quinta-feira, maio 30, 2024

Embora Galileu no seu tempo preferisse falar de coisas importantes, já sentiu na pele que o "mundo circula (sobretudo) à nossa volta"...


Ao contrário dos meus amigos, não estranhava que as televisões tivessem sido ocupadas por comentadores políticos da "direita central" (se é que isso existe...). O negócio é o mais importante, e não deve dar muito jeito aos accionistas ter por ali "anticapitalistas".

O que eu estranhava mais era a mudança ideológica de alguns. Não falo de quem foi da extrema esquerda na adolescência, porque nessa passagem das nossas vidas, quase tudo nos é permitido e perdoado. Falo de quem podia muito ser caricaturado por Rafael Bordalo Pinheiro, por gostar de usar casacos com dois direitos.

Claro que me chamaram ingénuo, e disseram que eu só conhecia uma parte do "espectáculo televisivo" (ou fingia conhecer...). Para acrescentarem de seguida, que se um jornal no dia seguinte já só serve para embrulhar coisas na drogaria da esquina, na televisão as coisas mudam de minuto a minuto.

Com algum humor acrescentei o vento, que também dá uma ajuda nestas mudanças, o Presidente da República que o diga, o nosso "cata-vento" mais famoso.

Não há volta a dar, os interesses pessoais agora são sempre colocados à frente dos colectivos. Só nas manifestações é que ainda se grita que a "união faz a força".

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, maio 29, 2024

A vida não cabe "debaixo do tapete"...


Ouvia o Mário e pensava no meu Pai.

Ele também era assim. Não se esquecia nem escondia as dificuldades - e até a fome que passou - durante os anos da Guerra Civil de Espanha e da Segunda Guerra Mundial, na pequena aldeia onde nasceu na Beira Baixa.

Não falava disso com orgulho, mas achava que era importante para nós, filhos, sabermos que a vida não era apenas aquela que vivíamos, sem privações. Até porque continuava a existir muita gente espalhada pelo mundo, que passava mal...

Quem não gostava nada de ouvir as histórias de infância do pai eram os seus irmãos. Ele por ser mais velho, passou mais dificuldades que todos os outros, mas a vida nas beiras não foi fácil para nenhum deles. Mas o que o Pai queria lembrar, eles queriam esquecer...

O Pai não era daquele mundo "de faz de conta", não era capaz de enfeitar a miséria, muito menos de dizer que "havia quase tudo", onde "faltava quase tudo".

Sinto-me feliz de ser do "clube" do Pai e do Mário.

(Fotografia de Luís Eme - Serra da Estrela)


terça-feira, maio 28, 2024

Coisas que se dizem, coisas que ouvimos...


Às vezes penso que, mesmo ligeiramente duro de ouvido, sou capaz de ouvir uma ou outra coisa engraçada, aparentemente com potencial para entrar em qualquer história.

Foi o que aconteceu hoje de manhã, quando ouvi um rapaz mais novo que eu (mas já com mais de quarenta), dizer uma daquelas coisas, que parecem retiradas dos livros, a um jovem, que podia muito bem ser seu filho.

Não percebi o contexto da frase, embora isso não tivesse qualquer importância para o caso. A única coisa que pensei, foi que não fazia muito sentido, pelo menos para mim.

Mesmo assim não a esqueci: "Crescemos até aos vinte anos, e a partir daí, começamos a morrer..."

Eu pelo menos cresci até mais tarde, aos quarenta ainda estava a "crescer"... Em relação ao "morrer", há quem ainda vá mais longe e diga, que começamos a morrer assim que nascemos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, maio 26, 2024

"Abril nunca será Novembro"...


Passei a tarde de hoje no Salão de Festas da Incrível Almadense, onde me coube o papel de moderador de uma "Tertúlia de Abril", que procurava visitar o antes e o depois de Abril, em Almada, organizada pela Incrível.

Os convidados eram do melhor que se poderia encontrar no Concelho (Mário Araújo, José Manuel Maia, Joaquim Judas, Augusto Flor e António Matos), em conhecimento e experiência política. Isso muitas vezes complica a função do moderador. Não foi o caso, porque eu limitei-me a deixar esta gente da história de Almada, falar. Falar do muito que viveram, para as duas dezenas de pessoas presentes, sempre atentas, que saíram dali muito mais ricas (tal como eu...), sem arredar pé, nas quase três horas em que se "tertuliou" e visitou a história recente de Almada e de Portugal.

Foi uma pena não se ter filmado a sessão (nem fotografado.. .), porque se disseram coisas extremamente importantes e sentidas (foi uma boa ideia pedir-lhes na segunda ronda de intervenções, que nos contassem aquilo que mais os marcou durante esse tempo verdadeiramente revolucionário e progressista).

Também se falou do presente, dos avanços da direita à tentativa dessas mesmas forças em "compararem o que não é comparável": a Revolução de Abril com um Movimento Militar democrático (o mais curioso é que esta direita nem sequer teve nenhum papel activo neste movimento, protagonizado pelo "Grupo dos Nove" e pelo PS...), que tentou cortar com os extremismos que estavam a dividir o País (tanto à esquerda como à direita...).

(Fotografia de Júlio Diniz - Almada, 27 de Abril de 1974, sábado)


sábado, maio 25, 2024

O café que agora era das "velhas"...


Estava ali, quase encostado ao balcão, à espera de um café. As quatro empregadas parece que estavam ali para outras coisas e não para atender clientes.

Sabia que só parava ali porque queria, a praça continuava a ter mais três cafés, um deles até ficava a menos de vinte metros de distância. Só que o café que usavam era fraquito, contrariando a dinâmica do dono, que trabalhava pelas quatro empregadas, que falavam e resmungavam, fingindo que não havia clientes deste lado.

Uma delas queixava-se que o café se tinha tornado no "café das velhas". Olhei de soslaio e vi que ela tinha razão, as mesas estavam cheias delas, com chá e bolinhos, misturados com palavras alegres. Felizmente havia por ali pouca preocupação com os diabetes e com o colesterol.

Pensei que há muito tempo que não me sentava no interior, na tal sala que agora era de visitas das "velhas". Talvez nem fosse má ideia ficar por ali na mesa ao lado, a fingir-me distraído e a escrever o que me apetecia e não me apetecia, nos guardanapos de papel tipo bíblia, roubando-lhes uma ou outra história das suas vidas.

Mas quando olhei para a sala, já com a chávena de café na mão, senti que não era boa ideia. Faltavam-me os amigos de ontem, que também conversavam muito mas faziam menos despesa que aquelas senhoras que ainda tinham roupa de domingo nos armários.

Não. Iria continuar a beber café ao balcão, sozinho. E quando estivesse acompanhado, continuava a preferir a esplanada...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, maio 24, 2024

A cultura da guerra é mais importante que a cultura de paz


Há coisas que algumas pessoas nunca irão perceber, porque a vida é o que é. Nem sei se serve de desculpa a não existência de nenhum teatro no bairro onde cresceram ou de uma biblioteca acessível a todos. Acho que não...

Mas que soa a estranho, que um país que nunca se esforçou para atingir o desejado um por cento para a Cultura, esteja agora disposto a chegar aos dois por cento para a defesa (mais para armamento...), como o primeiro-ministro prometeu na sua visita à Alemanha, até 2030.

Faz-me também confusão que toda esta gente que nos governa queira ter o rótulo de "bom aluno" e de "cumpridor". Querem mostrar que são tudo menos a caricatura holandesa, do povo que "gosta de sol, mulheres e cerveja" (algo que essa gente até parece gostar mais que nós, se excluirmos as mulheres, pois quando nos visitam bebem quase até à "coma alcoólica" e ficam ao sol até parecerem "tomates"...).

O que parece ser óbvio, é que todos os nossos governantes continuam a ter medo da Cultura (incluindo os "xocialistas"), tal como acontecia durante o salazarismo e o marcelismo. Também não é de admirar, até porque muita desta gente da direita portuguesa, que chega ao poder, descende da dúzia de famílias que eram "donas" do nosso país antes de Abril (dos governantes nacionais aos caciques locais...).

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, maio 23, 2024

«Nunca te esqueças, que aquilo que nos diferencia dos outros animais é a inteligência e não a esperteza»


Os avós normalmente são bons conselheiros, porque viveram e viram muitas coisas a acontecerem à sua volta. Mesmo que os netos (e até os filhos...) se esqueçam vezes demais disso...

Claro que nem todos os netos vão nas "suas cantigas". Muitas vezes olham-nos como pessoas que vivem num outro mundo, que já passou. E têm razão, só que não há futuro sem passado.

Foi por isso que apreciei a quase reprimenda (tão suave que quase não se sentia...) do Carlos para o Pedro, que excepcionalmente estava na nossa mesa: «Eu já te disse mais que uma vez, que prefiro que dês uso à inteligência que à esperteza.» Claro que ele não se ficou e foi buscar uma frase corriqueira, colando-a aos antigos: «Não são vocês que dizem que o mundo é dos espertos?»

Percebi que estava a assistir quase a um "duelo de palavras", entre um adolescente e um homem maduro, e que me devia manter em silêncio.

Mas pouco depois o Carlos encerrou a questão com uma frase lapidar, deixando o neto sem resposta: «Filho, nunca te esqueças, que aquilo que nos diferencia dos animais é a inteligência e não a esperteza.»

O meu pensamento naquele momento foi para Gaza e para a Ucrânia. 

Se aquela gente se aproximasse mais do humanismo e menos do animalismo... chegava-se com mais facilidade à paz, tão desejada pelo mundo inteiro...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, maio 22, 2024

Essa coisa que parece boa, de se fingir "que não se passa nada"...


Nunca senti tanto as mudanças de tempo no corpo como agora.

Sei que é sinal de velhice e de perda de qualidades físicas. Mas também sei que é sinal destes tempos estranhos, em que somos brindados com as quatro estações num só dia, porque continua a ser mais fácil e agradável (por enquanto...) fingir que está tudo bem.

Ontem, numa viagem relativamente curta, de apenas 100 quilómetros de carro, fez muito sol, choveu, fez frio, voltou a fazer sol e depois as nuvens ganharam o céu, por um bom bocado, até darem de novo espaço ao sol.

A parte que me é mais desagradável são as enxaquecas. Antes só aconteciam quando arrefecia muito e a minha sinusite dizia presente. Mas aconteciam apenas uma meia-dúzia de vezes por ano...

Mas o que queria dizer, é que me incomoda bastante que as alterações climáticas continuem a ser tratadas como um "fair diver", quase como uma diversão de estudantes rebeldes que pintam montras, cortam estradas, etc.

Basta olhar para o lixo que floresce ao lado dos contentores, diariamente, próximo da minha casa, para perceber estes humanos que me rodeiam. É colocado duas vezes no sítio errado. Fora dos ecopontos e fora dos contentores do lixo geral. 

Não ando a ver quem faz isto, mas calculo que seja gente de todas as gerações, ou seja, há demasiadas pessoas a fingir "que não se passa nada", mesmo que de um momento para o outro, o vento se faça ouvir, irado, e ameace levar tudo à frente...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


terça-feira, maio 21, 2024

Os cépticos e os crédulos querem sempre coisas diferentes...


Nunca fui crédulo, nem mesmo nos meus tempos de criança (nunca me esqueço da visita em família ao "Bom Jesus do Carvalhal", um Santuário em que tentavam dar vida a uma figura de madeira, desproporcionada -  até acontecera o "milagre" de lhe crescer a barba, graças a um sacristão solicito à fé e às necessidades religiosas -, e disse à minha Avó que aquele era um boneco de madeira, provocando um "escândalo" daqueles... devia ter sete ou oito anos).

Desde então, fui alimentando a ideia de que os milagres dependem apenas de nós, de querermos acreditar ou não, das coisas estranhas ou pouco normais que nos rodeiam (talvez também por ter a "sorte" de nunca ter sido espectador de nada próximo de um milagre).

Pensei nisto porque ao fazer o zapping do costume, reparei que tinha dado o filme "Fátima" (na imagem aparecia a Rita Blanco e pensei que se tratava da fita de João Canijo, mas não, era outra sobre a irmã Lúcia e os pastorinhos. Poucos minutos depois mudei de canal, porque aquele não era o meu género de ficção preferida. 

A SIC também está a transmitir uma telenovela que se passa nos Açores, que se chama "Senhora do Mar". Já vi um ou outro episódio e percebi, que como costuma acontecer nestes episódios, eles são exploradas e aproveitados, pelas pessoas do costume, que "se acham mais espertas que os outros" e que são bons a explorar as fragilidades.

E claro, fiquei a pensar que os cépticos (como eu...) e os crédulos, querem sempre coisas diferentes...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, maio 20, 2024

Já chega de dar atenção a "palhaços" que brincam com a democracia (e com todos nós)


Não tinha pensado escrever uma linha sobre o episódio na Assembleia da República entre o presidente e os partidos, por causa do "palhaço" do costume.

Mas não consigo deixar de concordar com a postura de Aguiar Branco, nesta situação e noutras (em banalizar e desvalorizar os "espectáculos" que os fascistas com assento parlamentar, gostam de dar...). 

Grave foi o que o "palhaço" disse em Espanha, dizendo que os governos socialistas de Espanha e de Portugal eram os mais corruptos da Europa. Tal como também já tinha sido muito grave a sua acusação ao Presidente da República de "traição à pátria".

Faz-me confusão que os partidos políticos não percebam que o que o "palhaço" quer é atenção e que reajam exactamente como ele quer (das televisões não falo, porque o que elas querem é "palhaçadas" diárias...).

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


domingo, maio 19, 2024

Uma viagem pelo interior (ir, vir e olhar...)


Na sexta-feira eu e o meu filho fomos (e viemos) à Beira Baixa, numa viagem quase relâmpago, pelas nossas estradas nacionais. 

Não tínhamos decidido se voltávamos no dia seguinte ou no próprio dia, porque levávamos mobiliário, que precisava de ser montado (claro que podia ser montado num outro dia qualquer... e foi isso mesmo que  acabámos por decidir).

Chegámos, abrimos as janelas todas, para que a casa fechada arejasse. Arrumámos as coisas, fizémos uma limpeza ligeira e enquanto comíamos qualquer coisa, trocámos algumas palavras e, sim, nada nos prendia ali, iriamos voltar para a estrada...

Durante a nossa pequena estadia  na aldeia cruzámo-nos com apenas duas pessoas nas ruas. Uma senhora saiu de casa apenas porque eu devo ter feito mais barulho do que devia ao colocar coisas no ecoponto.

Este é o retrato da maior parte das terras do interior. Pequenas localidades, quase abandonadas, que só ganham vida no Verão com o regresso dos emigrantes (de dentro e de fora...), que vêm à "festa" e ficam mais alguns dias, para dar alguma ocupação às casas que ficam fechadas o ano inteiro...

Não sei se existe alguma solução, para a maior parte delas. As mais bonitas e típicas vão tendo o turismo... que embora seja uma ilusão, pois finge apenas que lhes devolve a vida, transforma-as apenas em "museus" para "inglês (francês, espanhol ou português) ver... 

Mas a maioria nem isso têm. Irão caindo no esquecimento, que é a marca do nosso País, há largas dezenas de anos, que apenas parece saber viver perto do mar...

(Fotografia da Beira Baixa)


sexta-feira, maio 17, 2024

Se existem culpados, porquê banalizar (ou esquecer) as suas acções na sociedade?


No meu último texto publicado falei de um nome (o senhor Cavaco Silva, aliás doutor, porque no nosso país há muito boa gente que faz questão de ser tratado desta forma antes do primeiro nome próprio...) e o José, visita regular do "Largo", comentou o facto.

Falei nele (e na sua "camarilha", para ele se sentir acompanhado), porque no meu olhar ele simboliza a grande mudança da nossa sociedade pós-Abril. Foi o primeiro-ministro que beneficiou pela primeira vez dos fundos de coesão europeia e quem fez mais concessões económicas e sociais a esta Europa, sobretudo francesa e alemã ("destruindo", entre outras coisas, a agricultura, as pescas, a pouca indústria que nos restava, os transportes ferroviários, e é melhor ficar por aqui...), tornando a nossa sociedade mais consumista e materialista, ignorando (e até tentando "apagar") alguns valores essenciais de qualquer sociedade verdadeiramente democrática e humanista.

Claro que isto é o que eu penso do papel político deste senhor. E nem vou falar de coisas mais polémicas como as condecorações que deu aos pides e a que não deu a Salgueiro Maia, ou da forma que destratou José Saramago (várias vezes, que culminou com a sua ausência do funeral do nosso único Nobel da Literatura, não percebendo a diferença entre o papel do Presidente da República e do cidadão Cavaco Silva...).

Lá estou eu a "estender o lençol", quando o que pretendia era referir que o nosso País é pródigo em acontecimentos graves, em que  a "culpa costuma morrer solteira". E é por isso que gosto de "falar de nomes" (desde que saiba o que estou a dizer e não esteja a "falar para o ar", como fez há dias a actual ministra que tutela a misericórdia fez com a provedora...). 

Prefiro que existam culpados a que se crie a "nuvem populista" que circula normalmente à volta de diversos sectores, em que se culpa "toda a gente" de corrupção, de compadrio ou de incompetência.

Esta minha preferência pela existência de um culpado, não é apenas "para que tudo fique melhor", mas sim para que a democracia e a justiça funcionem, tratando todas as pessoas da mesma forma.

Mas isto sou eu, José. As palavras que escrevo apenas vinculam este Luís e mais ninguém...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa) 


quinta-feira, maio 16, 2024

Voltar atrás para quê?


Estava a ouvi-los e a pensar: "como é que chegámos até aqui?"

Eles falavam como se "soubessem tudo" e "não precisassem dos conselhos de ninguém".

Enquanto fazia um boneco na folha em branco, continuava a pensar (a cabeça também serve para isso...).

A ignorância atrevida a par da "esperteza saloia" encontraram terreno fértil junto às pessoas que sempre gostaram mais "do quero mando e posso" que da evidência de que "duas cabeças pensam melhor que uma", ou ainda, "somos todos iguais e todos diferentes".

A senhora dos cafés passou a perguntar se precisávamos de alguma coisa. Dissemos que não com a cabeça. 

Chegou em boa hora, porque estava-se na fase de "tratar mal a diferença", de fingir que "o mundo dos bons é um mundo de fracos"...

Eu não seria assim tão boa pessoa, ao ponto de entrar no leque da gente que estava a ser acusada de "otária" (e de coisas ainda piores), por ser capaz de ajudar quem precisa de alguma coisa, sem estar à espera de qualquer "troco". Parece que "davam cabo do sistema" (e ainda bem...).

Eu estava ali a ouvi-los e a pensar que foi um senhor chamado Cavaco Silva (e respectiva camarilha), que gosta muito de ser olhado como referência, que abriu portas a toda esta mediocridade, que conseguiu chegar a todo o lado, ao ponto de moldar o cidadão mais simples, que expressões como "salve-se quem puder" ou "vale tudo para chegar à meta", e torná-las válidas, na tal sociedade se quer liberal e competitiva (tudo o que eles não são, ou seja, apenas para os outros)...

De repente levantei-me. Não pude dar a desculpa de ir fumar um cigarro, mas ainda tenha a velha e batida ida à casa de banho... Devo-me ter enganado no corredor e quando dei por mim, estava cá fora, em plena Avenida. E claro, que não ia voltar atrás. 

Voltar atrás para quê?

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, maio 15, 2024

Essa coisa boa que é a "teimosia"...


Hoje falámos de teimosias e de teimosos. 

A vida é o que é, vai-nos tirando uma série de coisas, e, eu já não sou o teimoso que era...

É bom e é mau. Evitam-se muitas discussões... mas também começamos a ficar pelo caminho, porque já não temos a capacidade de "trepar paredes", se for necessário...

Esta expressão vem mesmo a calhar, porque a Guida, que continua teimosa, disse-nos: «A vida diz-nos que nunca devemos desistir, mesmo quando as portas estão todas fechadas e só vislumbramos uma janela entreaberta no terceiro andar. Basta coçar o queixo e pensar na melhor maneira de lá chegar, mesmo que tenhamos de vestir um fato de "mulher-aranha" (só mesmo uma feminista, para inventar uma "mulher-aranha"...)...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, maio 14, 2024

Mais um espectáculo montado pelas televisões (que preferem, sempre que podem, "inventar a realidade")



Estou fartinho de saber que a gente da televisão tem a a mania que inventa a realidade.

Deve ter sido por isso que hoje fomos "bombardeados" (desde manhã cedo...) com inúmeros filmes realizados junto à porta da AIMA, como se só hoje é que se formassem filas intermináveis em busca de uma senha e se passasse a noite por ali a contar a estrelas (tal como acontece em vários centros de saúde...). 

Existem filas, provavelmente desde que foi formada a AIMA.

Gostaria era que resolvessem o problema destas pessoas, que estão cheias de razão (quase todos os serviços públicos, estão povoados de péssimos profissionais que passam o dia a tentar não fazer nada. É por isso que não atendem telefones nem respondem a e-mails, como se quem os procurasse, fosse obrigado a chegar ao "desespero"...), mas sem ser necessário todo este espectáculo, que até contou com a cumplicidade da ministra...

(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)


segunda-feira, maio 13, 2024

Quando se levanta, já sabe que a espera tudo menos um dia fácil. E é isso que torna tudo mais simples...


Há dias que finjo que me esqueço de ligar a televisão (é uma companhia para quem trabalha em casa, graças às vozes que ouvimos mesmo sem escutar...).

Irrita-me a pasmaceira diária, a escolha temática, a exploração dos "coitadinhos", que tanto podem ter deficiências físicas como morais (é a explicação para a forma como se deixam vender ao "circo mediático"...), a técnica de transmitir notícias como se fossem séries ou novelas (ao fim de contas é o modelo do CMTV que começa a imperar por todo o lado, só a RTP resiste como pode e não pode...).

Por escrever directamente no "blogger", é fácil pensar em escrever uma coisa e os dedos começarem a fazer outra...

Do que queria falar mesmo é da dificuldade que existe neste nosso tempo da integração das minorias, até mesmo quando são pessoas letradas. A maioria delas têm trajectos de vida pouco comuns. Fazem-nos pensar que talvez ainda aconteçam aqui e ali, alguns "milagres"...

Estava ali a escutar aquela professora de pele escura, e a pensar nas barreiras que teve de derrubar, no muito que teve de lutar para chegar ali. Felizmente hoje é quase normal para os jovens "pretos" e "mulatos", entrarem no ensino superior, no seu tempo, sem terem de percorrer os caminhos sinuosos daquela senhora da minha geração, que ainda hoje se debate com exclamações, que tanto lhe chegam por parte dos pais dos seus alunos como de colegas professores: "Há... a senhora é que é a professora Diamantina?" (ela tem um nome mais bonito e feminino...). Parece que é boa demais para alguém com a sua tonalidade de pele...

Pois é, a "Diamantina" tem todos as marcas de uma cidadã de terceira: é mulher, tem a pele negra, e o pior de tudo, é que teve a ousadia de querer ser professora (e já mulher feita...). A palavra "exclusão" sempre fez, e continua a fazer parte do dicionário da sua vida.

Quando se levanta, já sabe que a espera tudo menos um dia fácil. E é isso que torna tudo mais simples...

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)


domingo, maio 12, 2024

Contacto directo com o conhecimento acelerado e ilusório (dos "antigos-modernos")...


Continuo a pensar que a leitura é fundamental para a compreensão do mundo que nos rodeia. 

Não vou ser "fundamentalista" e dizer que o facto de se lerem coisas menos profundas na actualidade leva a que se esteja menos aberto ao conhecimento. Até porque os números não enganam, anda-se mais tempo na escola e por muito que se passeiam os livros, alguma coisa fica dentro de nós...

Os problemas da nossa sociedade estão longe de ser dos jovens (não é por acaso que são quase os únicos que protestam contra o que não se faz para combater as alterações climáticas ou contra o genocídio de Gaza).

Num contacto familiar recente (com a parte mais afastada, a paterna...), achei curioso o facto de quase todos os meus tios e parentes mais afastados, com idades entre os 70 e os 80 anos, terem nas suas mãos um smartphone, que agora os ligava ao mundo, a todas as horas e minutos.

Sabia que a maior parte deles estudou apenas até à quarta-classe e nunca lera um único livro sem imagens (nem mesmo um dos meus...). E os únicos jornais que liam eram os desportivos, às segundas-feiras... Ou seja, nunca tiveram acesso a tanta informação como nos nossos dias. Informação que raramente questionam. Subentendi que uma boa parte deles - pelas conversas que circularam sobre o nosso país e os políticos -, eram potenciais votantes no Chega. Limitei-me a ouvi-los, sem ter a tentação de os "levar à razão" (as patetices eram quase uma banalidade...). Preferi ouvir e fazer as minhas constatações sociológicas.

Quando tive oportunidade falei com a minha mãe sobre este encontro (continua leitora, apesar dos seus oitenta e muitos...) e estivemos de acordo sobre as "lacunas culturais" destes familiares. Acabámos por ir mais longe, até por sabermos que este era um "mal geral" da população portuguesa, com mais de sessenta anos. Algo que ainda se nota mais nas pessoas que sempre viveram em meios pequenos. 

Como nunca aprenderam a "ler com olhos de ver" a realidade, muito menos a fazer as suas próprias análises críticas (sem auxiliares de memória), hoje ao lerem as notícias (bem "mastigadinhas"...) que fazem o favor de lhes enviar para os seus smartphones, sentem-se "homens novos", capazes de discutir, sobre tudo e mais alguma coisa. 

Noto que existe alguma inocência, misturada com "chica-espertice", na sua quase "fé", de que todas as notícias que lhes enviam "são verdadeiras"...

(Fotografia de Luís Eme - Barreiro)


sábado, maio 11, 2024

«Mudou tanta coisa. Até nós somos outras pessoas...»


Às vezes dá-nos para falar de coisas que são "para esquecer", como é o caso da pandemia (mesmo que possa voltar, mais tarde ou mais cedo).

Há pessoas que quase desapareceram do mapa, como foi a Rita, que encontro muito menos do que devia, porque o "teletrabalho" veio mesmo para ficar, em muitas profissões e ocupações.

A coisa que ela achou mais estranha em mim foi o meu cabelo estar mais cinzento, mesmo que dissesse que me ficava bem. Podia ter falado das "olheiras", coisa que quase não tinha antes do "fecho do país", porque dormia lindamente, coisa que não acontece hoje, em que acordo mais vezes do que devia durante a noite. Ou ainda dos centímetros que tinha a mais na zona abdominal...

Claro que olhámos para trás com humor. Muitas vezes é essa coisa boa, de um dito ou de uma história alegre, que nos anima e faz andar para a frente.

Mesmo assim a Rita disse: «Mudou tanta coisa. Até nós somos outras pessoas...»

E somos mesmo (mas não vou falar do que o Carlos disse, sobre "vinagre" ou sobre "fascistas"...).

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, maio 10, 2024

Voltar à arte e às montagens...


Enquanto activista cultural ajudei a montar centenas de exposições. Cada montagem era uma desafio, pelas diferenças temáticas e também pelas dimensões das obras.

Acho que tinha (ainda devo ter, isto não se perde de um dia para o outro) um certo jeito para complementar estas composições, oferecendo-lhes boas combinações, a partir das cores, sem descurar as respectivas medidas.

Foi por isso que aceitei o desafio de três amigos (que inauguram amanhã a exposição "Três Amigos, Três Estilos"), e lá apareci na galeria. 

Acabei por  "usar e abusar" do meu gosto pessoal, sem deixar de ouvir as duas pintoras e o pintor. No final fiquei com a sensação de ter feito um bom trabalho... 

E no final ainda apanhei uma das artistas sentada no pequeno escadote, distraída, a sorrir. E lá "roubei" mais uma fotografia. 

Sim, ela além de gostar de pintar, também gosta de sorrir...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, maio 09, 2024

Há manhãs assim (ricas em memórias)...


Há manhãs assim, que começam bem cedo (ainda os galos devem estar a esfregar os olhos nas aldeias onde ainda resistem a um tempo que finge ser moderno...).

Recebi a visita de pessoas e lugares, quase a convidarem-me para escrever sobre isto e aquilo (e se escrevi...), a alimentarem a minha vontade interior de dar "luz" a dois projectos.

As memórias são uma coisa... 

Até senti a "companhia" de pessoas que já nem me lembrava da sua existência. Gente boa que me ajudou, de alguma forma, a pensar que Lisboa era muito melhor do que parecia, num primeiro e num segundo olhar...

Quem diria, ainda ontem pensava que estava a "ficar seco" de ideias. 

Afinal parece que não...

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


quarta-feira, maio 08, 2024

(se conseguirem, digam ao governo que destruir é o contrário de construir)


Não sei o que vai na cabeça destes "governantes de meia tijela", que já nem sequer vão ao engano, dizem logo através da sua prática diária, que estão aqui sobretudo para "destruir".

Na saúde pediram um relatório com patins ao então director-geral do SNS. Ele fez-lhes a vontade, mas saindo pelo próprio pé, por outra porta. Na Santa Casa da Misericórdia tentaram embrulhar a provedora em papel de jornal já rançoso e amarelado, ao mesmo tempo que lhe chamavam tudo menos Alice. Vamos ver o que vai acontecer nesta e na próxima semana... Na defesa, com a falta de soldados e marinheiros, o ministro pensou que talvez não fosse má ideia mandar para lá os rapazes mal comportados (dando-lhe ainda como bónus, armas...). Toda a gente percebeu que era uma "ideia de caca", menos os doutores Nuno e  Margarida... Mas tudo indica que a "missa" ainda só vai a metade. Nem o chefe da PSP conseguiu escapar a este "vendaval" das demissões e de novas nomeações. Parece que o comandante é bom rapaz e dono do seu nariz, nada que seja da conveniência desta gente estranha que está apostada em "deitar abaixo o castelo"...

Deixo para o fim as finanças, que devem ter um ministro do mais "forreta" que existe, que antes que se veja obrigado a dar o que foi prometido durante a campanha eleitoral, aos médicos, professores, polícias, e demais descontentes, já lançou o alerta que não há dinheiro. Culpa os malvados "xocialistas" de o terem gasto "até ao último cêntimo"...

Com esta gente nada parece estar seguro, em cima ou debaixo da mesa...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, maio 06, 2024

Há coisas que não se perguntam...


Eu sei, há muitas coisas que não se perguntam. O Rui estava certo quando nos contou que ficou surpreendido com a reportagem da revista "E" sobre o doutor Carvalho (edição de 25 de Abril), figura parda da Censura e que depois da Revolução de Abril se regenerou e se tornou um simpático e generoso (para os amigos, claro...) democrata.

Conheceu a personalidade. Como também conheceu um agente da PIDE/ DGS, que era da família da companheira. Ao contrário do doutor da Linha (viveu mesmo uma "segunda vida"...), toda a gente próxima sabia do passado pidesco do senhor, que no contacto pessoal, até dava ares de boa pessoa.

Apesar de tudo isso, havia uma espécie de "muro invisível" que o separava, que fazia com que o Rui não quisesse ter qualquer proximidade com este familiar afastado, ao ponto de ser capaz de "fugir" de reuniões familiares, porque havia qualquer coisa que os separava, para todo o sempre... 

Falaram poucas vezes, de coisas banais. Embora fosse curioso (somos todos os que escrevemos...), nunca lhe passou pela cabeça perguntar o que quer que fosse sobre a sua "vidinha" de agente pouco secreto, que se assemelhava mais a "fode vidas" (a expressão é do Pedro), que a outra coisa.

Também nunca lhe disse, mas ele sabia, que o Rui era neto de um "perigoso comunista", que esteve "internado" (ainda há alguns "filhos da puta" que preferem usar esta palavra e não a de preso...) em Caxias e em Peniche...

O antigo agente da polícia política também sabia que há coisas que não se perguntam...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, maio 05, 2024

Olá Mãe!


É muito fácil falar da minha Mãe (mesmo sem falar da palavra Amor...).

Ela é uma das melhores pessoas que tive o grato prazer de conhecer (não digo melhor, para não parecer exagero...), nestes já mais de sessenta anos que levo de vida.

(Foto do arquivo familiar)



sábado, maio 04, 2024

Nunca foi tão visível que o povo português "só serve para votar"


Nunca se viveu uma experiência governativa tão surrealista como esta, da AD de Montenegro, com o governo a fingir que tem maioria absoluta pode usar a premissa do "quero, mando e posso" em relação ao parlamento e afins. Quase em "sintonia" está a oposição, que finge que é governo, pois sabe que se há alguém que tem maioria, é ela.

Parece que não há mais mundo, para lá de São Bento. 

Noutros tempos ainda fingiam que tínhamos alguma importância. Agora, brincam de tal maneira com todos nós, que nunca foi tão visível que só servimos para votar.

Sim, não brincam apenas com as forças de segurança, os professores, médicos, enfermeiros ou os oficiais de justiça. Brincam com todos nós.


Passados 50 anos depois de Abril, apetece-me desabafar que, a democracia tem de ser muito mais que isto.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, maio 03, 2024

Neste dia em que se festeja a "Liberdade de Imprensa", a minha homenagem a todos os que querem ser os primeiros a "estar lá"...


Podia falar de muitas coisas, até porque a Liberdade de Imprensa, nunca esteve tanto em risco, como nos nossos dias. Se por um lado as redes sociais tentam ocupar o espaço que não lhes pertence, por outro, os novos donos dos jornais, televisões e rádios, querem tudo, menos serem pluralistas.

Mas prefiro falar dos muitos "heróis" que desafiam quase tudo, até a lei da física, para conseguirem ser os primeiros a "estar lá".

Sei que além de ser muito perigoso, é extremamente viciante, ser repórter de guerra (com caneta ou com máquina fotográfica...). Sei por conversas que tive com um ou outro "maluco", capaz de deixar tudo para trás para cobrir qualquer conflito armado, que a última coisa que é preocupante, é o perigo...

Parece contraditório, mas muitas vezes dou por mim a pensar que, quase tudo em nós é contraditório.

Infelizmente são um alvo fácil, e quando caem, raramente se lhes dá a atenção e o devido valor (as medalhas póstumas não contam, porque não servem para nada), por tudo o que fazem, com o objectivo peregrino de nos oferecerem o melhor "retrato" do que se está a passar, algures, num país distante de nós, pintado de vermelho e de cinzento...

(Fotografia de Luís Eme - desenho da Rosarllete - Laranjeiro)


quinta-feira, maio 02, 2024

«Que gente é esta?»


O Carlos cada vez se parece mais com um "perigoso comunista" (desses que comiam "crianças ao pequeno almoço", segundo os padres e a malta que agora quer ser dona do "outro 25", mais para os lados de S. Martinho...), ele que sempre defendeu as democracias dos países das louras grandes e bonitas.

Quando estou uns dias sem falar com ele, faz-me quase um resumo da "semanada". Como raramente falamos de futebol ou de credos religiosos, a política e os políticos acabam por se sentar sempre a nosso lado (sem se darem ao trabalho de pedir licença). 

O mais curioso, é que acabamos a rir com coisas que nos deviam fazer era "chorar"...

Se nunca gostou do Marcelo comentador, menos gosta do político, que está agora na idade perigosa, em que pensa que tudo lhe é permitido, até apelidar primeiros-ministros e ex, de coisas que não são, ou querer ainda ser o "justiceiro das áfricas e brasis" (também raramente consegue largar a capa de "super-herói").

Emboras reconheça que Montenegro é tudo menos um "saloio", sabe que ele não presta. Bastou vê-lo encostar-se ao "agraciador de pides", para lhe tirar a pinta. Também fala pouco, gosta de criar tabus e de "sanear" quem não se curva à sua passagem ou lhe oferece sorrisos (mesmo que sejam de "judas"). O jeitoso esqueceu-se foi de um pormenor: é mais difícil do que parece, transformar um competente em incompetente...

Para compor o ramalhete só faltava o Presidente da Câmara de Lisboa, vir a público dizer que a culpa do resultado negativo do seu exercício é do PS. Ele que está no poder há mais de dois anos e meio...

Olhei para o relógio e disse que tinha de ir. Não dei tempo ao Carlos de me falar das "últimas" da dona Inês, a alcaide do nosso burgo. 

Fica para a nossa próxima conversa de café.

Enquanto caminhava, ecoava na minha cabeça a sua questão, repetida duas ou três vezes: «Que gente é esta?»

Pois... São os eleitos pelo nosso povo.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, maio 01, 2024

É preciso ter memória e lutar contra os "vampiros", todos os dias...


Os 50 anos da Revolução de Abril acabaram por banalizar o Primeiro de Maio, cuja comemoração em Liberdade também faz 50 anos e foi festejada em Lisboa de uma forma única, no Estádio que seria baptizado posteriormente, "1.º de Maio" e também em praticamente todas as ruas e avenidas da Capital.

Todos os que a viveram falam de uma "jornada única".

E 50 anos depois desta Festa dos Trabalhadores, é bom recordá-la, por vários motivos, até porque os donos das grandes superfícies comerciais continuam a apostar em levar as pessoas para as suas lojas, retirando-as das ruas festivas, com a oferta de pechinchas, que podem ir das "batatas", passando pelos "sabonetes" e parando no "papel higiénico".

Mas há coisas mais importantes para falar. Provavelmente nunca existiu tanto trabalho precário como nos nossos dias. Sem esquecer a aproximação à "escravidão", se olharmos para as condições que são oferecidas aos estrangeiros que trabalham na agricultura, na pesca, na hotelaria e restauração (com os patrões a serem capazes de dizer que "os portugueses não querem trabalhar", por não aceitarem estas condições miseráveis...). 

Mas como este governo (e o anterior...) preocupa-se mais em andar atrás das "empregadas domésticas" clandestinas, que em acabar com as condições de exploração e miséria em que se vive e trabalha em Portugal. Está tudo dito.

Do que ninguém terá dúvidas, é que é preciso continuar a lutar, até porque se há coisa que sabemos (ou pelo menos devíamos saber...), é que a direita nunca deu nada aos trabalhadores, se esquecermos as migalhas do costume.

Basta recordar que o tão falado "choque fiscal" do Montenegro vai beneficiar sobretudo as grandes empresas, ou seja quem mais tem lucrado nos últimos anos, primeiro com a pandemia depois com as guerras. 

É por isso que é importante não esquecer que, desde Abril de 1974 que os lucros do trabalho nunca estiveram tão mal divididos.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)