, do peixe, da carne...»

E depois fez uma confissão: «É nestes momentos que tenho inveja do futebol. Não há nenhuma crise que consiga tirar os malucos das bancadas dos estádios.»

Levantou-se e antes de nos virar costas, ofereceu-nos mais meia-dúzia de palavras, com um sorriso que tinha tanto de amargo como de derrotista: «As culturas perdem com quase tudo...»

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, janeiro 09, 2023

A Escolha Mais Fácil...


Tudo indica que o próximo seleccionador nacional vai ser espanhol. Todos os jornais falam no nome de Roberto Martinez, que foi o responsável técnico pela Selecção da Bélgica nos últimos anos.

Numa altura em que se diz (com os exageros do costume...), que temos os "melhores treinadores do mundo", é no mínimo ridículo que se recorra a um técnico estrangeiro.

Além de José Mourinho, Jorge Jesus ou Abel Ferreira, existem pelo menos uma dúzia de treinadores portugueses que poderiam ocupar o lugar deixado vago por Fernando Santos.

Mas sempre pensei que Rui Jorge, responsável pela selecção dos jovens sub-21, fosse o herdeiro natural de Fernando Santos, quando este abandonasse o cargo (com um conhecimento profundo da maior parte dos atletas e ainda com a vantagem de jogar um futebol mais apoiado e vistoso que o da selecção principal...). 

Esta escolha é reveladora de falta de coragem. Como não se conseguiram contratarem "os melhores" (por terem contratos com clubes e não estarem interessados, de momento, em exercer o cargo...), escolheu-se o mais fácil (e menos criticável), alguém de fora...

(Fotografia de Luís Eme - Porto Brandão)


domingo, janeiro 08, 2023

Os Nossos Governantes a Fingir e a habitual Aproximação à Latino-América...


Sempre houve tendência para olharmos para os problemas do nosso país, como se fossemos um "oásis da Europa", no pior sentido.

Parece que não conseguimos fugir da "sina", que nos persegue há séculos, de sermos governados por gente que se limita a fingir que governa (o Costa limita-se a seguir a "cartilha"...). Há muitas teorias e muitos teóricos, que explicam o quase inexplicável (só não conseguem solucionar o problema...).

Alguns até vão buscar influências à nossa posição geográfica, na ponta mais ocidental do continente europeu.

Talvez seja por isso que se nota a tentação de ir rebuscar as palavras de Eça de Queirós, com mais de um século, embora seja provável que até existam escritos anteriores, onde também seja possível encontrar algumas das críticas que parecem continuar actuais, na nossa caracterização como povo (há até quem vá até ao Viriato, quando ainda nem existia o nosso reino, por ter ficado registado na história que ele "não se governava nem se deixava governar"...).

E depois fala-se da nossa colagem ao "terceiro mundo", com aproximações à "Latina-América". E lá vem a geografia... Se não fosse o Atlântico, estávamos logo ali ao lado...

Sempre achei esta comparação injusta, porque fomos nós e os espanhóis, maioritariamente, que povoámos todo o continente sul americano (claro que já existiam os nativos e também temos de contar com a quantidade de escravos que levámos de África para a América...).

Ou seja, se há alguém que é o "pai da criança", somos nós e os nossos vizinhos (embora estes sejam muito diferentes de nós...).

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sábado, janeiro 07, 2023

Fugir das Palavras pouco Mansas...


Há pessoas que nos cansam mais que outras. Deve ser por isso que não estamos com elas todos os dias...

Não falo daqueles "chatos", que até somos capazes de evitar e mudar de passeio, por estarmos numa "onda diferente" e queremos algum sossego. E tempo para olhar para o mundo sem distracções.

Falo sim, das pessoas que nos enchem a cabeça de coisas terríveis, que duvidamos que estejam mesmo a acontecer, embora a realidade passe o tempo a pregar-nos partidas...

Podemos nem ser adeptos das "teorias de conspiração", mas somos obrigados a pensar nas palavras pouco mansas destes amigos, porque muitas vezes o mais difícil é não lhes dar razão.

Fazemos contas e verificamos que dois mais dois continuam a ser quatro...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, janeiro 05, 2023

É a Vaidade que leva esta Gente a aceitar cargos de Secretário de Estado ou Ministro? (só pode...)


Provavelmente,   o primeiro-ministro (apesar de responsável máximo do Governo...) é o menos culpado pelo que está a acontecer a vários membros do Governo (escrutinados como nunca por um jornalismo que se alimenta cada vez mais das fontes maldizentes - mas muito atentas - do centro-direita...). É gente que, mesmo sem ter condições políticas para aceitar estes cargos de grande responsabilidade, metem-se em bicos de pés e dizem logo que sim ao convite, escondendo o melhor que podem os seus "rabos de palha". 

"Rabos de palha", que mais tarde ou mais cedo, acabarão por ser descobertos, e claro, notícia nos jornais, nas rádios e nas televisões...

Só pode ser a vaidade, o que leva esta gente a aceitar ser secretário de estado ou ministro. E é uma vaidade cega, que não lhes permite ver que, mais dia menos dia, acabarão por sair pela porta pequena do Governo, apontados a dedo por todos aqueles que os conhecem, e também pelos que os passam a conhecer, pelos piores motivos.

Enfim, manias e tristezas da nossa terra...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, janeiro 04, 2023

Só Posso Falar de Irracionalidade...


Ontem assisti a dois momentos televisivos, que dizem quase tudo sobre a "irracionalidade" deste mundo onde vivemos.

Vi um jogador de futebol, que por acaso é português, a ser recebido como um "rei" num país muito especial, e ao que dizem passou a ser o jogador mais bem pago do mundo. 

Se pensarmos que ele está no final de carreira, que existe hoje pelo menos uma dúzia de jogadores com mais qualidade que ele, é no mínimo "contra-natura", todo o dinheiro que está em jogo, por mais camisolas e estádios que encha nas Arábias...

Num âmbito mais sério e perigoso,  ouvi uma pretensa viúva de um general russo, falar em vingança em relação à Ucrânia, mas sobretudo em relação à Europa, à NATO e aos EUA, como se fossem estes os responsáveis pela guerra na Ucrânia...

Há qualquer coisa de errado nisto tudo. Embora também exista possibilidade de ser eu o "maluquinho"...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


terça-feira, janeiro 03, 2023

Um mundo quase de pernas para o ar, com muitas "intoxicações Informativas" e vários "trocadores de tintas"...


Chegou-se a um tempo em tudo parece ser possível, quase sempre no pior sentido. Isto passa-se ao mais alto nível, mas também no dia a dia, nas nossas ruas. 

Já todos percebemos, que de alguma forma esta mudança está a abrir as portas ao crescimento da extrema-direita e à existência de mais regimes ditatoriais. Vêem-se pessoas aparentemente normais com discursos onde se percebe que querem uma sociedade com mais repressão e menos liberdade.

Normalmente chamamos "populismo" ao aproveitamento de todas as ondas de descontentamento (esta semana li que o líder do CDS, que irá fazer tudo para voltar a ter alguma relevância política, a pedir IVA zero para os produtos essenciais, como foi feito em Espanha, algo que faria mais sentido se fosse pedido pelo PCP ou BE, pois vai contra a história e o conservadorismo do seu partido...). 

Infelizmente, com a quase "intoxicação" informativa dos nossos dias - não é só nas redes sociais, existe também um crescimento do jornalismo "tóxico", das meias verdades e das meias mentiras -, se as pessoas não estiverem bem informadas e não pensarem pela sua cabeça, são facilmente levadas à certa, por estes discursos.

Penso que a extrema-direita só não tem crescido mais no nosso país, porque o principal responsável do Chega "nasceu" num programa televisivo de desporto com pouca credibilidade, onde se podia dizer uma coisa hoje e o seu contrário amanhã. Ou seja, facilmente se percebe que é um "trocador de tintas"... 

(Fotografia de Luís Eme - Barreiro)


segunda-feira, janeiro 02, 2023

"O Salto no Escuro e o Encontro com a Luz"...


Apesar de conviver há décadas com artistas, nunca tinha ouvido alguém dizer a um jovem músico: "até que enfim! Finalmente deste um salto no escuro e encontraste a luz". Expressão que, provavelmente, terá significados diferentes noutras ruas e noutras cidades.

Ele tinha tocado pela primeira vez uma composição da sua autoria, saída apenas da sua cabeça. Mesmo que tivesse sofrido mil e uma influências, era a sua primeira criação, com qualidade, segundo os entendidos.

Acabámos por brincar com a minha ignorância e também com a facilidade com que esta expressão podia ser transposta para outras áreas artísticas, onde se imita mais do que se cria. Sem sairmos da música falámos dos cantores de bares que cantam as canções dos outros, mas também dos outros, que se limitam a colar uma letra a uma música mais que batida, ou seja, cantam sempre a mesma canção.

Pensei também nos pintores que são capazes de se inspirar e tentar criar algo de novo, sem se limitarem a "copiar" (e eu conheço tantos "copistas"...).

Que bom que é dar "um salto no escuro e encontrar a luz"...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


domingo, janeiro 01, 2023

Um Ano Novo "Pintado" de Velho...


Este ano começa logo com um ligeiro cheiro a "velho". Sei que o tempo também não ajudou nada, esteve cinzento e molhado, de manhã à noite.

Mas o nosso problema está longe de ser o tempo...

Quando olhamos para o país e para mundo,  neste primeiro de Janeiro, não encontramos grandes motivos para sorrir ou para termos grandes esperanças de que o amanhã vai ser melhor que hoje. Há um Governo que vive dias bastante críticos e há uma guerra que parece interminável na Ucrânia...

Às vezes enganamo-nos. E era muito bom que eu estivesse enganado...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)