quarta-feira, maio 31, 2023

Olhar da Minha Janela do Quarto...


Levanto-me de manhã, se for espreitar à janela, o que vejo?

O mesmo que qualquer habitante de uma cidade... Prédios encavalitados uns nos outros, a várias alturas.

As cidades são assim. É apenas uma cidade igual a tantas outras, com mais ou menos betão...

Ao longe encontro três torres, duas de igrejas, num outro canto, um castelo que não é castelo (talvez tenha sido, há alguns séculos...), mas de tanto lhe chamarmos uma coisa que não é passa a ser, e não o forte militar, que continua a ser.

Quase na linha do horizonte desta minha janela-varanda, aparece o Cristo-Rei e a parte superior de um dos pilares da Ponte 25 de Abril.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, maio 30, 2023

Eles fingem que não percebem que são governantes de todos e não de apenas alguns...


Uma boa parte dos governantes fingem que não percebem (esta estupidez pouco natural ainda se nota mais no Poder Local...), que depois de serem eleitos, são governantes de todos, e não de apenas aqueles que votaram no seu partido.

Acho que esse é um dos principais problemas dos nossos políticos, nunca se conseguem libertar da teia de interesses que os rodeia e que finge que os levou ao colo até ao poder.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, maio 29, 2023

O almoço à segunda-feira continua povoado de gente...


Somos só dois, na mesa que já foi de uma dúzia.

Não é por teimosia que continuamos a almoçar todas as segundas, o nosso "bacalhau com grão". É por gosto. Gostamos de conversar e de viajar pela história de Almada e da nossa Incrível. 

É normal convocarmos alguns dos nossos amigos ausentes, normalmente os mais opiniosos, como era o Orlando e os dois Carlos. Lembramos a "memória de elefante" do nosso Jaiminho, que devia gostar de aparecer para matar saudades, ao mesmo tempo que tirava algumas dúvidas ao Chico (era ele que costumava "desempatar" quando o Orlando e o Chico andavam pelas ruas e portas erradas da nossa Rua Direita).

Normalmente é depois do café que a conversa se torna mais interessante e enchemos a toalha de papel de rabiscos (disse ao Chico que já devia ter mais de cinquenta pedaços de toalhas...), povoados de "personagens" e de "lugares" de Almada.

Desta vez andámos pelo teatro. Eu já sabia o porquê de muitos amadores não aceitarem algumas propostas de companhias profissionais, A nossa conversa acabou por reforçar o que pensava, com dois ou três exemplos dados pelo Chico. A sua geração preferiu levar o "teatro a brincar", porque tinham bons empregos e não queria apostar no risco. Se hoje esta profissão continua a ser precária, há sessenta e setenta anos, não era melhor. E havia ainda outro problema, era uma actividade "mal vista" socialmente... 

Era comum ouvir-se dizer, que as pessoas sérias e decentes não escolhiam a vida dos palcos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, maio 28, 2023

Ultrapassagem do e pelo Tempo...


Claro que sim.

Acontece a todos.

Mais tarde ou mais cedo, acabamos ultrapassados pelo "tempo", esse bom e mau conselheiro...

Apesar de ser ideologicamente progressista, reconheço-me conservador em muitas outras coisas, como na arte, por exemplo. Há "instalações" e "abstrações", que não me entram na cabeça, por mais que me esforce...

E dessa coisa chamada "inteligência artificial", também espero continuar a léguas de distância por mais "promoções" que façam...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, maio 27, 2023

Rastos de Indignação e Incompreensão...


Já quase ninguém fala da menina inglesa, que desapareceu no Algarve, há dezasseis anos. 

Nem mesmo a insistência de alemães e ingleses, em querer colar este rapto a um bandido germânico, voltando a lugares que podem ser de crime, provoca qualquer tipo de alarido ou estados de alma, apesar das horas oferecidas pelas televisões que se alimentam sobretudo de sangue.

Quem não perdoa estes desperdícios de milhões são os familiares de desaparecidos portugueses, que nunca contaram com um milésimo do tempo perdido pelas nossas polícias. Foi por isso que percebi a indignação e incompreensão de um avô, que continua sem saber o que aconteceu à neta, que com dezasseis anos, desapareceu. Saiu de casa de manhã para não mais voltar. Ele tem uma secreta esperança que ela possa estar, viva, em qualquer parte do mundo... Mas sabe que a GNR tratou muito mal da investigação, desde o início, tal como a Judiciária. 

Disseram que ela tinha fugido e esqueceram o caso...

"Sim, poderia ter fugido. Mas porque razão nunca mais deu qualquer sinal de vida?" Era a questão que ninguém era capaz de responder a esta família (e provavelmente a muitas outras...).

Mas que se trata de um drama inultrapassável, ninguém deverá ter dúvidas. Nunca se consegue preencher este vazio que fica...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, maio 26, 2023

É comum dizer-se que os cães com o tempo começam a parecer-se com os donos e os donos com estes seus animais de estimação...


O homem disse uma vez "estúpido", repetiu, "estúpido", insistiu, "estúpido". E o cão, cada vez que o homem dizia esta palavra, vinha até ele e depois continuava a correr, para voltar assim que o homem dizia a palavra "estúpido".

Embora o homem fosse livre de dar o nome que quisesse, ao seu animal de estimação, "estúpido" era no mínimo absurdo, para não lhe chamar outra coisa.

Foi quando pensei que é comum dizer-se que os cães com o tempo começam a parecer-se com os donos e os donos com estes seus animais de estimação...

Pois é, e ninguém me tira da cabeça, que se havia ali alguém estúpido, era o "animal de duas patas".

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quinta-feira, maio 25, 2023

Todos sabemos que a honestidade ainda é uma virtude, mesmo que nem sempre nos dê jeito...»


Estávamos quase numa disputa, com algumas pessoas cheias de vontade de empurrarem a "honestidade" para debaixo do tapete (que nem sequer existia por ali...).

Era provável não chegarmos a lado nenhum. E tudo por causa do "tutti-frutti" (os criativos da justiça quase que rivalizam com os dos média...), mais uma notícia requentada (já com oito anos...) - e com encomenda -, igual a tantas outras que de vez em quando aparecem nas televisões e jornais, para darem lugar a mais uma "telenovela justiceira", capaz de alimentar as audiências durante pelo menos uma quinzena...

O Jorge sentou-se depois de fumar uma cigarrada e conseguiu acabar com a discussão, com uma das suas frases lapidares: «Todos sabemos que a honestidade ainda é uma virtude, mesmo que nem sempre nos dê jeito...»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, maio 24, 2023

Conversas, Livros e "Tags"...


Nunca tinha olhado para os "tags", como algo subversivo e revolucionário. 

E continuo a não olhar. 

Para mim não passam de riscos feios. Além de transfigurarem os muros e paredes das cidades de uma forma grotesca, nunca me transmitiram uma mensagem, do que quer que fosse. Não passam de poluição visual.

O romance que estou a ler lembrou-me de um rapaz da minha geração que me tentou vender essa mensagem, há já algum tempo, ao mesmo tempo que quase repudiava os "grafittis", por estes se esforçaram por serem bonitinhos. 

Estamos a léguas de quase tudo (sinto-me um autêntico conservador junto a ele...). Do vestir, do pensar e do viver. Mesmo assim não dou por perdido o tempo em que conversamos. No meio das coisas quase estapafúrdias que oiço, há sempre algo que fica. Talvez procure por ali matéria para as minhas ficções, ou então gosto de ouvir disparates. Ninguém é perfeito...

Foi bom agarrar com as duas mão,  a "Fantasia para Dois Coronéis e uma Piscina" de Mário de Carvalho, retirá-lo de uma das minhas estantes e começar a lê-lo (lembro-me de ter sido sugestão de leitura do meu único amigo coronel, o Carlos, que tinha um belo sentido de humor, mas não sei porquê, acabei por não o abrir, até este Maio...). 

Estou a gostar desta "fantasia", entre outras coisas, porque o Mário é um escritor singular. O mais curioso foi ter encontrado dentro de uma das suas personagens secundárias, as mesmas ideias sobre os "tags", quase como se estas fossem uma "sétima maravilha" artística e revolucionária...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


terça-feira, maio 23, 2023

Amar a Liberdade e o Saber (sem perder o sorriso)...


Hoje festeja-se o centenário do nascimento de Eduardo Lourenço, uma das grandes figuras da cultura portuguesa do século XX.

É um dos nossos melhores exemplos de quem abandonou o País, por amor à liberdade e ao saber. 

Para poder viver, pensar e expressar-se sem qualquer tipo de condicionalismo, Eduardo deixou para trás o Portugal salazarento, demasiado pequeno e fechado para os seus horizontes.

Cruzámo-nos várias vezes aqui e ali, mas só falámos uma vez. Estava acompanhado do Jorge na Gulbenkian. Ele passou por nós e além de nos cumprimentar, brindou-nos com uma "anedota cultural", que nos deixou a sorrir de orelha a orelha...

Quando voltei para casa pensei noutro nonagenário, o Fernando (para o ano comemora-se o seu centenário...), um homem da cultura e do associativismo de Almada. Um dos seus grandes prazeres era brindar os amigos com uma anedota e vê-los a sorrir...

Tanto o Fernando como o Eduardo são um bom exemplo de que as pessoas podem ser grandes, sem se afastarem do mundo que as rodeia, que também se alimenta das pequenas coisas, que nos deixam momentaneamente felizes...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, maio 22, 2023

E Já Passaram 25 Anos...


A Expo 98 está em festa hoje e continuo a pensar que foi uma das melhores coisas que nos aconteceram nos últimos 25 anos.

Tem praticamente a idade do meu filho, que também foi à "festa". Claro que estranhou ligeiramente os seus encontros com o Gil e com a Docas, aqui e ali, pudera, com apenas três meses...

Mas mais importante que a Exposição, foi a recuperação que se fez de toda aquela área. Foi um bom começo para a reconciliação dos habitantes de Lisboa com a Cidade e com o Tejo.

Felizmente, não se parou por aqui, ganharam-se ainda mais quilómetros da nossa beira-rio, que além de ser suja e feiazinha, estava tão subaproveitada (quando me lembro da pequena viagem entre o Cais das Colunas e o Cais de Sodré, que coisa horrível...).

Apesar das polémicas sobre as Jornadas Mundial da Juventude, quando tudo terminar, ficaremos todos a ganhar, com mais um parque urbano, e mais uns quantos quilómetros de passeio à beira Tejo.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, maio 21, 2023

Cada vez mais em voga, o "Nós" e os "Outros"...


Mesmo percebendo que é normal, quando enfrentamos situações de aperto, recorrer a familiares e amigos, é perigoso (e pouco digno e honesto) fazer disso um modo de vida.

Infelizmente a política tem sido muito isso, em todos os partidos, e há mais de três décadas...

Estou a vontade para escrever sobre isso, porque sempre fiz parte do clube dos "outros".

Quando a CDU estava no poder em Almada, era olhado com alguma desconfiança, porque eles sabiam que eu "não era um deles". Curiosamente, agora com o PS no mesmo poder, acontece a mesma coisa, continuo a ser mais um dos muitos "outros". E sei que se vier o PSD ou outro partido qualquer, continuarei a não fazer parte da equipa dos "nós"...

Provavelmente o problema é meu, sou eu que gosto de ser um "desalinhado", ou então sou um "pássaro" demasiado livre para me deixar "engaiolar". Talvez seja um pouco das duas coisas.

Mas nós somos o que somos. Não vou culpar os alfaiates de fazerem casacos com dois direitos, óptimos para aquelas pessoas que já foram da CDU, agora são do PS e amanhã, se o PSD for poder, até são capazes de comprar um casaco cor de laranja (conheço mais de duas ou três).

Falando mais a sério, acho que um dos problemas maiores do nosso país é esta "clubite" aguda, que foi transportada dos clubes desportivos para os partidos, há décadas. É quase do género: és "nosso", tens tudo, és "contra nós", tens nada. 

O resultado desta triste realidade é gente com qualidade para ser ministro ou secretário de Estado, por estar a quilómetros dos "golpes palacianos" e desta incompetência generalizada, que sai das juventudes partidárias (para nos oferecer a sua mediocridade e a falta de sentido de Estado), nunca faz parte da lista dos "ministeriáveis".

Mas ouvir falar um Cavaco, um Marques Mendes, um Montenegro ou um Melo, sobre este mundo de "propaganda" e "mentiras", que está a cair em cima do Costa - que é igualzinho a eles -  sem conseguir ficar indignado, é não ter memória...

Foi com o cavaquismo que tudo, e toda a gente, passou a ter um preço. Foi com o cavaquismo que o dinheiro passou a ser a religião deste país.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sábado, maio 20, 2023

Passar a Tarde "Pelos Caminhos da Poesia"...


Já contei no "Casario", que hoje passei uma tarde diferente, na rua Capitão Leitão, junto à Incrível Almadense.

Aceitei o desafio de apresentar o livro, "Pelos Caminhos da Poesia", da autoria de Manuel da Várzea (o outro lado do médico Rui Melancia...), que foi antecedido de uma sessão de "Poesia Vadia", que tentou dar um ar diferente, mais poético e cultural no começo da rua Capitão Leitão, em frente ao "Cine-Incrível", que agora é, felizmente, pedonal.

Embora já não estivesse habituado a estes desafios poéticos (devido à pandemia e ao meu afastamento voluntário do associativismo), foi bom voltar.

Além de ter estado com pessoas que já não via há algum tempo e com quem conversei, também foi bom  estar ali, junto à Incrível, a falar de poesia, de um livro e de um poeta.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, maio 19, 2023

A facilidade com que se recorre hoje à violência, no nosso "paraíso"...


Há dois dias escrevi sobre o que me aconteceu num supermercado. Felizmente não foi grave, mas o que aconteceu ontem em duas estações de metro, com agressões através do uso de armas brancas, fez-me pensar, que se aquele senhor tivesse uma faca ou navalha no bolso, poderia muito bem estar à minha espera e tentar esfaquear-me (até porque havia alguma desproposionalidade física entre nós, não só na idade...). Normalmente usam-se armas quando se está em desvantagem física...

Tudo o que está a acontecer à nossa volta, é demasiado preocupante para fingirmos que "não se passa nada". A generalidade das pessoas têm comportamentos mais violentos uns para os outros, verbalmente e fisicamente. Respeita-se e tolera-se muito menos o outro, que até tem o direito a estar errado, porque como todos sabemos, ninguém é perfeito. Em vez de se tentar puxar as pessoas à razão, parte-se logo para o insulto, primeiro verbal e depois físico.

Há por certo muitas causas, muitas responsabilidades. Não sei onde começam e onde acabam. De certeza que a forma como as pessoas usam as redes sociais, sem qualquer filtro, tem influência. A existência de um canal televisivo que transforma qualquer crime numa telenovela, também ajuda na mudança de comportamentos. A chegada da extrema direita ao parlamento, onde recorre com demasiada frequência ao insulto e à mentira, também poderá fazer pensar que se "pode fazer e dizer tudo". O funcionamento da justiça onde paira um sentimento de impunidade (mesmo que seja falso...) e das polícias (cada vez mais ausentes no espaço público...), também deve ter a sua quota parte, neste país que caminha para outra coisa, distante do tal "paraíso", que chama tanta gente de fora.

Há pelo menos uma coisa que se pode, e deve, fazer desde já. As polícias têm de voltar às ruas, têm de estar mais presentes no dia-a-dia de cada de nós, têm de se mostrar e de fazer sentir a todos nós que não somos "uma terra sem lei".

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, maio 18, 2023

É provável que existam aqui alguns resquícios de "nacionalismo". Ninguém é perfeito...


É provável que o orgulho que sentimos pelos êxitos dos nossos melhores, por esse mundo fora, tenha a ver com a pequenez deste nosso País, que parece estar eternamente em crise.

Pensei nisso quando estava sentado em frente da televisão a ver o jogo de futebol entre o Bayer Leverkusen e a Roma e estava a torcer pela passagem da equipa italiana, por esta ser treinada por Mourinho. E nem é coisa que faça muito sentido, se pensar apenas em futebol, porque passar à final da Liga Europa (já tinha feito o mesmo com o Barcelona quando estava no Inter...), sem fazer um remate à baliza, é uma coisa muito pobre e triste... Eu que sou adepto dos jogos de futebol abertos (como o de ontem entre o City e o Real...), com muitas oportunidades de golo, não percebo esta mania de encolher o jogo e o campo, como fez o Roma hoje, mesmo que dê resultado.

Mas não era disso que que queria falar. Queria sim dizer que por causa do Mourinho e do Cristiano (para dar apenas estes dois exemplos...), já fui do Chelsea, Inter, Real Madrid, Manchester United, Juventus ou do Roma.

Além da nossa pequenez, talvez exista também algum resquício de "nacionalismo" neste orgulho pelas vitórias dos outros...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, maio 17, 2023

Não é só no trânsito que encontramos pessoas com problemas mentais...


Hoje aconteceu-me uma coisa completamente surrealista, na fila do supermercado.

Um senhor comprou algo para o neto e pediu ao homem que estava à minha frente (pelos vistos eram vizinhos) se podia passar à frente ignorando-me, completamente.

Fingi que não percebi, mas já depois de pagar continuou a insistir no agradecimento ao vizinho. Foi quando eu achei que devia dizer alguma. E disse que também me devia agradecer, porque tinha passado à minha frente na fila.

O que eu fui dizer...

Começou a dizer que não me conhecia de lado nenhum, ao contrário do amigo. E depois partiu para o insulto, chamou-me parvalhão, besta... A menina da caixa, incomodada, pediu-me para não lhe ligar. E foi o que eu fiz.

O mais grave é que quando sai da loja o homem quase com idade para ser meu pai, estava à minha espera à porta e ainda me tentou agredir fisicamente. Antes que pudesse responder, uma senhora de cor pediu-me para não lhe ligar e ir embora (e ainda bem...), recordando-me da presença do neto, um menino com uns oito anos. 

E foi o que fiz...

Parece surreal, mas aconteceu-me mesmo, há menos de uma hora. 

A princípio pode parecer uma questão de civismo e de falta de respeito pelo próximo. Mas eu penso que existe aqui mais qualquer coisa a nível mental, próximo da loucura. 

Claro que eu poderia não ter dito nada. Mas isso é que quase toda gente faz neste tipo de situações, para não ter problemas e chatices. E o resultado é as "bestas" que andam por aí à solta, pensarem que podem fazer tudo o que lhe dá na real gana.

(Fotografia de Luís Eme - Salir do Porto)


segunda-feira, maio 15, 2023

O blogue pode ser uma "âncora" ou uma "bóia"...


Falo menos sobre a escrita, porque encontro menos pessoas que me perguntam o que ando a escrever...

Nunca disse a nenhum destes amigos e interlocutores, que se não tivesse blogues, provavelmente já não escrevia... Ou escrevia de longe a longe, quando me surgisse uma ideia maluca (como aconteceu hoje de manhã e comecei a minha vigésima terceira peça de teatro, daquelas que não costumam passar do meio...) e me apetecesse "esticá-la" em qualquer folha de papel.

Sei por experiência própria que os blogues tanto podem ser "âncoras", como "bóias", mesmo que não nos aproximemos do rio ou do mar...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


domingo, maio 14, 2023

Aprendemos coisas diferentes com a mesma lição de vida...


Na primeira grande crise deste milénio, um amigo meu perdeu o emprego, teve de vender a casa e aprender a viver novamente com pouco dinheiro.

Como era relativamente jovem e inteligente, aos poucos e poucos foi refazendo a vida. E hoje leva uma vida próxima dos padrões anteriores a esse pesadelo, pela qual tiveram de passar milhares de portugueses.

Um dia destes conversou comigo sobre essa época e sobre estes tempos que vivemos. Disse-me que "ser pobre" ajudou-o bastante, ao ponto de se ter precavido para que a família não volte a passar pelo mesmo. Nunca mais deixou de valorizar cada euro que ganha e cada euro que gasta.

O curioso da nossa conversa foi ele ter confessado que a mulher "não aprendeu nada" com tudo o que passaram. Ou seja, não prescinde de comprar tudo aquilo que deseja e que esteja ao alcance da sua bolsa. Já desistiu de falar com ela sobre o assunto porque lhe responde que tem tempo de poupar e de não comprar o que gosta, quando voltar a ser "pobre". E ele mete a "viola no saco"...

A única coisa que lhe disse foi que estava enganado, quando dizia que a esposa não tinha aprendido nada. Olhou-me curioso, antes de eu acrescentar, que, como somos diferentes, também aprendemos coisas diferentes com a mesma lição de vida...

Claro que ele não ficou nada convencido. Nada de preocupante, porque nós não estávamos ali para nos convencermos um ao outro, apenas para conversar...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, maio 13, 2023

Coisas Estranhas (ou nem por isso)


Parece que ninguém se anima (nem acredita...) com os bons resultados da nossa economia.

Mas não é assim tão estranho. Já todos percebemos que além de se mentir muito, também se inventa outro tanto.

E talvez até possa ser assim, à nossa custa. Quando a realidade  nos mostra o preço dos legumes, da fruta, da carne ou do peixe (até já publicitam o valor de cem gramas disto e daquilo), sabemos que uma fatia do que pagamos vai para o "estadão". 

Como diz o Carlos, é o que acontece quando se vive num país com um passado duvidoso, um presente incerto e um futuro inexistente...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sexta-feira, maio 12, 2023

As Filas Intermináveis Aqui e Ali...


Ontem falei do turismo e da possibilidade de existir um "prazo de validade", nesta avalanche, que continua a ser bem recebida por quem enche os bolsos e olhada de lado, por quem viu piorar a sua qualidade de vida.

Já li em mais que uma reportagem, que um dos aspectos que mais chateia os nossos visitantes são as filas intermináveis para visitar alguns dos nossos monumentos mais característicos, ou ainda, para dar uma volta por Lisboa de eléctrico (faz-me sempre confusão ver o monte de gente que aguarda a chegada do "amarelo" na praça do Martim Moniz)...

E vai continuar a chatear, porque não vejo ninguém a preocupar-se muito com este pormenor, que para gente oriunda de países mais organizados que nós, é um "pormaior"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, maio 11, 2023

Nada Costuma ser Eterno...


Os políticos acreditam (ou fingem...) que nunca mais vamos deixar de ter turistas à nossa volta, especialmente nas duas cidades maiores, Lisboa e Porto.

Não sei se será assim. As pessoas gostam de variar, não visitam sempre os mesmos sítios. Pelo que tenho dúvidas de que a tal "novidade" irá manter-se "quase eterna"... 

Até porque quem trabalha com turistas, apesar de sorrir muito e falar inglês, "vai-se esticando" cada vez mais: aumenta os preços e reduz a qualidade do serviço (isso acontece cada vez mais na hotelaria e na restauração)...

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)


terça-feira, maio 09, 2023

«Mentimos cada vez mais, por tudo e por nada.»


É provável que não exista nenhuma explicação científica, mas todos sentimos que se mente cada vez mais, por tudo e por nada.

Não me espantou nem um pouco que a Carla me dissesse: «Mentimos cada vez mais, por tudo e por nada.»

Claro que ela disse isto depois de aturarmos um mentiroso quase compulsivo, que é capaz de nos contar uma patranha qualquer, com o ar mais sério do mundo. Ainda bem que ele não é vendedor, é apenas um designer imaginativo.

Quando a questionei, sobre porque mentimos, ela respondeu o óbvio, «porque gostamos», eu repliquei «porque precisamos», e ela ainda foi mais objectiva, «porque queremos». Este querer deixou-me quase sem palavras.

Quando nos separámos fiquei a pensar, que, talvez os exemplos maiores venham dos políticos, que sempre mentiram, mas nunca de forma tão descarada, e até leviana. E é natural que estes maus exemplos passem para o cidadão comum, que também vai perdendo, cada vez mais, a vergonha e o pudor.

É apenas mais uma das muitas inversões de valores, que se deu nesta sociedade, onde se tenta sobreviver, cada vez mais a qualquer custo...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


segunda-feira, maio 08, 2023

Os "Mercadores de Outras Venezas"...


É curioso, os preços aumentam em todo o lado, mas eu só me queixo e "chateio" o jovem merceeiro da minha rua.

Talvez isso aconteça por o conhecer de gaiato e por sempre falarmos sobre tudo e mais alguma coisa.

Ao ver os seus preços, digo-lhe que as coisas no "chinês" (são pelo menos três na praça Gil Vicente...) são muito mais baratas (e são...). Finge não acreditar e não saber como é que eles vendem as coisas a esses preços... Mas é apenas isso mesmo um fingimento. Os chineses utilizam a mesma "técnica" que os merceeiros das grandes superfícies, vendem mais barato com o objectivo de vender muito mais, multiplicando as margens de lucro...

Confidenciou-me que há gente que não vê há semanas largas (pessoas idosas com reformas baixas, que ele trata pelo nome...) por ali na loja. Digo-lhe em jeito de provocação que vão ao "chinês". Ele abana a cabeça e diz que não, dando a entender que talvez o dinheiro não dê para as compras que antes eram quase diárias...

Não sei se é assim. Sei apenas que esta vida quase que só continua boa para os "mercadores de outras venezas"...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


domingo, maio 07, 2023

Já ninguém quer "morder o cão"...


As notícias tornaram-se uma banalidade. É tudo demasiado previsível.

O Ricardo Araújo Pereira deixou isso hoje bem claro no seu programa, Isto é Gozar com quem Trabalha, "mostrando carecas" e "levantando vestidos" aos muitos comentadores e comentadores da "corte"....

Talvez até tenha sido apenas um número. Talvez António Costa apenas tenha tentado "abanar" com toda aquela sapiência dos comentadores que fingem ter uma "bolinha de cristal" e o poder de demitir ministros...

E conseguiu-o. Mas tudo tem um preço.

Ou seja, não ganhou apenas o Marcelo como "inimigo". São mais que muitos aqueles que querem dar uma ajuda no "empurrão" fatal ao Galamba.

Voltando às notícias, para mal do jornalismo, parece que já ninguém quer morder o cão (só mesmo o Costa)...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, maio 06, 2023

Quase todas as Palavras começaram por Dê...


O que se passa no Governo da Nação não deixa ninguém indiferente. Mesmo que em tempos possa ter sido uma "criação" das oposições, hoje é muito mais que isso. A mentira de perna curta e a incompetência não são invenções, são uma realidade com que somos confrontados diariamente.

Acredito que não seja a causa principal para que as ruas de Almada estejam cada vez mais imundas, para que as pessoas encham o espaço rente aos contentores de inutilidades ou de restos de casas (talvez aconteçam mais despejos do que se pensa...). Mas anda por lá perto...

Onde se nota "o seu dedo", é no mau serviço prestado por quase todos os meios de transporte que temos de utilizar na Grande Lisboa (cacilheiros, autocarros, comboios ou metro...).

Mas onde encontramos as suas "duas mãos" é nas manifestações de protesto, cada vez mais generalizadas. Quando os governantes fingem que resolvem os problemas, mas não resolvem nada, não se pode esperar outra coisa...

É praticamente impossível sentarmo-nos numa esplanada a beber o café e passarmos ao lado de todo este "western" político. Se as "balas" com que eles "brincam" não fossem de pólvora seca, seriam muito poucos os ministros e secretários de estado, que ainda tinham pés...

Falámos algumas vezes de "desgoverno", outras de "desleixo", menos de "desprezo", quase nunca de "democracia". Mas a palavra que mais vezes ecoou na mesa, foi "desrespeito"... 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, maio 05, 2023

Um Homem Completamente Desequilibrado


Normalmente evito falar de futebol por aqui, talvez por ter sido jornalista desportivo e por levar tudo aquilo que rodeia este desporto, muito pouco a sério.

Mas é difícil passar ao lado de Sérgio Conceição, que deverá ser uma das pessoas mais desequilibradas  que se podem encontrar dentro do recinto de jogo. E acrescento já que  não acredito na tese de que é uma boa pessoa fora dos relvados. Mesmo que possa ter dupla personalidade, ninguém muda assim tanto.

Como técnico é dos melhores do mundo, prepara as suas equipas muito bem e tem uma leitura de jogo extremamente clarividente (deve ser um dos treinadores que mais influencia o jogo através das substituições e mudanças de sistema de jogo enquanto decorrem as partidas...), mas depois perde-se, tem um comportamento verdadeiramente execrável para com os adversários e com os árbitros. Não é por acaso que deve ser o treinador português que mais vezes foi expulso no interior de um recinto desportivo.

É difícil encontrar alguém que não saiba perder e ganhar, como Sérgio Conceição. Podia limitar-se a não saber perder, mas não. Ontem, em vez de aplaudir João Pedro Sousa, o treinador do Famalicão, pela forma como se bateu no Estádio do Dragão - ao ponto de merecer a vitória -, gritou e bracejou, de uma forma ofensiva, quase em cima dele, quando a sua equipa marcou o golo da vitória.

Não lhe chamo "jabardo", como um embaixador famoso, que o Sérgio levou a tribunal, mas gostaria muito que demonstrasse ter alguma dignidade e o mínimo de respeito pelos adversários, tanto na hora e meia de ganhar como na hora e meia de perder.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, maio 04, 2023

Cada vez tenho menos dúvidas de que é assim...


Estávamos a falar de coisas que "tresandavam" (os prémios do que quer que seja, são apenas mais uma das coisas muito estranhas que existem  à nossa volta...), de como não conseguimos ser verdadeiramente honestos, quando estão em causa os nossos amigos...

Eles continuaram a falar de livros, de escritores e de prémios e eu recuei à minha infância, ao futebol do meu querido Caldas. 

Quando fiz parte da sua equipa de iniciados, tive muita pena de não ser acompanhado por dois dos meus melhores amigos, o Xico, um guarda-redes das defesas impossíveis e o Paulo, um centro-campista daqueles que conseguem fazer o futebol ainda mais bonito. Felizmente o Paulo no ano seguinte fez parte da equipa de juvenis... E como eu ficava chateado por ele estar sentado a meu lado, no banco de suplentes, porque achava-o melhor que quase todos os que pisavam o pelado.

Hoje, à distância de mais de quarenta anos, consigo perceber que devia ser ligeiramente tendencioso para com o meu amigo, ainda que o treinador percebesse muito pouco de futebol...

Tudo isto para dizer que a classificação que fazemos dos autores ou da sua obra, só é verdadeiramente honesta se não conhecermos ou não tivermos nenhum tipo de relacionamento pessoal com a pessoa em causa.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


quarta-feira, maio 03, 2023

A Praga dos "Criadores de Factos"


Não sei onde irá parar o jornalismo, com toda este deturpação de factos diária. Provavelmente será cada vez menos levado a sério e terá menos leitores e telespectadores...

Se o futebol já há muito que tinha sido invadido pelos "criadores de factos", graças à "clubite" (por isso era encarado mais como diversão que outra coisa qualquer...), bastou um pequeno passo, até se deslocar para a política e para sociedade.

Se antes existia algum pudor em "inventar", "enganar" e em "mentir", quando se tratavam de factos, percebe-se facilmente que se chegou aquele ponto, onde "vale tudo", em nome do poder, das audiências ou das vendas. E o mais curioso, é alguns destes "mentirosos" conseguirem ser figuras de proa, do tal jornalismo que vai de vento em popa...

Era preferível que esta gente se dedicasse à ficção, embora isso lhes desse muito mais trabalho...

(Fotografia de Luís Eme - Sobreda)


segunda-feira, maio 01, 2023

A Tentativa de "Rapto" de Abril e Maio...

 


Abril e Maio costumam ser meses de esperança e até de mudança... 

Mesmo que não seja uma verdadeira surpresa, o Verão está a querer antecipar-se à Primavera de uma forma mais intensa,  "roubando-nos" o que esta estação tem melhor, os cheiros, as cores, e até mesmo alguma frescura, nos começos das manhãs e nos fins de tarde...

Um pouco mais ao lado, nota-se a tentativa de "rapto" de Abril e Maio, com acções da extrema-direita parlamentar, que deviam envergonhar qualquer democrata (mas que dão pontos nas sondagens...), que acabam por influenciar a oposição e o Governo, de uma forma no mínimo estranha. 

Ou seja, ainda ninguém descobriu a forma certa de lidar com esta gente, que vai "minando" o regime democrático, tornando públicas algumas das suas fragilidades.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)